REINSERÇÃO SOCIAL NOS ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS PERCORRIDOS POR PACIENTES COM TRANSTORNO POR USO DE SUBSTÂNCIAS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE EM UMA CIDADE NO OESTE DE SANTA CATARINA

Resumo

A discussão acerca das drogas é recorrente no cenário político e social brasileiro, visto que o uso de substâncias é comprovadamente danoso para a saúde e, no caso das drogas ilícitas, compete a uma prática ilegal. O uso de estupefaciantes que caracteriza um transtorno por uso de substâncias (TUS), é classificado por critérios médicos que envolvem danos fisiológicos e sociais; o seu tratamento, nesse sentido, é realizado com base nas estratégias de redução de danos, e preza pela desintoxicação, reconstrução de vínculos e recuperação da autonomia e da cidadania. Este estudo buscou compreender as percepções dos usuários acerca do estigma e dos determinantes sociais de saúde (DSS) que atravessam suas vivências e influenciam os seus tratamentos. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas audiogravadas, guiadas por um roteiro orientador, com 12 usuários de um CAPSad III de uma cidade do oeste de Santa Catarina. As entrevistas foram transcritas, codificadas e categorizadas como: Estigma, lugar social e subjetivação e Determinantes sociais de saúde. Os dados foram analisados e discutidos pelo método da Hermenêutica Dialética. Os resultados apontaram que o estigma é um fator diferencial em pessoas com TUS, que compromete suas trocas cotidianas e suas autopercepções. Além disso, são diversos os DSS que perpassam as vivências dos pacientes, tendo sido a família, o trabalho e a igreja apontados como fatores protetivos; em contraponto, a solidão, laços fragilizados, vivências em lugares propensos ao consumo e com outros usuários demonstraram ser fatores de risco. Desse modo, foi evidenciado que as estratégias de reinserção social e reabilitação psicossocial são essenciais no cuidado longitudinal de pessoas com TUS, e constituem o norte principal à possibilidade de criar novos projetos de vida.