AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA DE “ICTIOPLÂNCTON VIVO” COMO FERRAMENTA PARA DETERMINAR ÁREAS DE DESOVA E CARACTERIZAÇÃO DE OVOS E LARVAS DE PEIXES

  • Sarah de Andrade Froelich Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marthoni Vinicius Massaro
  • Lucas Adriano Pachla
  • Thaisse Machado Vechietti
  • David Augusto Reynalte-Tatatje
Palavras-chave: conservação, ictiofauna, desenvolvimento de tecnologias

Resumo

No Brasil, os estudos de ictioplâncton ainda são escassos e também são raros
os estudos que envolvem o aperfeiçoamento das técnicas de coleta, triagem e
identificação. Nos trabalhos de ictioplâncton as coletas envolvem no geral o sacrifício
de ovos e larvas que são fixadas em formol para depois serem identificadas, devido a
isto as vezes milhares de organismos ictioplanctônicos precisam ser sacrificados
inclusive alguns pertencentes a espécies ameaçadas. Uma alternativa para evitar o
sacrifício destes organismos é utilizar a técnica do “ictioplâcnton vivo” na qual os
organismos não são fixados o que permite a sobrevivência dos organismos amostrados.
Assim o presente trabalho visa avaliar a eficiência da técnica do “ictioplâncton vivo”
como ferramenta para a triagem e identificação. As coletas foram realizadas
mensalmente no período de outubro de 2021 a fevereiro de 2022, em um trecho do rio
Ibicuí, RS, entre às 20 e 21 horas. As coletas foram realizadas utilizando redes de
plâncton de formato cônico-cilíndrico, com uma malha de 500 μm. Das doze
amostragens, seis foram fixadas com formol 4% e analisadas no laboratório sob lupa e
as outras seis não foram fixadas e os organismos foram triados numa bandeja ao olho nú
com ajuda de uma lanterna. Os organismos do ictioplâncton foram retirados,
quantificados e as larvas identificadas e separadas nos seus estágios de
desenvolvimento. Foram capturados um total de 233 ovos e 227 larvas, desse total 173
ovos e 129 larvas (LV=49, PF=75, F=2, POF=3) foram identificadas pelo método
“tradicional” e 60 ovos e 98 larvas (LV=11, PF=81, F=3, POF=3) foram identificadas
pelo método do ictioplâncton vivo”. Avaliando a composição taxonômica, foram
identificadas 11 espécies/gêneros, desse total nove espécies foram identificadas no
método tradicional e dez no método do “ictioplâncton vivo”. Conclui-se que a técnica
de “ictioplâncton vivo” pode ser utilizada em estudos de ecologia dos peixes já que
apresenta resultados semelhantes a triagem tradicional e ainda possibilita a
sobrevivência dos organismos ictioplanctônicos que são devolvidos ao meio natural.
Entretanto, alguns cuidados precisam ser levados em consideração na triagem de ovos e
larvas em estágios iniciais já que podem não ser detectados e retirados do material
coletado.

Publicado
27-09-2022