VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA EM CONTEXTOS DE MIGRAÇÃO E MOBILIDADE: O CASO DE PASSO FUNDO (RS)
Resumo
No RS, existem variedades faladas de português brasileiro que se diferenciam por traços fonéticos-fonológicos, isto é, por características distintas quanto à pronúncia de determinados sons nas palavras (Bisol; Battisti, 2014). Um desses traços, que chama a atenção sobre o falar em Passo Fundo, no norte do RS, é a realização variável da consoante rótica retroflexa /R/ em posição de fronteira silábica medial e final, como em “caR.ta” e a.moR”, por exemplo. Nesses contextos, a realização predominante no Estado é a variante tepe alveolar /ɾ/ (Monaretto, 2014), ou “r fraco”. Em Passo Fundo, além do “r fraco”, ouve-se também o popularmente conhecido “r caipira”, a variante aproximante retroflexa /ɻ/. Neste estudo, realizamos 21 entrevistas sociolinguísticas com falantes-ouvintes residentes em Passo Fundo, nascidos no município e também migrantes de outras localidades, com o objetivo de identificar e quantificar as realizações de (r). Além disso, analisamos qualitativamente as percepções que os participantes têm sobre a variedade de português passo-fundense. Foi encontrada uma frequência de realização de 30,9% da consoante retroflexa (n=274/887). Apenas três entrevistados mencionaram o (r) variável como um traço peculiar do falar passo-fundense. Esta pesquisa constituiu uma etapa importante para a descrição e compreensão da variedade de português brasileiro falada em Passo Fundo (RS), reconhecida por práticas sociais calcadas em fluxos migratórios e mobilidade populacional. A origem da introdução de /ɻ/ nesta comunidade - se presente desde o povoamento ou trazida pelos migrantes - é uma questão a resolver.
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