PRODUÇÃO INTEGRADA DE GRÃOS E HORTALIÇAS EM PLANTIO DIRETO ORGÂNICO COM DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA DE ADUBAÇÃO VERDE.

  • Rafaela Cordeiro de Sousa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Henrique von Hertwig Bittencourt
Palavras-chave: plantas espontâneas, adubação verde, controle biológico.

Resumo

 

PRODUÇÃO INTEGRADA DE GRÃOS E HORTALIÇAS EM PLANTIO DIRETO ORGÂNICO COM DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA DE ADUBAÇÃO VERDE.

 

RAFAELA CORDEIRO DE SOUSA[1], HENRIQUE VON HERTWIG BITTENCOURT[2]

 

1 Introdução

                   O manejo de plantas espontâneas na produção orgânica segue sendo um grande desafio para os produtores. Diante disso, os adubos verdes podem surgir como um auxílio expressivo para diminuir problemas no manejo, tais como a persistência de plantas espontâneas, degradação do solo, diminuição do valor da terra, redução da capacidade de lotação, contaminação do produto final, consequentemente aumenta o custo de produção e possibilita a intoxicação alimentar (CASTRO, 2011).

                   A competitividade que as plantas espontâneas promovem podem refletir na redução da produção, quantitativamente e qualitativamente. O monitoramento do surgimento de plantas espontâneas é indispensável devido ao banco de sementes ser constituído por espécies persistentes, isto é, permanecem viáveis por mais de um ano até que consigam meios adequados para que ocorra sua germinação. Essa adaptação e capacidade de se estabelecer é típico de plantas agressivas que rapidamente se proliferam e se tornam dominantes na área (CARVALHO, 2013).

                   A adubação verde atua de modo a potencializar a produção de biomassa, seja ela semeada em sucessão, rotação ou consórcio. É uma prática que requer conhecimento, visto que cada espécie pode promover resultados distintos, tais como tempo de decomposição da cobertura, quantidade de massa verde/seca, liberação de compostos alelopáticos no solo e velocidade de crescimento das culturas agrícolas em sucessão (SARTORI, 2011).

                   Na produção orgânica, o sistema de plantio direto vem se destacando como técnica eficiente na supressão de plantas daninhas (ALTIERI et al., 2011). De acordo com as características das espécies cultivadas e do ambiente de produção (agroecossistema) é possível escolher dentre as opções de adubação verde disponíveis, aquelas que melhor combinam melhoria na conservação do solo e diminuição na incidência de plantas daninhas importantes para a cultura agrícola.

 

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Avaliar a influência das densidades de semeadura de adubação verde em consórcio em sistema de produção integrado orgânico de grãos e hortaliças.

 

2.2 Objetivo específico

- Definir as espécies de plantas espontâneas de maior expressão;

- Determinar o banco de sementes de plantas espontâneas;

- Avaliar a produtividade dos grãos e hortaliças.

 

3 Metodologia

            O trabalho foi realizado na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Laranjeiras do Sul, implantado em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições, sendo cada parcela 4m x 4m. Os tratamentos foram constituídos por 5 densidades de semeadura do consórcio de aveia, ervilhaca e nabo (0, 40, 80, 100, 120 e 160%), posteriormente foi semeado milho (variedade IPR 114) e feijão (variedade IPR Gralha). Não houve transplantio das mudas de hortaliças devido à paralisação das atividades do projeto em decorrência da suspensão das atividades presenciais na UFFS na pandemia do COVID-19 em abril de 2020.

            Foi realizada uma amostragem para avaliação do banco de sementes de plantas espontâneas do solo, retirando uma amostra de 500g de solo de cada parcela, disposta em bandejas, submetidas em ambiente controlado de uma câmara de germinação bod, sendo 25 ºC e com 12 horas de luz. O fluxo de germinação foi contabilizado a cada 7 dias, e após estabilização do fluxo, foram descartadas as amostras. Também foi realizada a determinação de plantas espontâneas de maior relevância, onde em cada parcela foram amostradas 2 subparcelas ao acaso, com o auxílio de um gabarito de 0,25m², foram contabilizadas em quantidade e em massa, após isso foram descartadas. A colheita do feijão foi realizada 77 dias após a semeadura, e a do milho com 137 dias. Quanto aos demais manejos realizados, estão as adubações, cercamento da área, delimitação das parcelas e as limpezas mensais das linhas.

 

4 Resultados e Discussão

4.1 Incidência de plantas espontâneas a campo

            As plantas de maior frequência na área foram braquiária, nabiça e guanxuma, como mostra a Tabela 01.

Tabela 01- Incidência das principais plantas espontâneas a campo.

 

4.2 Produção de matéria seca de plantas espontâneas

            Baseado nos resultados da MS das plantas espontâneas amostradas das parcelas, pode-se observar que houve uma resposta favorável a partir de 80% da dose, considerando o propósito de reduzir os impactos negativos que as plantas espontâneas podem causar.

Gráfico 01 - MS das plantas espontâneas nas diferentes percentagens de semeadura de adubação verde.

 

4.3 Banco de sementes de plantas espontâneas

            As plantas de maior frequência nas amostras de solo de 500g foram braquiária, nabiça e guanxuma. Para melhor percepção, a tabela abaixo apresenta os dados na proporção de plantas por hectare, numa profundidade de 5cm de solo, com densidade de 1,35 kg/dm³.

 

Tabela 02 - Banco de sementes de plantas espontâneas por hectare.

5 Conclusão

Mesmo no primeiro ano deste trabalho, há indícios de que seja possível e viável utilizar uma dose inferior do que a recomendada de semeadura de adubos verdes a fim de controlar e/ou minimizar os impactos causados pelas plantas espontâneas. Isso porque, para obter maior precisão é imprescindível repetir as avaliações nos anos subsequentes.

 

6 Referências

ALTIERI, M. A.; LANA, M. A.; BITTENCOURT, H. V.; KIELING, A. S.; COMIN, J. J.; LOVATO, P. E. Enhancing Crop Productivity via Weed Suppression in Organic No-Till Cropping Systems in Santa Catarina, Brazil, Journal of Sustainable Agriculture, 35:8, 855-869, 2011. DOI: 10.1080/10440046.2011.588998.

CARVALHO, L. B. Plantas Daninhas. Editado pelo autor. Lages - SC, 2013. Disponível em: https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/fitossanidade/leonardobiancodecarvalho/livro_plantasdaninhas.pdf. Acesso em: 18 ago 2020.

CASTRO, G. S. A.; et al. Sistema de produção de grãos e incidência de plantas daninhas. Planta daninha vol.29 no.spe Viçosa  2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php? script=sciarttext&pid=S0100-83582011000500006. Acesso em: 13 ago 2020.

SARTORI, V.C; et al. Adubação verde e compostagem: estratégias de manejo do solo para conservação das águas. Dados eletrônicos. - Caxias do Sul, RS : Educs, 2011. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1wpsOARfCItQFsEzG8eCgiEH8ungIhPwL/edit Acesso em: 03 ago 2020.

 

Palavras-chave: plantas espontâneas, adubação verde, controle biológico.

Financiamento: Fundação Araucária.

 

[1]     Acadêmica do 9º período de Agronomia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Laranjeiras do Sul, contato: rafaelacordeirodesousa@gmail.com

[2]      Docente, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contato: Henrique.bittencourt@uffs.edu.br, Orientador

Publicado
07-10-2020