PEROXIDAÇÃO DE LIPÍDIOS DE MEMBRANA E TEOR DE CLOROFILA EM FEIJOEIRO TRATADO COM PREPARADOS HOMEOPÁTICOS E EXPOSTO A HERBIVORIA DE INSETOS

  • Egabrieli Garbin Universidade Federal da Fronteira Sul- campus Erechim
  • Denise Cargnelutti
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L.; homeopatia; defesa vegetal.

Resumo

PEROXIDAÇÃO DE LIPÍDIOS DE MEMBRANA E TEOR DE CLOROFILA EM FEIJOEIRO TRATADO COM PREPARADOS HOMEOPÁTICOS E EXPOSTO A HERBIVORIA DE INSETOS

 

EGABRIELI GARBIN[1],[2]*, GABRIELA DE MELO SANTIAGO[3], TARITA CIRA DEBONI5, DENISE CARGNELUTTI2,[4]

 

1 Introdução

O feijão representa a principal fonte proteica da alimentação brasileira, destacando-se por sua importância nutricional e social (MESQUITA et al., 2007). O cenário agrícola brasileiro tem o monocultivo em larga escala, gerando ambientes inóspitos, nos quais a biodiversidade é quase eliminada, o cultivo de uma planta e/ou contínuo desta cria as condições de vida para a multiplicação acelerada e desequilibrada de alguns insetos indesejados (monófagos), ou seja, são específicos de um gênero vegetal ou até de uma só espécie gerando explosões populacionais causando desequilíbrio (GLIESSMAN, 2000). Com o intuito da redução dos efeitos de estresse por herbivoria de insetos, a homeopatia provoca efeitos fisiológicos podendo ser algumas vezes sutis, entretanto promovendo a indução a resistência vegetal (FONTES, 2005).

2 Objetivos

O objetivo deste trabalho foi estimar a peroxidação de lipídios de membrana e o teor de clorofila em folhas de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), submetidas a exposição por herbivoria de insetos e tratadas com os preparados homeopáticos Arsenicum álbum e Silicea terra.

3 Metodologia

O estudo foi realizado na área experimental e no laboratório de Entomologia e Bioquímica da Universidade Federal da Fronteira Sul no munícipio de Erechim – RS, Brasil. A área está localizada nas coordenadas geográficas: latitude 27°43'22,2"S e longitude 52°17'50,9"W. O solo da área foi caracterizado como Latossolo Vermelho Aluminoférrico típico (STRECK et al., 2018). O clima da região é classificado como Cfa, com 17,7 °C de temperatura média e 1.872 mm de pluviosidade média anual (KÖPPEN; GEIGER, 1928).

O delineamento experimental foi fatorial em blocos casualizados, com parcela subdividida. Os tratamentos foram: a aplicação dos preparados homeopáticos Arsenicum album 6CH, Silicea terra 6CH ambos em álcool 5%, controle com água destilada e a subparcela na ausência ou presença de tela de proteção à herbivoria, totalizando seis tratamentos com quatro repetições. Os preparados homeopáticos foram diluídos na proporção de 1% (10 ml para cada 1 L de água destilada), sendo aplicados diretamente sobre as plantas, via pulverização com volume de calda de 200 L ha-1. A primeira aplicação foi após 10 dias da semeadura (DAS), com as plantas em estádio V2 (folhas primárias) e as demais a cada 8 dias, totalizando 5 aplicações.

 As parcelas experimentais mediam 25 m2, cultivo de cobertura foi de aveia preta, e posterior foi realizado o preparo do solo com gradagem. A semeadura do feijão cultivar BRS Esteio, ocorreu no dia 04 de março de 2019, de forma mecanizada na densidade média de 24 plantas m-2. A adubação foi de 200 Kg ha-1 com adubo mineral de fórmula 2–20–20 (N- P- K). Após a emergência das plantas, estádio V1, a subparcela foi coberta com tela de nylon de 18 mesh, sustentada por quatro estacas de madeira de 1,5 m de altura, cobrindo uma área de 3 metros por 1,5 metros, a fim de isolar as plantas do dano de insetos. Para o controle de plantas daninhas, foi realizado a capina manual entre as linhas de cada parcela.

 O teor de clorofila (TC) foi determinado fazendo-se o uso de um clorofilômetro portátil modelo SPAD 502– Plus, medindo a variável em cinco pontos de cada planta, nas folhas inferiores, medianas e superiores do dossel aos 20 DAS e aos 35 DAS. As amostras para as análises bioquímicas foram coletadas aos 30 DAS (estádio V4) e aos 60 DAS (estádio R5, pré-floração), onde foram retiradas as plantas e separadas raiz e parte aérea, acondicionadas em sacos de alumínio e imersas imediatamente em nitrogênio líquido para congelamento, transporte e após armazenas em freezer (-20°C) até o momento das análises.

A peroxidação lipídica de membrana foi estimada pela concentração de malonaldeido (MDA) produzido após a reação com o ácido tiobarbitúrico (TBA) através da metodologia proposta por Hodges et al. (1999). A parte aérea do feijoeiro foi macerada em tampão de homogeneização, ácido tricloroacético (TCA) 0,1%, em uma proporção (1:20) sendo utilizado 0,125g do material vegetal para 2,5ml do TCA. Após, o extrato vegetal foi centrifugado a 10.000 rpm por 10 min, em temperatura de 4°C. Para a reação das amostras de cada repetição dos tratamentos, em um tubo de ensaio adicionou-se 500 µl do extrato, com 1,5ml do TCA e mais 1,5 ml de tampão de reação (TBA 0,5%), e em outro tubo a mesma amostra com 500 µl foi completada somente com 1,5 ml de solução de TBA. Esse material foi encubado por 25 min, em banho maria sob agitação e a uma temperatura de 95°C. Passado o tempo, a reação foi estabilizada em banho de gelo, por 10 min. Em sequência, uma recentrifugação foi feita a 3.000 rpm por 10 min, onde o sobrenadante foi coletado e procedeu-se as leituras em espectrofotômetro em absorbâncias de 440, 532 e 600 nm para cada amostra.

4 Resultados e Discussão

Não houve diferença significativa no teor de clorofila, em nem um tempo de coleta e nos diferentes tratamentos aplicados. Porém, a peroxidação de lipídios de membrana mostra maior concentração em parcelas sem tela de proteção contra os insetos nos dois períodos avaliados. E também, os tratamentos homeopáticos e testemunha não se diferenciaram entre si gerando incremento significativo no teor de MDA.

Floss (2011) ressalta que clorofila permite a absorção da energia radioativa solar pelo processo de fluorescência, dando início ao processo de fotossíntese que tem como principal produto os glicídios. Um dos destinos dos fotoassimilados é formação de lipídios, através da conversão da glicose em Acetil-COA pelo processo glicolítico em condições anaeróbicas, sintetizando os ácidos graxos. Esses associados ao glicerol (formado por fosfo-di-hidroxi-acetona “PDA”) mais fósforo constituem os fosfolipídios elementos das membranas celulares (cutina e suberina) que tem como função a proteção dos vegetais, além de outros compostos secundários como por exemplo, os terpenos. Quando a planta se encontra em situação de estresse com menor redução do dióxido de carbono (CO2) forma substâncias reativas como oxigênio oxidativo (O2-) e peróxido de hidrogênio (H2O2) que geram danos a parede celular da planta (peroxidação de lipídios de membrana).

5 Conclusão

Na avaliação dos resultados do MDA, que é um indicador de indução de resistência a estresses, os resultados mostram que houve significância apenas para o fator tela de proteção, pois as plantas que foram acometidas pela hebivoria de insetos tiveram aumento do teor de MDA. Os resultados não mostraram diferença significativa entre os tratamentos para o teor de clorofila das folhas de feijoeiro, para nenhum dos estádios fenológicos avaliados (20 e 35 DAS).

Referências

FLOSS, E. L. Fisiologia das plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que você vê. 5. ed, Passo Fundo. 734. p, Universidade de Passo Fundo. 2011.

 

FONTES, O. L. Farmácia Homeopática- Teoria e Prática. 2 ed. São Paulo: Ed. Manole, 388, p. 2005.

 

GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: Processos Ecológicos em Agricultura Sustentável. Editorial UFRGS. Porto Alegre, Brasil. 653, p. 2000.

 

HODGES, D. M. et al. Improving the thiobarbituric acid-reactive-substances assay for estimating lipid peroxidation in plant tissues containing anthocyanin and other interfering compounds. Planta, v. 207, n. 4, p. 604–611, 1999.

 

KÖPPEN, W.; GEIGER, R. Klimate der Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes, 1928.

 

 MESQUITA, F. R. et al. Linhagens de feijão (Phaseolus vulgaris L.): composição química e digestibilidade protéica. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1114-1121, jul./ago., 2007.

 

STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 3. ed. rev. e ampl. Porto Alegre; Emater/RS Ascar. 252, p. 2018.

 

MAUTE, C. et al. Homeopatia para plantas. Um guia prático para plantas de interior, sacadas e jardins. 12. ed, Editora Organon. São Paulo. Brasil. 2018.

 

BONATO, C. M. Homeopatia para o agricultor: princípios e aplicações práticas. Maringá: UEM, 2010.

 

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L.; homeopatia; defesa vegetal.

Financiamento: CNPQ e UFFS.

 

1 Acadêmica do curso de Agronomia, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Erechim, contato: egabrieligarbin123@gmail.com

2 Grupo de Pesquisa: Agricultura Familiar e Transição Agroecológica (AFTA)

3 Acadêmica do curso de Agronomia, UFFS, Campus Erechim,

4 Doutora em Bioquímica, UFFS, Campus Erechim.  Orientadora.

5 Doutora em Agronomia, UFFS, Campus Erechim.

6 Título do projeto (Edital Nº 681/GR/UFFS/2017): Estudos sobre homeopatia vegetal: a homeopatia como ferramenta para promover a defesa de plantas de feijoeiro contra a herbivoria de insetos.

Publicado
08-10-2020