EFEITO DA CONTAMINAÇÃO DO GLIFOSATO NO CAMARÃO DE ÁGUA DOCE Macrobrachium rosenbergii: EFEITO NEUROTÓXICO, SOBRE O SISTEMA ANTIOXIDANTE E METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS

Resumo

O desempenho do cultivo de M. rosenbergii próximo a áreas agrícolas com uso intensivo de agrotóxicos pode ser influenciado pelos efeitos que esses compostos causam nos animais. O glifosato é um herbicida, que pode levar a condições de distúrbios do sistema nervoso por inibição da acetilcolinesterase, e induzir estresse oxidativo, podendo levar a grandes danos ou morte celular. Nesta situação, a presença de glifosato no ambiente de cultivo, mesmo que em baixa concentração e de forma aguda, pode intensificar a condição de estresse imposta pela estocagem e contribuir para baixos desempenhos da produção. Este trabalho teve como objetivo analisar os efeitos da exposição de pós-larvas do camarão de água doce M. rosenbergii ao glifosato. Os animais foram criados e reproduzidos no laboratório, as pós-larvas foram submetidas a exposição ao glifosato, em concentração de 100 mg/L, a partir de produto comercial ROUNDUP® WG, por 96 horas (coletas em 2, 6, 9, 12, 24, 48 e 96 horas), em triplicata, acompanhadas de grupo controle, sem glifosato, nas mesmas condições experimentais. Os animais foram acompanhados a cada período, realizando ensaio de estímulos à movimentação, e registro de mortes. Posteriormente foi realizada coleta de duas amostras de 15 animais de cada aquário em cada tempo de ensaio. Houve morte de animais do grupo exposto ao glifosato após 2 horas (5,3 ± 3,3 % dos animais), seguido de 3 mortes após 6 horas e ausência de mortes no restante do período do ensaio. Os animais expostos ao glifosato apresentaram alteração do comportamento natatório, mantendo-se imóveis até serem tocados. A ausência de alteração da atividade da enzima catalase, o aumento da GST em 6 horas, seguido de redução em 9 horas e aumento da GSH em 12, 24 e 48 horas indicam que houve uma indução da defesa antioxidante relacionado ao ciclo da GSH, Esta indução foi capaz de proteger os animais de danos oxidativos, porém esta proteção não foi suficiente em 96 horas, ocorrendo um aumento expressivo de peroxidação lipídica neste momento. Em relação aos marcadores do metabolismo de proteínas, foi observado aumento da atividade da enzima AST dos grupos experimentais em relação aos controles em 6 horas após início do experimento, aumento de atividade da ALT em 6, 48 e 96 horas e redução da enzima GLDH em 9 e 96 horas e aumento em 48 horas em relação ao controle. A exposição ao glifosato causa efeitos letais, alterações comportamentais e fisiológicas em M. rosenbergii, portanto, a presença do composto no ambiente de cultivo poderá afetar o desempenho produtivo de M. rosenbergii.