COMPARAÇÃO DO DIAGNÓSTICO CITOPATOLÓGICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS DE CANINOS DIAGNOSTICADOS NO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA DA SUHVU NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2018 A AGOSTO DE 2024

  • Mariana Signori Otto UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
  • Pâmela Maran Korpalski
  • Leonardo Gruchouskei
  • Fabiana Elias
Palavras-chave: dermatologia; citologia; histologia; cão

Resumo

A incidência de neoplasmas em animais de companhia, particularmente cães, tem aumentado, possivelmente devido à maior longevidade resultante do fortalecimento dos laços entre humanos e seus pets. A Veterinary Cancer Society (2023) estima que um em cada quatro cães desenvolverá um neoplasma maligno, sendo essas formações uma das principais causas de morte. Os neoplasmas resultam de mutações genéticas influenciadas por fatores ambientais que levam à proliferação celular descontrolada. Nos cães, as glândulas mamárias e a pele são os locais mais comumente afetados, seguidos pelos órgãos genitais e cavidade oral. Neoplasmas cutâneos representam cerca de 30% de todos os neoplasmas em cães, com causas que variam de fatores ambientais a genéticos. Lesões na cavidade oral correspondem a cerca de 5% dos casos e estão ligadas a fatores endógenos e exógenos. O diagnóstico desses neoplasmas é realizado por meio de análises citopatológicas e histopatológicas, que são fundamentais para adequada definição de um prognóstico e tratamento. A citopatologia é uma técnica minimamente invasiva e de baixo custo, que avalia a morfologia celular sem examinar a arquitetura tecidual. Já a histopatologia oferece maior precisão ao analisar a arquitetura completa do tecido, permitindo a observação de margens cirúrgicas e invasão por células neoplásicas. Este estudo teve como objetivo comparar os diagnósticos citopatológico e histopatológico de neoplasmas cutâneos e orais em cães, oriundos de casos diagnosticados no Laboratório de Patologia da Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), entre janeiro de 2018 e agosto de 2024. Além disso, buscou-se analisar dados epidemiológicos relacionados à raça, idade e sexo dos animais acometidos. Realizou-se um estudo retrospectivo, revisando fichas e laudos de cães submetidos a exames de citopatologia e histopatologia. As amostras citopatológicas foram coletadas por punção aspirativa por agulha fina (PAAF), swab ou imprint e, posteriormente, coradas com Panótico Rápido para avaliação. As amostras histopatológicas, obtidas cirurgicamente, foram fixadas em formol a 10%, processadas e coradas com Hematoxilina-Eosina (HE) ou azul de toluidina conforme necessário. Os casos foram selecionados, analisados, coletados os dados e tabulados, sendo os diagnósticos comparados através de um quadro descritivo, e dados sobre raça, sexo e idade dos animais foram expostos através de estatística descritiva. O estudo revelou que neoplasmas cutâneos são mais comuns em cães idosos, com uma maior prevalência em machos e em cães de raça definida, destacando-se as raças pinscher e shih-tzu como as mais prevalentes. Dos casos analisados, apenas 4 não corresponderam a lesões neoplásicas, equivalendo a 10% (4/40). Estes casos foram diagnosticados como alterações inflamatórias (histiocitose cutânea), ou císticas (cisto folicular, cisto misto de ducto sebáceo). A comparação entre os diagnósticos citopatológicos e histopatológicos demonstrou uma boa precisão da citopatologia na identificação de lesões neoplásicas e na definição da histogênese e comportamento biológico. Assim, demonstra ser uma técnica eficaz para triagem, enquanto a histopatologia, apesar da maior complexidade e invasividade, possibilita um diagnóstico mais detalhado e preciso.

Publicado
18-09-2024
Seção
Ciências Agrárias - Campus Realeza