REFLEXOS DA TEORIA DAS DESCRIÇÕES DEFINIDAS DE RUSSELL NO COMPROMISSO ONTOLÓGICO DE QUINE

  • Lethicia Severo Uffs estudante
  • Newton Peron Marques

Resumen

O presente trabalho é um recorte do projeto de iniciação científica intitulado “Críticas de Kripke e Strawson ao compromisso ontológico de Quine’’, no qual se destaca a importância da teoria das descrições definidas de Bertand Russell apresentada em “Da Denotação’’ para compreender a teoria do compromisso ontológico de Willard Von Orman Quine localizada  no ensaio “Sobre o que há’’. Para Russell, em “Da Denotação" as expressões denotativas se dividem em três categorias : as que não denotam nada, como em “o atual rei da França’’; as que denotam um objeto definido, como em “a atual rainha da Inglaterra’’; e as que denotam de maneira ambígua, como “um homem’’. As descrições definidas são as expressões denotativas que começam com o artigo definido “o” ou “a” e que procuram denotar um único indivíduo. O método de Russell consiste em substituir descrições definidas por meio de sentenças que envolvem existência e unicidade (existe um e somente um x). Ele pode ser aplicado para eliminar um nome, mais precisamente para os fins de nossa investigação, um nome próprio, na medida em que este for compreendido como sinônimo de uma certa descrição definida. Já Quine ao abordar certos problemas ontológicos, depara-se com o argumento circular na pergunta ‘’o que há ?’’, e a enorme desvantagem para quem defende uma tese que nega que algo é um ser, esse problema é conhecido como “a barba de Platão”. Pois, ao negar o ser de  algo, como o ser de Pégaso, está pressuposto pelo menos que Pégaso é o sujeito da sentença “Pégaso não é”, sendo, portanto, algo. O autor segue argumentando a favor de certa economia ontológica, onde o universo não é povoado por seres que tiveram a infelicidade de existir. A tese quineana leva em consideração o princípio da navalha de Ockham aplicado à ontologia, fugindo da abundância metafísica. Nesse sentido, Quine defende a tese do compromisso ontológico de certa teoria formal. Uma teoria formal é um conjunto de axiomas formalizados na lógica de primeira ordem. Para tanto, o compromisso ontológico busca o menor domínio da teoria entre todos os domínios de todas as estruturas, que fazem com que o conjunto de axiomas da teoria sejam verdadeiros. Com relação ao problema de Pégaso e outras quimeras ontológicas, buscando uma resposta mais logicista, Quine defende que os nomes devem ser convertidos em descrições definidas pelo método de Russell. Por exemplo, o nome “Pégaso” seria substituído pela descrição definida “o cavalo alado de Belerofonte”. Essa descrição definida, por sua vez, é substituída pela sentença que atribui existência e unicidade : “existe um x que é um cavalo alado de Belerofonte e, se existir um y que é cavalo alado de Belerofonte, y é igual a x”, o que é uma sentença falsa. Caso seja difícil encontrar uma descrição correspondente, o nome pode ser substituído por um predicado; no caso de “Pégaso”, Quine sugere o predicado “pegaseia”. Assim, alternativamente, poderíamos substituir “Pégaso” pela sentença “existe um x que pegaseia e se existir um y que pegaseia, y é igual a x”, o que também é falso. Desse modo, o autor toma o método de Russell de substituir nomes próprios por descrições definidas e essas por sentenças envolvendo existência e unicidade para formular sua tese ontológica, resumida na máxima “ser é ser o valor de uma variável”.

Publicado
05-09-2019