FATORES ASSOCIADOS À REALIZAÇÃO DOS EXAMES DE RASTREAMENTO PARA O CÂNCER DE PRÓSTATA: CARACTERIZAÇÃO A PARTIR DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

  • Tainara Tonatto UFFS
  • Ivana Loraine Lindemann UFFS/Doutora Docente do Curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo, RS, Brasil
  • Gustavo Olszanski Acrani UFFS/Doutor Docente do Curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo, RS, Brasil
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde, Programas de Rastreamento, Neoplasias da Próstata, Saúde do Homem

Resumo

Introdução: O rastreamento para neoplasia de próstata pode ser realizado através dos exames de toque retal e dosagem do antígeno prostático específico (PSA), porém, a realização rotineira do exame não é recomendada pelo Ministério da Saúde por submeter os homens posteriormente a procedimentos diagnósticos invasivos e não reduzir significativamente a mortalidade pelo câncer, portanto, deve ser analisada individualmente sua necessidade. Objetivos: Analisar a prevalência de realização de exames de rastreamento para câncer de próstata em homens de 40 anos ou mais e determinar os fatores relacionados à realização dos exames preventivos, além de descrever as características sociodemográficas dos homens de 40 anos ou mais assistidos na rede básica de saúde. Metodologia: Trata-se de um recorte de um estudo transversal realizado nas 34 unidades de saúde da rede urbana de Atenção Primária à Saúde (APS) de Passo Fundo, Rio Grande do Sul (RS), por meio da aplicação de questionário padronizado a adultos e idosos que aguardavam atendimento. A amostra incluiu participantes do sexo masculino com idade igual ou superior a 40 anos. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, de saúde e de hábitos de vida. O desfecho foi avaliado através de perguntas quanto ao toque retal e quanto ao PSA e, posteriormente foi realizada estatística descritiva e análise da distribuição da realização dos exames no último 1 ano de acordo com as demais variáveis. Resultados: A amostra foi composta por 297 homens. O toque retal foi realizado pelo menos uma vez na vida em 41,8%, sendo a última realização há mais de 1 ano em 81,1% da amostra e o motivo de se realizar o exame ao menos uma vez na vida foi por rotina ou pela idade em 39,4% e por indicação médica em 33,6%. Os fatores relacionados a realização do toque retal foram: idade de 55 e 70 anos (p=0,020), não exercer atividade remunerada (p=0,010), uso de medicação contínua (p=0,040), hábito de usar preservativo (p=0,040) e realização de PSA pelo menos uma vez na vida (p=0,010). Quanto ao PSA, foi realizado ao menos uma vez na vida em 72,7% da amostra, e em 51,5% no último 1 ano, sendo o principal motivo da realização a rotina ou idade (49%) e indicação médica (35,6%). As variáveis relacionadas a sua realização foram: idade entre 55 e 70 anos (p<0,001), não exercer atividade remunerada (p=0,010), renda per capita superior a 1 salário mínimo (p<0,001), prática de atividade física (p=0,020), não ser tabagista (p=0,020), diagnóstico médico autorreferido de hipertensão arterial sistêmica (p=0,010) e de hipercolesterolemia (p=0,010), uso de medicação contínua (p<0,001) e realização de toque retal ao menos uma vez na vida (p<0,001). Conclusão: A partir dos resultados obtidos, é importante que os profissionais médicos atentem aos motivos de realização do rastreamento, e que, juntamente com a equipe multidisciplinar das unidades de saúde, priorizem o esclarecimento quanto aos riscos e benefícios, além dos sinais e sintomas específicos que indiquem executar tais exames, analisando individualmente cada paciente.

Publicado
29-09-2021