EMPREGO DE REATOR DE LEITO FIXO BI-FLUXO CONTÍNUO (RLF-BFC) PARA A POTABILIZAÇÃO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO EM ÁREAS DESASSISTIDAS POR COMPANHIA DE TRATAMENTO DE ÁGUA

  • Júlia Villela Toledo Ferreira Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Stefani Sulzbacher Souza Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Rafaela Roberta Morelato Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Aline Raquel Müller Tones Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Alcione Aparecida de Almeida Alves Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Áreas rurais, Adsorção, Novas tecnologias, Qualidade da água

Resumo

O Brasil apresenta uma abundância de recursos hídricos, os quais são importantíssimos para manutenção de uma sadia qualidade de vida, entretanto o país tem passado por alguns cenários de crises hídricas e comprometimento da qualidade dos mananciais superficiais e subterrâneos, sendo a origem dessa poluição relacionada o lançamento de esgotos domésticos e industriais nos corpos hídricos, bem como o uso intensivo de agrotóxicos em áreas rurais, corroborando para contaminação das águas de poços destinadas ao consumo humano, uma vez que nas áreas rurais do Rio Grande do Sul (RS) o abastecimento é realizado por meio dos mananciais subterrâneos. O abastecimento em áreas rurais é comprometido uma vez que a água destinada a população passa apenas pelo tratamento de desinfecção, o qual é pouco eficaz na remoção de possíveis contaminantes. Assim sendo se faz necessário estudos utilizando novas tecnologias com soluções alternativas no tratamento de água em áreas desassistidas seguindo os padrões de potabilidade descritos na Portaria nº 888/2021. Diante da dificuldade de abastecimento de água tratada em áreas rurais no Brasil, o presente trabalho objetivou analisar a construção de um Reator de Leito Fixo Bi-fluxo (RLF-BF) e a avaliação de sua eficiência de potabilização de água. O RLF-BF foi confeccionado com tubulações de 25, 100 e 200 mm, contendo dois leitos, um leito filtrante (descendente) e um leito adsorvente (ascendente), operado, portanto, em sentido bi-fluxo. O leito filtrante possui volume 0,0012 m³, sendo constituído de areia média (0,25 mm) e o leito adsorvente volume 0,00039 m³, constituído de carvão ativado granular (CAG) oriundo do epicarpo de babaçu (Orbignya phalerata), constituído de granulometria (0,0075 a 2,36 mm), ambos alocados acima de camada suporte de seixos rolados de 15 cm. No RLF-BF foram utilizadas taxas de aplicação superficial de 120 e 32 m³ m-2 d -1 para o leito filtrante e leito adsorvente, respectivamente, sendo alocado a seu montante um reservatório de água de 200 L, o qual o abastecia o RLF-BF. A eficiência do RLF-BF foi avaliada por meio de amostras de água bruta na saída do reservatório e tratada por filtração (ATF), bem como água tratada por filtração e adsorção (ATF-A), ambas amostrada a cada 10 min de tratamento, para os seguintes parâmetros: cor aparente, turbidez e coliformes totais e termotolerantes, considerando valores máximos permitidos (VMP) Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017 e suas alterações na Portaria nº 888, de 4 de maio de 2021 do Ministério da Saúde (MS). As análises foram realizadas no Laboratório de Águas e Ecotoxicologia de Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Cerro Largo – RS. A operação do RLF-BF de testes preliminares correspondeu a 11 carreiras de filtrações e encerrou-se os testes devido a eficiência de remoção da turbidez e cor aparente. Estes parâmetros turbidez, cor aparente foram determinantes para o encerramento do processo, pois estes estão diretamente ligados a colmatação do filtro quando os valores aumentam durante a operação. Após o tratamento considerando 11 carreiras de filtração chegou-se ao máximo de perda de carga no leito filtrante e adsorvente (21 e 15 cm) e identificou-se uma média de eficiência de remoção em relação aos parâmetros analisados na amostragem água tratada por filtração e adsorção (ATF-A): cor aparente (33,2 %), turbidez (22 %). O parâmetro referente ao coliforme totais e termotolerantes, preconizados na Portaria nº 888/2021 do MS, ficaram em desacordo com o estabelecido na Portaria. Em relação à eficiência a instalação do RLF-BF melhorou a qualidade da água de abastecimento rural nas amostragens ATF-A.

Publicado
28-09-2022