BUEN VIVIR VERSUS AGRICULTURA INDUSTRIAL

  • Yasmin Branger Figueiredo UFFS
  • Claiton Marcio Da Silva
Palavras-chave: História Ambiental; Caboclos; Oeste Catarinense.

Resumo

1 Introdução

A partir da revolução industrial, e das consequências de uma modernização nos meios e modos de produção, a agricultura também passou por um processo de transformação, modernizando-se, adquirindo um caráter expansionista, de forma que não pudesse ser comparada com métodos tradicionais de produção de alimentos. Logo, como advento de uma mentalidade capitalista, desenvolvimentista e liberal, necessária para o estabelecimento desse novo sistema expansionista, o mundo passou por um processo de ressignificação do solo e da natureza, que passou a se tornar unicamente uma fonte de riquezas para o sistema de acumulação de capital, sem levar em consideração as consequências de uma produção e consumismo exacerbado, não havendo forma sólida e eficaz de distribuição de riquezas ou práticas que buscam socializar essa produção. Partindo de tal pressuposto que surge a proposta dessa pesquisa, buscando formas de viver onde se possa superar, de certa forma, a metodologia capitalista de desenvolvimento e forma de viver insustentável, sem quaisquer tipos de preocupação com a natureza ou com um bem-estar real da humanidade como um todo. No caso do projeto, a prática do buen vivir é anterior ao próprio sistema capitalista, logo, objetivou-se a busca, por meio de referências bibliográficas, sobre o que é conceito de buen vivir e perceber quais as formas que esse modo de vida pode ser aplicado em nossa sociedade contemporânea.

 

2 Objetivos

O foco deste projeto é analisar as atividades da Associação Puxirão Caboclo em Chapecó (Santa Catarina, Brasil), como uma forma alternativa de buen vivir. A Associação Puxirão Caboclo (desde 2003) visa restabelecer padrões de irmandade sociocultural que foram drasticamente interrompidos durante o avanço colonial, desde os cuidados com a saúde até os hábitos alimentares típicos.

2.1. Específicos
Embora este grupo não tenha recebido nenhum endosso oficial das instituições brasileiras como na Bolívia e Equador, os defensores da Agroecologia ressaltam as contribuições destes caboclos como inovadores em questões como práticas agroecológicas, como o intercâmbio de sementes crioulas e a expansão do cultivo não agroquímico em pequenas hortas de subsistência. O objetivo é escrever um ensaio bilíngue em inglês e português sobre a experiência agroecológica do caboclo Puxirão; além disso, pretende apresentar uma proposta para uma exposição fotográfica e um congresso acadêmico discutindo projetos alternativos de buen vivir dentro e fora da América Latina.

 

3 Metodologia

Neste contexto, esta pesquisa analisa as possíveis lições que os caboclos têm para as crises contemporâneas ou globais. Faz isso tentando avaliar como essas comunidades aprenderam a lidar com as restrições ecológicas causadas pela expulsão de seus territórios que haviam ocupado; e como sua experiência "agro-cultural" oferece soluções técnicas viáveis para a agricultura. Além disso, analisa seus padrões de trabalho coletivo como uma possível alternativa aos comportamentos individualistas. De forma comparativa, os caboclos estão fundamentados em noções semelhantes ao buen vivir andino, tais como cosmovisão relacional e pluriverso, multiverso ou ecosofia andina. Em segundo lugar, analisa as contradições internas desta comunidade e reflete sobre as razões pelas quais, no Brasil, nem os projetos dos caboclos nem os projetos dos povos tradicionais foram nacionalizados no Brasil. Metodologicamente, este trabalho segue uma abordagem interdisciplinar, explorando a questão da manutenção/amplificação/redução da diversidade bio-cultural combinando pesquisa de arquivos históricos com pesquisa de campo em áreas comuns urbanas e mercados de sementes crioulas. Como este grupo social tem recebido pouca atenção fora das fronteiras regionais do sul do Brasil, acreditamos que esta pesquisa poderia contribuir para os debates atuais sobre o buen vivir, delineando semelhanças e diferenças com os andinos, assim como outras experiências fora da América Latina. A expertise do Centro Rachel Carson em relação à interdisciplinaridade e ao meio ambiente contribuirá de forma fundamental para a renovação dos estudos sobre as populações tradicionais brasileiras e sul-americanas, especialmente sobre os caboclos.

 

4 Resultados e Discussão

Por meio das pesquisas realizadas, podemos perceber que o Buen vivir trata-se de uma forma de vida alternativa, advinda de povos nativos da América Espanhola, que com o surgimento de governos autoritários e conservadores, em quase toda a América Latina, tais ideais foram postas em cheque. Entretanto, pode-se perceber também que, por meio de novas produções bibliográficas, houve instituições, grupos, em território Brasileiro, que tiveram práticas semelhantes de pensar, resistir, e de manter suas práticas tradicionais de saber e se relacionar com a natureza.

Publicado
26-09-2023