CONHECIMENTO BOTÂNICO TRADICIONAL RELACIONADO À SAÚDE ANIMAL EM CAPANEMA, PR

  • João Vinicio Neukamp UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS
  • BERTA LÚCIA PEREIRA VILLAGRA
Palavras-chave: Etnoveterinária; Plantas tóxicas; Plantas medicinais.

Resumo

1 Introdução

 

Na região sudoeste do Paraná se tem um vasto conhecimento popular sobre plantas relacionadas à saúde dos animais, tanto plantas benéficas como as medicinais usadas em tratamentos, quanto prejudiciais como as tóxicas que podem provocar problemas e muitas das vezes até a morte. Muito deste conhecimento vem se perdendo ao longo dos anos trazendo assim a necessidade de um estudo.

 

2 Objetivos

 

Realização de um levantamento sobre o conhecimento etnobotânicos de plantas medicinais e tóxicas em animais da propriedade com produtores rurais da cidade de Capanema Pr;

Listar quais são as plantas e identificar seus nomes científicos

 

3 Metodologia

 

O estudo foi realizado com 20 produtores rurais do município de Capanema-PR, os quais deveriam atender os seguintes critérios: ser produtor rural município de Capanema-PR e ter mais de 18 anos

Os produtores foram convidados e após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)  que foi aprovado no comitê de ética com número do Parecer de aprovação no CEP/UFFS: : 5.741.720 os dados foram registrados.

As entrevistas tiveram uma duração média de 15 minutos. E foram realizadas por formulário de entrevista contendo 8 perguntas

 

4 Resultados e Discussão

 

Nas entrevistas realizadas foram citadas 15 plantas, das quais 8 foram citadas como tóxicas aos animais e 7 utilizadas para fins medicinais aos mesmos. Os entrevistados têm uma média de idade de 48 anos, sendo 6 do sexo feminino e 14 do sexo masculino

Do total de entrevistados, 9 relataram conhecer alguma planta com uso medicinal aos animais da propriedade sendo que destes 7 citaram o nome de, pelo menos, uma planta, já em relação às plantas tóxicas 12 entrevistados citaram no pelo menos uma planta

Tabela 1. Plantas medicinais citadas pelos entrevistados das propriedades rurais no município de Capanema, PR.

Nome científico

Nome vulgar

Citações

Musa sp.

Bananeira

3

Allium sativum

Alho

1

Psidium guajava 

Goiabeira

1

Ilex paraguariensis

Erva mate

1

Dahlia sp.

Dália

1

Melia azedarach

Cinamão

1

Araucaria sp.

Pinheiro do paraná, araucária (grimpa)

1

 

Tabela 2. Plantas tóxicas citadas pelos entrevistados das propriedades rurais no município de Capanema, PR.

Nome científico

Nome vulgar

Citações

Baccharis coridifolia

Miomio

5

Tabernaemontana catharinensis

Forquilheira

5

Senecio sp.

Maria mole

5

Hovenia dulcis

Uva japão

4

Pteridium aquilinum

Samambaia

2

Cestrum sp.

Mata boi

1

Dracaena trifasciata

Espada são jorge

1

 

A pesquisa na parte de plantas medicinais trouxe como principal destaque a bananeira, Musa Spp. que foi citada por 3 entrevistados como vermífugo natural, na literatura podemos citar estudos como o de Bezerra et al. (2002), que constataram uma redução na contagem de OPG (Média do número de ovos por grama de fezes) em bovinos alimentados com folhas e pseudocaules da bananeira. Batatinha et al. (2004) ao avaliarem in vitro os efeitos dos extratos de folhas de Musa sp. sobre culturas de larvas de nematódeos gastrintestinais de caprinos, observaram que o extrato aquoso das folhas de bananeira foi eficaz. Mais estudos são necessários para determinação da forma correta de aplicação bem quando a dosagem a ser administrada a cada espécie, animal e tipo de parasita

Dentre as plantas citadas como tóxicas destacasse miomio citada por 5 entrevistados de nome científico Baccharis coridifolia DC. (Asteraceae) é uma planta tóxica dióica que ocorre no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, em grandes áreas do Uruguai e norte da Argentina, onde é denominada romerillo. A intoxicação natural afeta principalmente bovinos, menos frequentemente ovinos e raramente equinos (RISSI, 2005) 

Outra planta de destaque é a maria mole citada como tóxica, de nome científico Senecio sp. e Segundo Panziera (2018). A toxicidade das espécies de Senecio deve-se à presença de alcaloides hepatotóxicos pertencentes ao grupo das pirrolizidinas (APs), que produzem lesão hepática crônica e irreversível, caracterizada pela inibição da mitose de hepatócitos.

Foi citada também a forquilheira também conhecida como cobrinha, Tabernaemontana catharinensis. Assim como a uva japão, Hovenia dulcis  que é uma árvore caducifolia nativa da China e de alguns lugares do Japão, as sementes podem acarretar uma intoxicação hepática aguda e até mesmo o óbito do animal, causando grandes prejuízos econômicos, pois o tratamento não apresenta cura significativa. (CARDOSO; et. al, 2015)

 

5 Conclusão

 

A partir dos dados coletados podemos reafirmar a importância do conhecimento popular relacionado às plantas bem como a importância das pesquisas relacionadas assim como a preservação do meio ambiente.

 

 

 

 

Referências Bibliográficas

 

BATATINHA, M.J.M. et al. Efeitos in vitro dos extratos de folhas de Musa cavendishii Linn. e de sementes de Carica papaya Linn. sobre culturas de larvas de nematóides gastrintestinaisde caprinos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.07, p.11-15, 2004.

 

BEZERRA, L.J.D. et al. Estudo bromatológico da bananeira (Musa spp.) e sua utilização na alimentação de bovinos Agronline, 2002.

 

Cardoso, T. C., Emmerich, T., Wicpolt, N. S., Ogliari, D., Traverso, S. D., & Gava, A.. (2015). Intoxicação experimental pelos frutos de uva-Japão, Hovenia dulcis   (Rhamnaceae), em bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, 35(2), 115–118. https://doi.org/10.1590/S0100-736X2015000200003

 

LIMA, ARC et al. Potencial anti-helmíntico da folha de bananeira (Misa sp) em caprinos (Capra hircus) naturalmente infectados do Semi-árido Paraibano. 2010.

 

 

PANZIERA, Welden et al. Poisoning of cattle by Senecio spp. in Brazil: a review. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 38, p. 1459-1470, 2018.

 

RISSI, Daniel R. et al. Intoxicação espontânea por Baccharis coridifolia em bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 25, p. 111-114, 2005.

 

 

Publicado
04-10-2023