LEVANTAMENTO DE FITONEMATOIDES EM HORTALIÇAS NA REGIÃO DE ERECHIM, SAFRA 2020/21.

  • Egabrieli Garbin Universidade Federal da Fronteira Sul- campus Erechim
  • Altemir José Mossi Universidade Federal da Fronteira Sul- Campus Erechim
Palavras-chave: Horticultura, Fitossanidade, Fitonematoides.

Resumo

LEVANTAMENTO DE FITONEMATOIDES EM HORTALIÇAS NA REGIÃO DE ERECHIM, SAFRA 2020/21.

 

EGABRIELI GARBIN[1],[2]*, ALTEMIR JOSÉ MOSSI2,2*

 

 

1 INTRODUÇÃO

A média global estimada para perdas de rendimento anual causada por nematoides em hortaliças é de 11% (RAO et al., 2016). Alguns dados referentes ao Levantamento da Produção Olerícola do estado do Rio Grande do Sul (EMATER/RS, 2016) indicam para uma área: 91.335 ha com 62.877 produtores em cultivos não protegidos e 1.983 ha representados por 5.236 produtores em cultivo protegido. Na região do Alto Uruguai Gaúcho, onde Erechim é uma cidade polo, a área de cultivo com hortaliças é de 596,40 hectares com 1.274 produtores envolvidos na atividade (EMATER/RS-Ascar, 2017). Sendo assim, o levantamento populacional dos nematoides em determinadas regiões são importantes para a identificação e determinação da sua distribuição, possibilitando estudar medidas de controle antes que atinjam o nível de dano econômico (NORONHA et al., 2017).

 

2 OBJETIVOS

            O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de fitonematoides na horticultura da região do Alto Uruguai gaúcho, durante a safra 2020/21, confeccionando quadros de distribuição qualitativa e quantitativa para uso posterior na elaboração de estratégias de controle. Para isso foram selecionados 15 produtores de hortaliças, sendo 4 convencionais e 11 agroecológicos, no município de Erechim e arredores (Região do Alto Uruguai Gaúcho). As amostras de solo, foram coletadas no período de outubro de 2020 a maio de 2021.

           

3 METODOLOGIA

As propriedades amostradas foram definidas com auxílio dos técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA). As coletas do solo foram realizadas em áreas com hortaliças, seguindo as orientações da Sociedade Brasileira de Nematologia, com auxílio de enxadão e/ou enxada, sacos plástico, balde, etiquetas, caneta e ficha de campo. As amostras de solo foram retiradas próximo as plantas, de 0 a 30 cm de profundidade, abrindo-se o solo em forma de V.

O local de coleta foi percorrido a em ziguezague de acordo com os canteiros, dando preferência para locais com plantas que apresentam sintomas de ocorrência, sendo coletando nas bordas e evitando-se plantas fortemente atacadas. Foi coletado um número médio de 10 subamostras para uma amostra, composta de aproximadamente um 1 kg de solo. A seguir, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, etiquetados e identificados quanto a propriedade e cultivo, sendo armazenadas em caixas de isopor e colocadas em câmara fria a 8-10 °C por no máximo três semanas, até o processamento no Laboratório de Agroecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul campus de Erechim, RS, para identificação e quantificação dos nematoides presentes nas amostras.

Na extração dos nematoides de solo, foi usado 300 cm³ do solo de cada amostra sendo utilizado o método de Jenkins (1964). Após, as amostras ficaram em repouso por aproximadamente 40 minutos em geladeira, sendo posteriormente analisadas em microscópio óptico com aumento de 100x, com auxílio de uma câmara de Peters (nematoides/100 cm³ de solo). A identificação dos gêneros seguiu a chave de identificação ilustrada dos principais gêneros de fitonematoides no Brasil, baseada em caracteres de fêmeas (FERRAZ et al., 2016).

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

            Dentre os gêneros analisados o grupo dos Pratilenchus demostrou maior dominância com representatividade de 45,9%, o gênero Helicotylenchus representou 24,32% do total das amostras, seguido pelo Bursapelenchus com 13,64% (Quadro 1). O sistema de cultivo das hortícolas avaliadas nesta pesquisa na região do Alto Uruguai Gaúcho, contou predominância da forma orgânica e com culturas como a alface, melancia, tomate, laranja e noz pecan. Os ambientes de cultivos se dividiam com plantações em estufas e outros à campo, tendo então, amostragens mescladas.

            Pratilenchus é um gênero que causa lesões necróticas, os sintomas se baseiam por uma pinta preta enegrecida, podendo ser facilmente confundida com outras doenças. Ocorre na região Sul, se desenvolvem bem em temperaturas de 24° a 28° C. A disseminação desses organismos ocorre facilmente com água, máquinas e implementos agrícolas, mudas, substratos infestados, movimentação de animais e pelo vento. Os danos causados atingem as raízes, tubérculos ou bulbos das hortaliças, enfraquecendo os vegetais e diminuindo a produção (CHARCHAR, 1999).

            Um dos gêneros que tem em maior abundância no país e se associam a uma diversidade de plantas é o Helicotylenchus, contudo é considerado como um fitonematoide de importância secundária. Em estudos no Mato Grosso e em Santa Catarina demostra baixo nível de infestação não causando perdas significativas. É um ectoparasita de raízes, e sobrevive vários meses no solo, além de sobreviver em temperaturas baixas (SCHNEIDER, 2019). O gênero Bursapelenchus em boas condições de umidade, consegue infectar de uma planta para outra a partir de sua movimentação no solo e também pode colonizar novos hospedeiros através dos seus vetores biológicos, Coleopteros (DUARTE et al., 2008).

            Para o controle dos fitonematoides as estratégias de manejo são difíceis, podendo ser sugerido o controle cultural, através da rotação de culturas com crotalárias e milheto, cuidados com a disseminação em mudas, solo e implementos. Os consórcios de estilosantes com mucuna preta, considerados plantas armadilhas, as quais facilitam a entrada do fitonematoide em suas raízes e impossibilitam que completem seu ciclo. Controle sobre as dosagens de adubos, principalmente o nitrogênio para não enfraquecer o tecido das plantas também contemplam as medidas de controle (CHARCHAR, 1999).

 

5 CONCLUSÃO

            Das amostras avaliadas da região do Alto Uruguai Gaúcho, foram encontradas em maior abundância e dominância os fitonematoides dos gêneros Pratilenchus, Helicotylenchus e Bursapelenchus.

 

 

 

 

Quadro 1- Distribuição dos gêneros de fitonematoides nas áreas produtoras de hortaliças dos municípios da região do Alto Uruguai Gaúcho amostrados no período de outubro de 2020 a maio de 2021. Erechim, 2021.

Amostra

Cidade

Tipo de cultivo

Cultura

Abundância de nematoides

(Número e gênero)

1

Aurea

Orgânico

Hortaliças

(1) Bursaphelenchus

(7) Helicotylenchus

2

Barra do Rio Azul

 

Convencional

Noz Pecan

(1)    Ditylenchus

(2)    Tubixaba

3

Charrua

Orgânico

 

Hortaliças

(7) Bursaphelenchus

(7) Helicotylenchus

(1) Hemicricomemoides

(1) Não fitoparasita

4

Charrua

Orgânico

Hortaliças

(4) Aphelenchoides

(5) Bursaphelenchus

(20) Helicotylenchus

(1) Tubixaba

5

Erechim

Orgânico

Hortaliças

(13) Bursaphelenchus

(48) Helicotylenchus

(4) Não fitoparasita

(1) Tubixaba

6

Erechim

Orgânico

 

Alface

(1) Bursaphelenchus

(8) Helicotylenchus

7

Marcelino Ramos

 

Convencional

 

Laranja

(3)    Aphelenchoides

(1) Bursaphelenchus

(5) Ditylenchus

(1) Xiphidorus

8

Marcelino Ramos

Orgânico

Tomate

(8) Aphelenchoides

(7) Helicotylenchus

(2) Radopholus

9

 

 

 

Marcelino Ramos

Convencional

Melancia

(1) Helicotylenchus

(4) Hemicycliophora

(2) Não Fitoparasita

(2) Radopholus

10

Severiano de Almeida

Orgânico

Alface

(13) Não fitoparasita

 

11

Tapejara

Orgânico

Hortaliças

(9) Bursaphelenchus

(2) Helicotylenchus

(3) Não fitoparasita

(4) Xiphinema

12

Marcelo

 

 

(2) Bursaphelenchus

(4) Helicotylenchus

(1) Hemicycliophora

13

Concórdia

Orgânico

Mandioca

(3) Aphelenchoides

(20) Bursaphelenchus

(3) Helicotylenchus

(5) Não fitoparasita

14

Concórdia

 

Orgânico

Mandioca

(1) Bursaphelenchus

15

Gaurama

Convencional

Hortaliças

(202) Pratylrnchus

 

 

Imagem 1- Identificação do gênero de nematoide fitopatogênico, Helycotilenchus. Erechim, 2021.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

CHARCHAR, J. M. Nematoides em hortaliças. Circular Técnica. Embrapa. p. 1-11, 1999.

 

DUARTE, A. G. et al. Disposição do nematóide Bursaphelenchus cocophilus (COBB) Baujard, em coqueiros portadores da doença anel-vermelho. Revista Brasileira de Fruticultura. v. 30, p. 622-627, 2008.

 

EMATER/RS-Ascar. Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/multimidia/noticias/detalhenoticia.php?id=27307#.XqGSfClKjIU. Acesso em: ago. 2021.

 

FERRAZ, M. G. O. et al. Diagnose de fitonematoides. p. 243, 2016.

 

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, v. 48, p. 692, 1964.

 

RAO, M.S. et al. Role of Biopesticides in the Management of Nematodes and Associated Diseases in Horticultural Crops. Plant. p. 117–148, 2016.

 

SCHNEIDER, C. A. Phytonematodes diagnosis in leafy vegetable crops in the western region of Santa. Dissertação. Programa de Pós- Graduação Mestrado Profissional em Olericultura. Instituto Federal Goiano. Morrinhos- GO, p.15-32, 2018.

 

Palavras-chave: Horticultura, Fitossanidade, Fitonematoides.

Nº de Registro no sistema Prisma: PES-2020-0176

Financiamento: FAPERGS e UFFS.

 

 

[1]Graduanda em Agronomia, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Erechim, contato: egabrieligarbin123@gmail.com

2   Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Professor Adjunto, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Erechim. Orientador.

[2]* Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Transição Agroecológica (AFTA).

Publicado
24-09-2021