POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE SYZYGIUM AROMATICUM SOBRE BACTÉRIAS ORIUNDAS DE CÃES ACOMETIDOS POR OTITE EXTERNA
Resumo
1 Introdução/Justificativa
A dermatologia veterinária é a principal área da medicina veterinária procurada pelos tutores de animais de companhia, uma vez que os pacientes atendidos geralmente apresentam alguma alteração tegumentar. O tratamento desse tipo de afecção é longo, com custo elevado e muitas vezes acaba sendo realizado incorretamente, causando resistência aos antimicrobianos convencionais utilizados no tratamento (ESCOLA DE VETERINÁRIA; CRMV-MG, 2013).
Dentre as principais dermatopatias que acometem animais de companhia encontram-se as doenças auditivas, onde a otite externa apresenta-se como uma das mais importantes, atingindo uma prevalência de até 20% na população canina (McKEEVER; TORRES, 1988).
A otite externa é uma doença de etiologia multifatorial, com inúmeros fatores predisponentes que se relacionam com a infecção em cães (GREENE, 1993), podendo ser citados a microbiota do ouvido externo do animal, constituída por cocos e bastonetes Gram-positivos e leveduras da espécie Malassezia pachydermatis (BONATES, 2003).
As pesquisas de plantas medicinais e suas propriedades farmacológicas são fundamentais para o desenvolvimento de terapias efetivas contra microrganismos multirresistentes (ENIOUTINA et al., 2017) e diversas formulações são utilizadas com essa função, entre elas o cravo-da-índia.
O cravo-da-índia possui composto químico eugenol, o qual proporciona propriedades anti séptica, bactericida, fungicida, parasiticida, antimicótica e principalmente antimicrobiana. Os extratos de cravo-da-índia têm demonstrado atividade inibitória in vitro frente a cepas de Staphylococccus aureus resistentes a penicilina G, Escherichia coli, Candida albicans e Candida tropicalis (HEMAISWARYA; DOBLE, 2009).
2 Objetivos
Geral
- Avaliar a atividade antimicrobiana do óleo de cravo-da-índia sobre microrganismos causadores de otite externa isolados a partir do conduto auditivo de cães.
Específicos
- Isolar e identificar os principais agentes causadores de otite externa em cães;
- Definir a concentração inibitória mínima do óleo essencial de cravo-da-índia frente a isolados de otite externa em cães;
- Definir a concentração bactericida mínima do óleo essencial de cravo-da-índia frente a isolados de otite externa em cães.
3 Material e Métodos/Metodologia
A pesquisa foi realizada na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Campus Realeza. Os animais selecionados para o estudo foram pacientes da rotina dermatológica pertencente à Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU-UFFS). As análises microbiológicas foram realizadas no laboratório de microbiologia da UFFS.
No período entre novembro de 2018 a março de 2019 ocorreu a coleta do material. Em seguida, foram confeccionadas lâminas para microscopia por coloração de Gram e as mesmas foram semeadas em ágar Mueller Hinton e ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol e mantidas em estufa. Após esse processo os microrganismos isolados foram identificados e inoculados. A partir disto, foi retirada uma alçada que foi transferida para um tubo com tal caldo e incubada. Na sequência, a concentração de microrganismos foi padronizada na escala McFarland, obtendo-se uma absorbância de aproximadamente 0,093Å (CLSI, 2015).
A atividade antimicrobiana se deu por microdiluição em microplacas duplicatas (CLSI, 2015). A microplaca foi lida em espectrofotômetro e incubada para realização de nova leitura. A concentração inibitória mínima (CIM) foi estabelecida por meio de um revelador (Resazurina 0,01%), ao obter cor azul a mesma indica ausência de crescimento microbiano, já a coloração rosa/vermelha indica crescimento (ARAUJO; LONGO, 2016). A concentração bactericida mínima (CBM) foi avaliada através da semeadura do conteúdo de cada poço em placas de ágar Mueller Hinton (ARAUJO; LONGO, 2016). A concentração fungicida mínima se deu pela semeadura do conteúdo dos poços em placas de ágar Sabouraud.
4 Resultados e Discussão
Os microrganismos dos cães com otite, como ilustra o quadro 1, foram vinte e quatro amostras, sendo nove Cocos Gram positivo, Catalase positivo e Coagulase positivo. Quatro Cocos Gram positivo, Catalase positivo e Coagulase negativo. Três Bacilos Gram negativo e um Bacilo Gram positivo. Cinco leveduras. Por fim, duas amostras não foram possíveis de serem identificadas.
Quadro 1: Amostras obtidas.
Conforme o quadro 2, o óleo alcançou uma CIM de 0,1% mantendo a maioria dos testes em 1,25%. Já a CBM obteve-se 0,3% enquanto a maioria manteve-se em 2,5%.
Quadro 2: Teste - CIM - CBM.
Em um estudo realizado por Nogueira, Diniz e Lima (2008), os mesmos também testaram o efeito do óleo essencial de syzygium aromaticum sobre otite externa, o qual levou a uma ação antimicrobiana em uma concentração de 4% sobre bactérias Gram positivas, sendo estas, cepas de
Staphylococcus e Candida. E, por fim, uma pesquisa desenvolvida por Probst (2012) também demonstrou que o óleo essencial de cravo-da-índia apresenta um excelente potencial antibacteriano.
5 Conclusão
O cravo-da-índia tem apresentado resultados satisfatórios no tratamento de casos de otite, podendo se tornar uma alternativa terapêutica muito eficiente, entretanto, é de fundamental importância mais pesquisas em torno de sua citotoxicidade.
Referências
ARAÚJO, Márcio Martins de; LONGO, Priscila Larcher. Teste de ação antibacteriana in vitro de óleo essencial comercial deOriganum vulgare (orégano) diante descansa de Escherichia Coli e Staphylococcus aureus. Arquivos do Instituto Biológico, [s.1], v. 8 p.1-7, 2016.
CLSI - CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE (USA). Methods for Dilution Antimicrobial Susceptibility Test for Bacteria That Grow Aerobically: M07-A10. 10 ed. Wayne: Clinical and Laboratory Standards Institute, p.112, 2015.
ENIOUTINA, E. Y. et al. Phytotherapy as an alternative to conventional antimicrobials: combating microbial resistance. Expert Review Of Clinical Pharmacology, p.1-12, 2017.
HEMAISWARYA, S.; DOBLE, M. Synergistic interaction of eugenol with antibiotics against Gram negative bacteria. Phytomedicine, Alemanha, v. 16, n. 11, p. 997-1005, nov. 2009.
PROBST, I. S. Atividade antibacteriana de óleos essenciais e avaliação de potencial sinérgico.Instituto de Biociência, Bocantu - SP, p 1-112, 2012.
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