IMPRENSA E ESTADO: EFEITOS DA HISTÓRIA E DA MEMÓRIA NA LÍNGUA DO/NO BRASIL

  • Adrieli da Silva Muller Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Caroline Mallmann Schneiders
Palavras-chave: Jornal;Dicionário; Língua; Discurso

Resumo

A presente pesquisa está ancorada nos pressupostos teórico e metodológicos da Análise de Discurso de linha pêcheuxtiana (AD), articulando-a com a História das Ideias Linguísticas. Buscamos analisar a representação de língua a ser ensinada e em circulação veiculada na imprensa em um contexto marcado pela imigração alemã. Para tanto, mobilizamos, como objeto analítico, um jornal local, “O Cerro Largo”, que circulou no município de Cerro Largo, situado nas Missões do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1957 e 1974. A partir desse jornal, delimitamos, primeiramente, como corpus de análise, a seção intitulada “Hora pedagógica”, publicada nos anos de 1958 e 1959, a qual é caracterizada por se constituir de dicas gramaticais criadas por professores, as quais buscam, através de planos de aula, propor correções a determinadas “irregularidades” que são cometidas pelos alunos em sala de aula. Também, delimitamos as seções “Dicionário” e “Dicionário Moderno”, publicadas a partir de 1958. Buscamos, portanto, compreender os efeitos de sentido a respeito da língua do/no Brasil, inscritos no discurso metalinguístico em circulação no referido jornal, explicitando a determinação histórica e ideológica do discurso da e sobre a língua que circula e materializa-se nesse meio de comunicação no final dos anos de 1950. Entendemos, pois, que essa reflexão contribuiu para compreendermos os efeitos da história e da memória na representação da língua ensinada e considerada oficial em um período determinado pelo pós guerra e marcado pelo autoritarismo, com o início da ditadura militar. Ou seja, explicitamos os efeitos do ideológico e do político que determinam o que poderia e deveria ser dito a respeito da língua.

Publicado
29-09-2022