“NELAS PRÓPRIAS E NOS FILHOS NASCIDOS DOS ESTUPROS, MULHERES QUE ENCONTRARAM UMA FONTE VIVA DE CORAGEM E A FORÇA PARA SOBREVIVER”: NARRATIVAS NA OBRA A MULHER DE PÉS DESCALÇOS, DE SCHOLASTIQUE MUKASONGA

  • Priscila Santos Rocha Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Renilda Vicenzi
Palavras-chave: Literatura africana; Mulher Tutsi; Raça e Gênero

Resumo

Tomando como base a conceituação de Mignolo (2017) acerca da ideia do ‘outro’, torna-se evidente que a construção cultural e histórica é empregada para delinear e classificar aqueles que são percebidos como distintos em relação a um paradigma predominante. Consequentemente, pelo olhar colonialista há uma lacuna na compreensão das culturas materiais e imateriais das sociedades africanas. Na tentativa de preencher estas lacunas as obras literárias africanas desempenham um papel crucial ao destacar o continente africano e ao refletir as experiências vivenciadas por sujeitos historicamente denominados de ‘outro’. Isso significa que tais obras não apenas abordam a história da África, mas também encapsulam as vivências profundas e multifacetadas das pessoas e sociedades que residem ali, contrapondo-se as visões limitadas e estereotipadas que prevaleceram por muito tempo. Ao imergir no âmbito dessas vivências, torna-se claro que a literatura, evidenciada por meio das perspectivas das mulheres negras africanas, desempenha um papel essencial na reconstrução das narrativas históricas que foram moldadas pelos mecanismos de opressão da sociedade ocidental. Esse enfoque se baseia nas representações das mulheres presentes na obra ’A Mulher de Pés Descalços’ (2017), de Scholastique Mukasonga. O propósito geral do trabalho é compreender as ações vivenciadas pela mulher africana, especificamente as ruandesas, como as Tutsis, na construção da cultura material e imaterial. Especificamente, analisamos a literatura africana em perspectiva de raça e gênero como enfoque para aborda as dinâmicas e experiências das relações femininas; identificamos as categorias de maternidade, trabalho, educação e solidariedade nas vivências narradas na obra.

Publicado
28-09-2023