LESSON STUDY E COLABORAÇÃO PROFISSIONAL

ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA

  • Edson Cordeiro dos Santos Junior UFFS
Palavras-chave: Lesson Study; Colaboração profissional; Estudos de aula.

Resumo

O estudo de aula (lesson study), originário do Japão no início do século XX, consiste em uma abordagem de desenvolvimento profissional de professores centrada na prática letiva, que assume natureza colaborativa e reflexiva. Essa abordagem ganhou visibilidade no mundo após ser disseminado nos Estados Unidos, atraindo, depois disso, o interesse de educadores e investigadores de todo o mundo. Por sua dinâmica de desenvolvimento e possibilidades de promover aprendizagens profissionais de professores, os estudos de aula têm sido implementados e investigados em vários países ao redor do mundo. Diante disso, nos propomos a examinar a colaboração em estudos de aula nas produções acadêmicas brasileiras (dissertações, teses e artigos científicos) sobre esta temática. Além disso, nos dedicamos a analisar alguns princípios da colaboração profissional praticados no contexto de um ciclo de estudo de aula realizado com professores de matemática pertencentes a escolas públicas de ensino do estado do Rio Grande do Sul vinculadas a 15ª Coordenadoria Regional de Educação. O ciclo de estudo de aula que vamos abordar foi desenvolvido pela Profª Adriana Richit, com o apoio do Prof. Mauri Luís Tomkelski, mediante uma parceria entre o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática e Tecnologias – GEPEM@T e a 15ª CRE. O estudo de aula constituiu-se de 12 encontros de 2,5 horas cada, realizados quinzenalmente nas dependências da 15ª CRE. As atividades foram desenvolvidas de agosto a dezembro de 2019, sendo que as aulas de investigação, que consistem na terceira etapa do estudo de aula, foram realizadas em turmas do 8.º ano de duas escolas públicas diferentes, sendo uma em Gaurama e a outra em Marcelino Ramos.

A colaboração se refere ao princípio cooperativo da associação entre professores em formas administrativamente reguladas e previsíveis (Hargreaves, 1998). Fialho e Sarroeira (2012) ressaltam que a colaboração pode dar-se de forma espontânea, voluntária e informal entre membros do grupo profissional, baseando-se na partilha e confiança, e permeando atividades distintas, tais como a partilha de materiais, a planificação de aulas e atividades profissionais, definição de critérios e instrumentos de avaliação e discussão dos resultados alcançados nas práticas de sala de aula. Boavida e Ponte (2002) referem-se à colaboração

como um processo que pressupõe a adesão voluntária e uma relação próxima entre os participantes. A colaboração, portanto, concretiza-se à medida que os integrantes do grupo se comprometem a “fornecer apoio mútuo, oferecer feedback construtivo, desenvolver objetivos comuns e estabelecer limites que apresentem desafios (mas que sejam ao mesmo tempo realistas) a respeito daquilo que pode ser razoavelmente realizado” (Hargreaves, 1998, p. 19).

Orientados por esses princípios examinamos o desenvolvimento de um estudo de aula, analisando as atividades e interações entre os professores em todos os encontros, buscando identificar os princípios da colaboração que foram efetivados no decorrer do processo, principalmente a confiança, o diálogo, a partilha e a cooperação. Assim, a partir desse processo foi possível concretizar a colaboração, que se diferencia da cooperação, na qual se costuma hierarquizar a divisão de tarefas, tornando a dinâmica do trabalho pesada.

 

Publicado
08-10-2020