MORTALIDADE POR CÂNCER INFANTOJUVENIL NA MACRORREGIÃO DE SAÚDE DO GRANDE OESTE DE SANTA CATARINA, NO PERÍODO DE 2006 A 2016

  • Gilnei Fitler Soares Universidade Federal da Fronteira Sul campus Chapecó
  • Flora Alcantara Nunes Universidade Federal da Fronteira Sul campus Chapecó
  • Rafaela Reis Ribeiro Universidade Federal da Fronteira Sul campus Chapecó
  • Maíra Rossetto Universidade Federal da Fronteira Sul campus Chapecó
  • Jane Kelly Oliveira Friestino Universidade Federal da Fronteira Sul campus Chapecó https://orcid.org/0000-0002-5432-9560

Abstract

1 Introdução

Segundo o Relatório Nacional de Vigilância das Populações Expostas a Agrotóxicos (2018), houve um aumento de mais de 100 por cento na comercialização de agrotóxicos no Brasil. Esse aumento na comercialização eleva o risco de impactos negativos tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana, principalmente relacionada ao desenvolvimento de doenças como lesões hepáticas, teratogênese e câncer (CARNEIRO ET AL., 2015). Este uso de pesticidas é capaz de causar a contaminação dos recursos hídricos tanto perto das lavouras quanto em locais distantes, pois os resíduos se espalham quando ocorrem a chuvas, aumentando ainda mais sua área de contaminação. Diante disso, neste ano de 2019 o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) apresentou um parecer técnico com a análise química da água para o abastecimento público de 90 municípios catarinenses, sendo que, em 22 cidades foi detectada a presença de agrotóxicos e dessas, 01 pertence à Macrorregião Região de Saúde do Grande Oeste (Coronel Freitas), com presença de 02 dos componentes proibidos desde 2004. O diagnóstico do câncer infantil causa um grande impacto para a criança e sua família, constituindo-se em um acontecimento devastador, capaz de provocar mudanças e reações inesperadas .Essa morbidade na citada faixa etária tem desenvolvimento rápido, ao mesmo tempo que apresenta maior resposta ao tratamento. As neoplasias mais frequentes entre crianças e adolescentes (até 19 anos) são as leucemias, os tumores do Sistema Nervoso Central e os linfomas, sendo que de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) entre 2018 e 2019 ocorrerão mais 12.500 novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil (2017). Por situar-se em uma região com uma forte influência de economia agrícola, torna-se importante conhecer e analisar os dados epidemiológicos relacionados ao câncer infantojuvenil, a fim de definir estratégias de saúde que auxiliem o tratamento e evitem maiores índices de óbitos.

2 Objetivos

Conhecer a distribuição de óbitos de menores de 19 anos, causados por neoplasias no Sistema Nervoso Central, Leucemias e Linfomas.

3 Metodologia

Trata-se de um estudo ecológico sobre mortalidade infantojuvenil por neoplasia no Sistema Nervoso Central (SNC), Linfoma e Leucemia nos municípios da Macrorregião de Saúde do Grande Oeste de Santa Catarina, no período de 2006 a 2016. Considerou-se como câncer infantojuvenil os casos em menores de 19 anos de idade. Foram estudados os municípios pertencentes à Macrorregiãode saúde do Grande Oeste, tendo como base a média da população residente no período de 20016 a 2016. Foram utilizados os óbitos por residência extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/DATASUS), classificados por causa básica e óbito, de acordo com a CID-10, sendo estas: C70 a C72 para o SNC, C81 a C85 para Linfoma e C91 a C96 para Leucemia, além de estratificações segundo faixa etária. Esses dados foram organizados em planilhas eletrônicas e posteriormente calcularam-se os coeficientes médios de mortalidade por causa específica oriundos dos municípios da Macrorregião de Saúde Oeste de Santa Catarina.

4 Resultados e Discussão

A Macrorregião é composta por 76 municípios. Entre os anos de 2006 a 2016 ocorreram 73 óbitos correspondentes aos três principais grupos de causa em crianças e adolescentes. Deste, 35 (48%) óbitos de menores de 19 anos foram causados por Leucemia, 33 (45%) óbitos causados por neoplasia no SNC e 5 (7%) óbitos causados por Linfoma, conforme Figura 1.

Figura 1. Disttribuição dos óbitos por Leucemias, Linfomas e SNC em menores de 19 anos de idade nos municípios da Macrorregião de Saúde do Grande Oeste de Santa Catarina entre 2006 e 2016. câncer infantojuvenil segundo causa

Fonte: Elaborado pelo Autor

Após o cálculo dos coeficientes médios de mortalidade correspondentes a essas neoplasias, foram identificados: 335 óbitos/milhão/hab por Leucemia, 315,85 óbitos/milhão/hab por cancer no SNC e 47,86 óbitos/milhão/hab por Linfomas. Já, ao analisar os dados individualmente, destacam-se a cidade de Flor do Sertão (112,36 óbitos/milhão/hab) para Leucemia, Descanso (112,36 óbitos/milhão/hab) para Linfomas e Irati (112,36 óbitos/milhão/hab) para neoplasias no SNC.

Os dados levantados estão de acordo com a tendência mundial, visto que a Leucemia, por exemplo, causa 39% das mortes na Europa e 50% na Oceania e Ásia. (CURVO, 2013). Além disso, a sequência encontrada na macrorregião oeste também foi encontrado em outras regiões do Brasil, como em um estudo no Mato Grosso de 2000 a 2006 (BARBOSA et, al., 2019).

5 Conclusão

Pode-se identificar que a maior parte dos óbitos infantojuvenis são relacionados com as leucemias tanto em porcentagem quanto em relação ao coeficiente de mortalidade. Entretanto, algumas cidades não apresentaram o mesmo padrão relacionado à macrorregião, destacando-se a cidade de Descanso para linfoma e Irati para câncer no SNC. Espera-se com este trabalho, a contribuição para o melhor conhecimento dos tipos de neoplasias apresentadas por menores de 19 anos, ampliando as informações disponíveis sobre o assunto, de forma a estimular novos estudos que possam melhorar o diagnóstico e o tratamento de neoplasias infantojuvenis na macrorregião oeste do Estado de Santa Catarina.

 

Referências

BARBOSA, I. M. et al. Câncer infantojuvenil: relação com os polos de irrigação agrícola no estado do Ceará, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 1563–1570, 2 maio 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório Nacional de Vigilância das Populações Expostas a Agrotóxicos. 2018. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_nacional_vigilancia_populacoes_expostas_agrotoxicos.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019.

BRASIL. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Ministério da Saúde (Ed.). Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/estimativa/2018/estimativa-2018.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2019.

CARNEIRO, F. F. (Org.). Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2015. Disponível em <https://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/DossieAbrasco_2015_web.pdf> Acesso em: 24 de julho de 2019.

CURVO, H. R. M.; PIGNATI, W. A.; PIGNATI, M. G. Morbimortalidade por câncer infantojuvenil associada ao uso agrícola de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro: 2013.

 

Palavras-chave: mortalidade; regiões de saúde; neoplasias.

Financiamento: Universidade Federal da Fronteira Sul – Edital 1010/GR/UFFS/2018

Published
24-09-2019