Relações entre a literatura de divulgação científica e o ensino de ciências

Resumo

Os livros de Divulgação Científica têm sido publicados desde, pelo menos, o século XVIII (Silva, 2006). Contudo, poucos estudos se voltam especificamente para essa materialização do conhecimento científico. Strack, Loguércio e Del Pino (2009, p.429), pontuam que esse tipo de textualização “continua sendo ignorada pelas pesquisas, que acabam por deslocá-la para um lugar do entretenimento, e não da formação”. Faz-se necessário, portanto, olhar para a Literatura de Divulgação Científica (LDC) e entendê-la como parte de um amplo espectro de materializações textuais do conhecimento. Isto é, ela não está à margem da produção do conhecimento, somente como um veículo de circulação, mas se constitui também um produto deste (Fioresi; Silva, 2022). Tendo isso em vista, é importante compreender as particularidades da LDC e “levar para a sala de aula a discussão da própria circulação e textualização, porque é isso que posiciona o sujeito em relação ao tema em questão” (Ibid, p. 15). Com a intencionalidade de ampliar as compreensões acerca da LDC e suas relações com o ensino de ciências, investigamos o que se tem produzido a respeito deste tema, através de um levantamento bibliográfico que se apropriou da Análise Textual Discursiva (ATD), de Moraes e Galiazzi (2016), como metodologia de análise. Nossa pesquisa indica que é possível utilizar a LDC como recurso didático para o ensino de ciências. O que vai legitimar seu uso é a atuação do professor, que deve agir como moderador, avaliando a qualidade das obras com as quais vai trabalhar; e mediador, pensando nas estratégias de inserção. Ao estimular os processos de leitura, escrita e argumentação, o docente pode criar um ambiente que favoreça o estabelecimento de relações do conteúdo curricular com o cotidiano do estudante, levando-o a se posicionar frente aos acontecimentos da sociedade, de forma a desenvolver pensamento crítico e responsabilidade social.