AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO EXTRATO DE MAYTENUS ILICIFOLIA SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM LINHAGEM CELULAR SK-MEL-28

  • Jullye Gavioli UFFS- Chapeco
  • Helena Fornari Basso
  • Filomena Marafon
  • Alana Patrícia da Silva
  • Margarete Dulce Bagatini
Palavras-chave: Melanoma. Plantas medicinais. Oxidantes. Antioxidantes. Purinas

Resumo

O melanoma cutâneo é caracterizado como um tumor maligno que se origina da proliferação desordenada dos melanócitos (CORICOVAC, D.).  É considerado um câncer extremamente agressivo, com alta taxa de metástase e mortalidade. Entre os fatores desencadeantes mais comuns, podemos citar: a radiação ultravioleta (UV), fenótipos (pele, olhos e cabelos claros) e formação de radicais livres (RL) (INCA,2020; YANG, K). Devido às altas concentrações de adenosina trifosfato (ATP) e adenosina (ADO) extracelular, a sinalização purinérgica é considerada biomarcadores de câncer, pois atuam como agentes pró-inflamatórios e/ou imunossupressores. (MANICA, A; FERREIRA, T).

Os radicais livres (RL) são gerados no organismo em decorrência da perda ou aceitação de um elétron, os tornando assim desemparelhados em sua camada externa, permitindo ocasionar danos as biomoléculas (DNA, proteínas e lipídeos), dessa forma, os antioxidantes são responsáveis por neutralizar e reduzir os RL (BIANCHI LP). Quando ocorre um desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes em favor dos oxidantes, levando a uma interrupção da sinalização celular e homeostasia redox e/ou dano molecular, chamamos de estresse oxidativo (SIES, H).

O estresse oxidativo está envolvido em todos os três estágios da carcinogênese (iniciação-promoção-progressão) (BISEVAC, JP). Diversos estudos demonstraram que a inflamação crônica também está envolvida nos processos cancerígenos, visto que há o recrutamento de células inflamatórias, aumentando a proliferação celular e risco para a evolução dos tumores. Além disso, quando há um acúmulo de danos ao DNA devido ao aumento dos RL, ocorre modificações químicas, as quais resultam em parada da transcrição, erros de indução e replicação, instabilidade genômica, mutações, alterações da expressão fenotípica e morte celular, os quais estão todos relacionados à carcinogênese (LIGUIRI, I; FIGUEIREDO CRLV).

Além do estresse oxidativo, a sinalização purinérgica vem ganhando importância devido às altas concentrações no interstício tumoral de nucleotídeos, como adenosina trifosfato (ATP) e adenosina (ADO), os quais são considerados biomarcadores de câncer. O ATP é liberado por células cancerígenas e subsequentemente ativado em receptores purinérgicos e vias intracelulares possuindo a função de sinalizador de perigo, além de atuar como um agente pró-inflamatório, posteriormente é hidrolisado em outros nucleotídeos como adenosina difosfato (ADP), adenosina monofosfato (AMP), e ADO (ALLARD, B; CAMPOS ADR; DI VIRÍLIO, F.)

 Vários pacientes acometidos pelo melanoma cutâneo acabam sendo resistentes aos tratamentos convencionais ou ainda, não respondendo bem a eles, assim, torna-se muito importante o desenvolvimento de pesquisas voltadas às plantas medicinais. Dentre elas, a Maytenus ilicifolia, conhecida popularmente como espinheira-santa, nativa da região Sul do Brasil, a qual seus compostos apresentam efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e antitumorais (ANTONIOLI, L; ALMEIDA, C; OLIVEIRA, RS).

Assim sendo, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do extrato de Maytenus ilicifolia sobre os parâmetros de estresse oxidativo e sinalização purinérgica em linhagem celular de melanoma cutâneo. As células SK-Mel-28 foram cultivadas com meio de cultura (DMEN) contendo soro fetal bovino, antibiótico, e antifúngico, e mantidos em condições ideais para sua proliferação. As células foram tratadas com 5 µg/mL, 50 µg/mL, 100 µg/mL, 250 µg/mL e 500 µg/mL do extrato etanólico de Maytenus ilicifolia por 24 horas. Após tratadas, analisamos seus efeitos na viabilidade celular, migração celular, biomarcadores de estresse oxidativo, e sinalização purinérgica, através das ectonucleotidases.

Os resultados evidenciaram o aumento da viabilidade celular em células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) e a diminuição da viabilidade celular em células cancerígenas, bem como o controle da migração celular, diminuição dos biomarcadores de estresse oxidativo e ectonucleotidases e aumento dos antioxidantes após o tratamento com Maytenus ilicifolia. Estes resultados indicam que os componentes presentes no extrato possuem um efeito antitumoral, antioxidante e antiinflamatório nas células SK-Mel-28, desempenhando um papel fundamental na prevenção e progressão do tumor em células de melanoma humano, podendo contribuir para a melhoria de vida das pessoas acometidas com a doença.

Publicado
13-10-2021