AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ACESSOS DE GOIABEIRA QUANTO A COMPONENTES FENOTÍPICOS PARA CARACTERES DE IMPORTÂNCIA AGRONÔMICA, BUSCANDO INOVAR A MATRIZ PRODUTIVA REGIONAL COM NOVA CULTIVAR

  • Jean Do Prado Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Alison Uberti
  • Daiane Bernardi
Palavras-chave: Fruticultura, Psidium guajava, Genótipo

Resumo

 

1 introdução

O Brasil é um dos maiores produtores de frutas, ficando em terceiro lugar no ranking mundial, destacando-se, dentre estas, a cultura da goiaba (Psidium guajava L.), família Myrtaceae. No ano 2018, foram produzidas 578,60 mil toneladas de goiaba, sendo que área plantada foi de 21,57 mil hectares, e a região Nordeste responsável por 50,7% da quantidade de goiaba produzida no país (IBGE, 2021).

 

2 OBJETIVOS

O objetivo com este trabalho foi avaliar 74 genótipos distintos de goiaba, em que consiste a vigor quanto à componentes fenotípicos para caracteres de importância agronômica.

 

3 METODOLOGIA

O presente trabalho foi conduzido no pomar de fruticultura, situado na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, campus Chapecó. A área localiza-se na latitude 27°07'06"S, longitude 52°42'20"O e altitude de 605 metros. O clima local, segundo a classificação de Köppen, é de categoria C, subtipo Cfa (Clima Subtropical úmido). O solo é denominado Latossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA, 2004). Analisou-se 74 acessos de goiabeira oriundos de polinização aberta em pomar da região de Pelotas-RS, entre as cultivares Paluma e Pedro Sato, obtidos por sementes, sendo 40 acessos de cada cultivar mãe. O plantio ocorreu em setembro de 2016 em um espaçamento entre linhas de 5m e 4m entre planta, sendo que cada linha constituída por 17 plantas.

Os dados foram coletados no ciclo de 2020-2021, sendo eles altura da planta, tamanho de copa, tamanho médio de ramas, diâmetro médio de ramas, diâmetro do líder e área media foliar. Analisou-se o comportamento vegetativo nos 12 meses de que compreende o ciclo. O vigor foi obtido a partir do diâmetro do tronco, mensurado a 10 cm do nível do solo, e o diâmetro da rama a 10 cm da inserção do tronco, com auxílio de um paquímetro digital, dimensão de copa, obtido através da formula D= L.E.H, onde, D = dimensão da copa, L = comprimento no sentido da entre linha, E = comprimento no sentido da linha e H = altura da planta. Para tamanho médio de ramas fora mensurados 3 ramas de cada planta sendo medidas desde sua inserção do tronco. A área foliar foi obtida através de 10 folhas coletadas do terço médio de planta e mensurada em um folharímetro.

A avaliação da diversidade genética entre as 74 linhagens consanguíneas de goiabeiras tropicais foi realizada usando o pacote R "ape " (Paradis et al. 2004). A media de cada característica foi normalizado para evitar efeitos devido a diferenças de escala. Matrizes de dissimilaridade para cada ambiente foram obtidas com base na distância euclidiana média. O método de agrupamento usando a abordagem estatística convencional foi o Método de Grupo de Pares Não Pesados com Médias Aritméticas (Sokal e Michener 1958). O método de Mojena (1977) foi usado para alocar as linhagens de goiabeiras.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observam-se que na figura 1, a distribuição dos 74 acessos em sete grupos distintos. Essa formação de grupos se realiza através da mudança acentuada das características avaliadas.

O grupo 1 compreende sete genótipos distintos, que somam 9,45% de todos os genótipos, este grupo são dos genótipos que se destacaram principalmente por maior área foliar, maior diâmetro de líder e comprimento de ramas, mesmo apresentando números medianos de volume de copa, no entanto quando verificamos os números, o genótipo gen0005 destaca-se nesse grupo, com 4,162 de copa e 63,47 cm² de área foliar. Sendo assim esta planta a campo apresenta um porte vegetativo superior às demais plantas, a planta gen001 apresenta maior diâmetro de rama com 0,746 de media, sendo a planta gen010 destaque para este grupo, com 6,147 de media para diâmetro de ramas.

O segundo grupo é composto por apenas uma planta, a planta gen002, esta representa 2,70% de todas as plantas, sendo ela com medias inferiores de tamanho de copa e área foliar que o grupo um, mas superiores em diâmetro de ramas, diâmetro de líder e comprimento de líder. Apresenta média de 33,85 de diâmetro de líder superior a todos os outros genótipos.

O terceiro grupo é formado por 6,75% das plantas do total, esse grupo esta representado por cinco genótipos, as plantas possuem uma boa media de área foliar, inferiores as do grupo um, no que tange o diâmetro de líder se equiparam com os grupos anteriores, mas em diâmetros de ramas e copa são pouco inferiores. Este grupo por regra apresenta copa mediana e área media foliar melhor, não obstante apresentam os diâmetros de rama sendo inferior.

Quando observamos as medias do quarto grupo, sendo ele o maior em porcentagem de plantas, contando com 45,94%, este grupo apresenta medianos para o variável diâmetro de rama, comprimento de rama e copa, sendo a variável área foliar, equiparáveis com os três grupos anteriores, sendo estas plantas de arquitetura baixa, com copas medianas e folhas largas.

No que tange o quinto grupo, segundo maior em quantidades de plantas com 24,32% do total, vemos uma maior diversidade em características distintas, como por exemplo plantas com bom vigor de líder, menor vigor de ramas, ramas mais longas e área media foliar intermediárias, este grupo apresenta número elevado de plantas de baixo vigor de ramas alongadas com folhas medianas, geralmente distribuídas em toda a planta.

Para o sexto grupo e sétimo grupo, que apenas irão diferenciar de uma variável, a variável da quantidade em metros da copa, sendo o grupo sete com menor área de copa. Estes dois grupos apresentam porte baixo de plantas, ramas mais curtas, lideres equiparando-se com os demais grupos, o que também pode ser notado em diâmetro de ramas e área foliar.  

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Figura 2. Dendograma de dissimilaridade genética, formado a partir da análise de agrupamento de 74 acessos de goiabeira e os sete grupos distintos formados, Chapecó – SC, 2021. Fonte: Autores.

 

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que a partir do dendograma as plantas do grupo um e dois, apresentam maior vigor, podendo ser utilizadas em plantios de pomares com baixa densidade, uma vez atendendo as medidas descritas nesse trabalho, enquanto que os genótipos do grupo seis e sete, com menor vigor, apresentam-se com potencial vegetativo para plantios em pomares de média a alta densidade de condução.

Já os acessos do grupo cinco, quatro e três apresentam-se inviáveis para cultivo comercial, no entanto, poderão ser estudados os comportamentos quanto as outras características se aproveitadas para outras finalidades.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA. Solos do Estado de Santa Catarina. Embrapa Solos. 745p. 2004. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 46).

IBGE. Produção agrícola municipal, Área plantada ou destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das lavouras temporárias e permanentes. Tabela 5457., 2021.

Mojena R (1977) Hierarchical grouping method and stopping rules: an evaluation. Computer J 20:359–363. https://doi.org/10.1093/comjnl/20.4.359

Paradis E, Claude J, Strimmer K (2004) APE: analyses of phylogenetics and evolution in R language. Bioinformatics, 20(2):289-290. https://doi.org/10.1093/bioinformatics/btg412.

Sokal RR, Michener CD (1958) A statistical method for evaluating systematic relationships. Univ Kans Sci Bull 38:1409–1438

 

Palavras-chave: Fruticultura, Psidium guajava, Genótipo

Nº de Registro no sistema Prisma: PES 2020-0348

Financiamento: Bolsa IT/UFFS.

Publicado
13-10-2021