BACILLUS AMYLOLIQUEFACIENS E PRÓPOLIS COMO MEDIDAS ECO-AMIGÁVEIS PARA O MANEJO DE MOFO BRANCO EM ZÍNIA

  • Suelen Cappellaro Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Brenda Tortelli Universidade de Passo Fundo
  • Gabrieli Girelli de Andrade Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Paola Mendes Milanesi Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Zinnia elegans Jaqu, Sclerotinia sclerotiorum, biocontrole, apicultura, vigor

Resumo

O ramo da floricultura no Brasil nas últimas décadas está em forte ascensão, estima-se que a cada um hectare esse setor empregue até oito pessoas. Entre as plantas ornamentais de corte, destaca-se a zínia (Zínia elegans Jacq.), entretanto, doenças como o mofo branco causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum provocam perdas na produção dessas flores (SCHOENMAKER, 2018).

Considerada de suporte fitossanitário insuficiente, não existem fungicidas registrados para o controle de mofo branco em zínia. Assim, o controle biológico e alternativo, entre eles o uso de Bacillus amyloliquefaciens e própolis, são ferramentas em potencial para o manejo dessa doença. O objetivo da pesquisa foi investigar a redução da incidência e potencial de controle de mofo branco em zínia, a partir de sementes inoculadas com S. sclerotiorum e tratadas com Bacillus amyloliquefaciens e extrato etanólico de própolis.

O trabalho foi conduzido nos Laboratórios de Fitopatologia e de Microscopia da UFFS- Campus Erechim/RS. O isolado de Sclerotinia sclerotiorum foi obtido de escleródios coletados em plantas de alface (Lactuca sativa L.), hospedeiro botânico da família Asteraceae. Em placas de Petri contendo meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA), os escleródios do fungo foram cultivados. A identidade do isolado foi confirmada por meio de sequenciamento das regiões ITS1 e ITS 4 do rDNA.

Foi realizada a coleta de própolis de abelhas da espécie Apis melifera para o preparo do extrato etanólico de própolis marrom (EEP) na cidade de Gaurama/RS. Diante disso, com a classificação e seleção da própolis, a mesma foi diluída em álcool de cereais (70 °GL) na proporção de 7:3 (volume:massa). 

Para a avaliação do crescimento micelial, o isolado de S. sclerotiorum foi exposto aos tratamentos: T1) Bacillus amyloliquefaciens (SIMBI BS 10; CCT 7600; 5x109 UFC mL-1; 0,03 g i.a. mL-1); T2) Bacillus amyloliquefaciens (0,045 g i.a. mL-1 ); T3) Bacillus amyloliquefaciens (0,06 g i.a. mL-1 ); T4) Bacillus amyloliquefaciens (0,075 g i.a. mL-1 ); T5) Bacillus amyloliquefaciens (0,09 g i.a. mL-1 );  para os tratamentos com o extrato etanólico de própolis  foi realizada diluições no meio BDA: T6) EEP (1,25%); T7) EEP (2,5%); T8) EEP (5%); T9) EEP (10%); T10) EEP (15%); T11) Álcool de cereais 70%; e T12) Testemunha (apenas BDA).

O crescimento micelial dos isolados foi mensurado com uma régua graduada (mm), por meio de duas medidas em eixos ortogonais, a cada 24 horas, até que na testemunha o patógeno atingisse as bordas da placa. A taxa de inibição do crescimento micelial (ICM, %) foi calculada por: ICM = [(crescimento na testemunha - crescimento no tratamento Y)/crescimento na testemunha] x 100.

Para os testes com a inoculação do patógeno em sementes, foi utilizado o restritor hídrico manitol (C6H14O6) (COUTINHO et al., 2001; TORTELLI et al., 2020), em potencial hídrico de -0,6 Mpa. As sementes foram submetidas aos tratamentos: do T1 até o T5 com Bacillus amyloliquefaciens (SIMBI BS 10; CCT 7600) nas dosagens respectivamente (1; 1,5; 2; 2,5; 3 mL kg-1 sementes); T6 até o T10 com extrato etanólico de própolis ambos nas mesmas dosagens citadas anteriormente; T11) Controle álcool de cereais (2,0 mL); T12) Testemunha negativa (sementes sem inóculo em meio BDA + manitol); e T13) Testemunha positiva (sementes com inóculo em meio BDA + manitol). Pelo teste de germinação, com 200 sementes, distribuídas em papel germitest, incubadas a 25 °C e fotoperíodo de 12 horas (BRASIL, 2009), contabilizou-se ao quinto e décimo dia de incubação as plântulas normais obtidas a partir das sementes inoculadas com o patógeno e para o teste de incidência de Sclerotinia sclerotiorium, no qual quatro repetições de 50 sementes, totalizando 200 sementes foram distribuídas em gerbox pelo método “blotter test”, incubadas 25 °C e fotoperíodo de 12 horas por cinco dias. Após analisadas com o auxílio de microscópio estereoscópico e ótico, foi determinada a incidência (%) de S. sclerotiorum (BRASIL, 2009).

Os ensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento. Sendo os resultados analisados pelo teste Kruskal-Wallis (não-paramétrico) para o ICM e comparação de médias pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05) para a germinação e incidência. As análises foram realizadas utilizando o pacote agricolae do programa RStudio (R CORE TEAM, 2019).

Sendo assim, o extrato etanólico de própolis em todas as dosagens testadas (T6 a T10) inibiu o crescimento micelial do isolado de Sclerotinia sclerotiorum, , no tratamento com Bacillus amyloliquefaciens (T1 a T5) maior inibição do crescimento do patógeno foi obtida nos tratamentos T4 e T5, respectivamente. Com relação a germinação, os tratamentos que foram mais significativos foram o T4 (Bacillus amyloliquefaciens, 2,5 mL kg-1 sementes), T6 e T7 (EEP, 1 e 1,5 mL kg-1 sementes).

Concluindo, que a maior inibição do crescimento do patógeno por Bacillus amyloliquefaciens, às 96 horas de exposição ao antagonista, é garantida pelas doses 0,09 e 0,075 g i.a. mL-1, respectivamente. Em 96 horas de exposição o extrato etanólico de própolis marrom (EEP) assegura inibição maior que 90% no crescimento de Sclerotinia sclerotiorum, mesmo na menor dose testada (1,25%).

O EEP e Bacillus amyloliquefaciens, na dose 3 mL kg-1 sementes, reduzem a incidência de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de zínia em 77,5% e 59,5%, respectivamente, e apresentam potencial para uso em estudos futuros.

 

Publicado
13-10-2021