A HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL

  • Luana Taís Vier Universidade Federal da Fronteira Sul Cerro Largo
  • Fabiane de Andrade Leite
Palavras-chave: Currículo; Base Nacional Comum; Formação de professores; História da Ciência.

Resumo

1 Introdução/Justificativa

Apresentamos neste texto os resultados de uma pesquisa que buscou investigar a presença de História da Ciência (HC) em documentos curriculares nacionais. Por meio do estudo analisamos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), do Ensino Fundamental acerca da presença de aspectos históricos nas temáticas da área de Ciências da Natureza (CN), e, com a intenção de identificar avanços nesse sentido, realizamos uma comparação com os Parâmetros Curriculares Nacionais.  

Destaca-se a relevância do estudo ao considerar que no cenário educacional é crescente a discussão acerca do uso da História da Ciência (HC) em sala de aula como forma de proporcionar aos alunos uma maior compreensão acerca dos fatos que contribuíram para a evolução científica e tecnológica. Essa perspectiva didática emerge em um momento em que se busca a superação da postura de quem ensina Ciências como simples descrição de teorias, sem buscar seus aspectos humanos e, portanto, éticos e culturais.

2 Objetivos

            Analisar a perspectiva de utilização da HC na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Fundamental;

3 Material e Métodos/Metodologia

O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa, conforme Lüdke e André (1986), no qual foram analisados documentos curriculares nacionais, sendo eles: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o ensino fundamental e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), quanto a perspectiva da utilização de HC nas séries finais do ensino fundamental.

Inicialmente, fez-se uma leitura da parte introdutória da BNCC, buscando identificar as competências específicas da área do conhecimento. Na sequência tivemos como foco o estudo da parte introdutória do documento dos PCNs e também dos PCNs da área de CN, correspondente ao terceiro e quarto ciclos dos anos finais do Ensino Fundamental, com a intenção de compreender a estrutura, as competências gerais e específicas da área e de que forma os eixos temáticos foram organizados.

Após o estudo individual de cada documento realizamos uma comparação entre as temáticas apresentadas, conforme destacado no Quadro 1, que consta os conteúdos de aspectos históricos identificados na BNCC e nos PCN por série/ano em que estão propostos.

Quadro 1 – Conteúdos com aspectos históricos presentes nos documentos curriculares nacionais.

TEMÁTICAS

BNCC

PCN

Máquinas Térmicas e Combustíveis

X

X

Vacinas e doenças

X

 

Avanços tecnológicos

X

X

Efeito estufa

X

 

Energia

X

X

Pilha e lâmpadas

X

 

Evolução

X

X

Modelos atômicos

X

 

Radiação

X

 

Genética

X

 

Sistema solar

X

X

   Fonte: Autoria Própria

4 Resultados e Discussão

No processo de análise dos documentos curriculares nacionais, PCNs e BNCC para o ensino fundamental, em relação as competências e habilidades que devem ser desenvolvidas pelos alunos, identificou-se nos PCNs cinco temáticas que apresentam aspectos históricos a serem trabalhados. Na BNCC do Ensino Fundamental foram encontradas onze temáticas com aspectos históricos. Cabe destacar que todas as temáticas presentes nos PCNs estão contempladas na BNCC.

As temáticas comuns aos dois documentos que propõe trabalhar com aspectos históricos em sala de aula são: máquinas térmicas e combustíveis, avanços tecnológicos, energia, evolução e sistema solar.

Quanto ao tema Máquinas Térmicas e Combustíveis identificou-se nos PCNs a indicação do estudo da história dos combustíveis, que encontra-se nos Conteúdos de Ciências Naturais no Ensino Fundamental no eixo temático Vida e Ambiente:

Este último assunto, por si só, suscita inúmeras investigações, como, por exemplo, a origem remota dos combustíveis fósseis, formados num tempo muito anterior (da ordem dos milhões de anos) ao surgimento da espécie humana na Terra (da ordem dos milhares de anos); a natureza desses combustíveis (hipóteses sobre o processo de fossilização em condições específicas); os processos de extração e refino dos combustíveis, destacados no eixo temático. “Tecnologia e Sociedade”. (BRASIL, 1998, p.43)

Na BNCC o assunto de Máquinas Térmicas e Combustíveis está presente nas habilidades do 7º ano:

(EF07CI01)[1] Discutir a aplicação, ao longo da história, das máquinas simples e propor soluções e invenções para a realização de tarefas mecânicas cotidianas. (BRASIL, 2017, p. 345)

Destaca-se ainda, que na BNCC foram propostos outros seis conteúdos com abordagem de aspectos históricos. Sendo eles: Vacinas e doenças, efeito estufa, pilhas e lâmpadas, modelos atômicos, radiação e genética.

A temática Vacina e Doenças apresentou aspectos históricos nas habilidades para o 7º ano:

(EF07CI10) Argumentar sobre a importância da vacinação para a saúde pública, com base em informações sobre a maneira como a vacina atua no organismo e o papel histórico da vacinação para a manutenção da saúde individual e coletiva e para a erradicação de doenças. (MEC, 2017, p. 345)

A análise dos documentos indica aspectos positivos quanto a inserção da perspectiva da HC na Educação Básica. Porém, é importante destacar que essa inserção não traz garantia de aplicação de HC em sala de aula por parte dos professores, muitos omitem os fatos históricos e outros trabalham de acordo com informações presentes nos livros didáticos, que se caracterizam por apresentar nomes e datas como aspecto histórico.

5 Conclusão

Ao realizar o presente trabalho, identificou-se que o número de temáticas com aspectos históricos nos documentos do PCNs e da BNCC é significativo, pois evidencia uma preocupação com o processo de construção do conhecimento em sala de aula. Reconhece-se que houve um avanço nos últimos 20 anos, desde a construção dos PCNs até a BNCC, porém ainda são necessários grandes esforços para que a prática de fato ocorra no ambiente escolar. Há a necessidade de preparar os professores para trabalhar nessa perspectiva, tantos os professores em formação continuada como em formação inicial, abordando a HC nos cursos de licenciatura e atividades de extensão.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.

_______. Lei 13.005, de 25 de junho 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília: DF, 2014.

_______. Ministério de Educação/Secretaria de Educação Média e  tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: educação infantil. Brasília, MEC/SEMTEC, 1998a.

_______. Ministério de Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino fundamental. Brasília, MEC/SEMTEC, 1998b.

LÜDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MATTHEWS, Michael R. História e Filosofia e ensino de Ciências: a tendência atual de reaproximação. In: Cad. Cat. Ensino de Física, v. 12, n. 3, 1995, p. 164-214

 

[1] O código apresentado nos excertos correspondentes à BNCC referem-se as habilidades descritas no documento.

Biografia do Autor

Luana Taís Vier, Universidade Federal da Fronteira Sul Cerro Largo

PREPARAÇÃO PARA A OLIMPÍADA BRASILEIRA DE ASTRONOMIA – ESTUDO DA  ASTRONOMIA E ASTRONÁUTICA

 

Ana Paula Hilbig[1]

Luana Taís Vier[2]

Rosangela Inês Matos Uhmann[3]

Marisa Both[4]

 

Categoria: Ensino [5]

 

Resumo: O presente relato trata de uma modalidade didática desenvolvida com os alunos do 6º ao 9º ano de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental da cidade de Cerro Largo, Rio Grande do Sul consistindo em oficinas preparatórias para a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) com o intuito de fundamentar os possíveis conteúdos de astronomia e astronáutica. Para este trabalho foram realizados dois encontros no turno inverso da aula, momento em que dezenove (19) alunos demonstraram interesse em participar, sendo a presença facultativa. No primeiro encontro foram apresentados meios de estudo contidos no próprio site da OBA, o qual contempla simulados, provas de anos anteriores e livros auxiliadores para melhorar o entendimento sobre os conteúdos em questão. No momento, dialogamos sobre os conhecimentos prévios dos alunos, como também fizeram uma prova objetiva com questões retiradas de provas anteriores, esta que foi corrigida junto aos alunos com atenção para a explicação de cada resposta. No segundo encontro, explanamos o funcionamento do aplicativo Stellarium que demonstra o céu de forma realista em 3D como visualizado a olho nu. Nessa perspectiva fomos abordando alguns tópicos dos conteúdos exigidos, demonstrando também por meio de slides os conceitos e imagens difíceis de serem significados apenas no desenvolvimento de uma estratégia de ensino, por exemplo. Para a significação conceitual, dividimos a turma em dois grupos e fizemos um quiz com questões retiradas dos simulados online do site da OBA, bem como uma gincana que serviu de entretenimento entre os participantes para revisão dos conteúdos abordados. Ao término do encontro percebemos a importância de oficinas como proposta diferenciada de ensino, que além de despertar o interesse dos alunos proporcionam um papel fundamental para nós licenciandos em formação inicial.


[1] Acadêmica do Curso de Química Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo. E-mail: anapaulahilbig@hotmail.com

[2] Acadêmica do Curso de Química Licenciatura da UFFS, Campus Cerro Largo. E-mail: luaninhavier2010@hotmail.com

[3] Professora de Práticas de Ensino e Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Química Licenciatura da UFFS, Campus Cerro Largo. Coordenadora PIBID Química/CAPES. Email: rosangela.uhmann@uffs.edu.br

[4] Professora de Ciências do Colégio La Salle Medianeira. Email: marisaboth@gmail.com

 

[5]

[5]Comunicação oral

Publicado
10-09-2019