NIVEL DE DANO ECONÔMICO DE NABO EM CEVADA EM FUNÇÃO DE CULTIVARES E DENSIDADES DA PLANTA DANINHA

  • Carlos Orestes Santin Universidade Federal Da Fronteira Sul
  • Emanuel Rodrigo de Oliveira Rossetto
  • Victor Miguel Senhori
  • Leonardo Brunetto
  • Leandro Galon

Abstract

 1 Introdução/Justificativa

            Na atualidade um dos principais entraves para produzir a cevada é a falta de herbicidas registrados para o controle de plantas daninhas. Desse modo a adoção de estratégias de controle do nabo infestante da cevada torna-se importante para minimizar os prejuízos causados pela competitividade e pelo elevado uso de herbicidas, sendo uma alternativa o uso do conceito de nível de dano econômico (NDE).

            Por esse motivo, o uso de ferramentas que minimizem as perdas ocasionadas pela interferência das plantas daninhas torna-se importante.

            Pelo NDE a aplicação de herbicidas ou de outros métodos de controle somente se justifica casos os prejuízos causados pelas plantas daninhas sejam superiores ao custo da medida utilizada (Pester et al., 2000).

2 Objetivos

            Determinar o nível de dano econômico de nabo na cultura da cevada estimados em função de cultivares e de densidades do competidor.

3 Material e Métodos/Metodologia

            O experimento foi conduzido a campo, na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim/RS, em sistema de plantio direto. Os tratamentos foram constituídos por cultivares de cevada (BRS Suabia, ANA 01, BRS Korbel, BRS Manduri, BRS Cauê e BRS Greta) e densidades de plantas de nabo (0, 32, 32, 46, 81, 110, 260, 300, 344 e 816; 0, 14, 20, 22, 42, 48, 70, 92, 486 e 788; 0, 26, 28, 90, 94, 352, 656, 656, 694 e 948; 0, 16, 34, 48, 108, 128, 244, 376, 386 e 394; 0, 34, 44, 50, 54, 90, 144, 268, 436 e 584; e 0, 12, 14, 32, 42, 182, 242, 254, 456 e 618 plantas m-2) para cada cultivar testada, respectivamente. 

            Avaliou-se a população de cantas de nabo (m-2), a produtividade de grãos da cevada (kg ha-1), o custo de controle (US$ ha -1), o preço da cevada (dólares kg-1 de grãos) a e eficiência do herbicida (%).

            Para o cálculo do nível de dano econômico (NDE) foi utilizado as estimativas do parâmetro i obtidas a partir da Equação 1proposta por Cousens, (1985), sendo Pp = (i*X)/[1+(i/a)*X] e a da Equação 2 adaptada de Lindquist e Kropff (1996), sendo NDE= [(Cc/R*P*(i/100)*(H/100)], onde Pp = perda de produtividade (%); X = densidade de nabo; i e a = perdas de produtividade (%) por unidade de plantas de nabo quando o valor da variável se aproxima de zero e quando tende ao infinito, respectivamente e o NDE = nível de dano econômico (plantas m2); Cc = custo do controle (herbicida e aplicação terrestre tratorizada, em dólares ha-1); R = produtividade de grãos da cevada (kg ha-1); P = preço da cevada (dólares kg-1 de grãos) e H = eficiência do herbicida (%).

4 Resultados e Discussão

            Observou-se que as cultivares de cevada BRS Suabia, Ana 01, BRS Manduri e BRS Greta apresentaram os maiores valores de NDE em todas as simulações realizada, tendo variações de 0,69 a 1,99 plantas m-2 (Figuras 1, 2, 3 e 4). Os menores valores de NDE foram obtidos com as cultivares BRS Korbel e BRS Cauê, com variações de 0,27 à 0,66 plantas m-2.

            Na média de todas as cultivares e comparando-se a menor com a maior produtividade de grãos, observou-se diferença no NDE na ordem de 59% (Figura 1). Desse modo, quanto mais elevado for o potencial produtivo das cultivares de cevada, menor será a densidade de nabo necessária para superar o NDE, tornando compensatória adoção de medidas de controle da planta daninha.

            O resultado médio das cultivares BRS Suabia, ANA 01, BRS Korbel, BRS Manduri, BRS Cauê e BRS Greta, do maior contra o menor preço pago por saca de cevada, foi verificado variação de 1,39 vezes no valor do NDE (Figura 1). Portanto, quanto menor for o preço pago a saca de cevada, maior será a densidade necessária de nabo para ultrapassar o NDE e assim compensar o método de controle.

            Em relação à eficiência do método químico de controle com uso do herbicida metsulfuron-methyl, observou-se ao se comparar a eficiência média (90%) com a menor (80%) ou com a maior (100%) alterações do NDE de aproximadamente 93,62 e 88,35%, respectivamente (Figura 1). Já ao custo de controle do nabo em todas as cultivares, observou-se que foi de aproximadamente 52,34% menor o custo mínimo comparado ao custo máximo. Assim quanto maior for o custo do método de controle, maiores são os NDE e mais plantas de nabo m-2 são necessárias para justificar medidas de controle (Figura 1).

            O nível de controle influencia o NDE, e, quanto mais elevada a eficiência do herbicida, menor número de plantas de nabo m-2 necessárias para adotar medidas de controle (Galon et al., 2016).

5 Conclusão

           Os maiores valores de NDE variam de 0,65 a 1,99 plantas m-2, para as cultivares BRS Suabia, ANA 01, BRS Manduri e BRS Greta os quais demonstraram as maiores competitividades com o nabo. O nabo apresenta elevada competitividade com a cultura da cevada, sendo necessário no mínimo 0,83 planta m-2 para que o controle se justifique. Os NDEs diminuem com o aumento da produtividade de grãos, do preço da saca da cevada, da eficiência do herbicida e com a redução no custo de controle do nabo, justificando a adoção de medidas de controle em menores densidades da planta daninha.

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Figura 1. Nível de dano econômico (NDE) de nabo em cultivares de cevada em função da produtividade de grãos, custo de controle, preço da cevada e eficiência do herbicida.

Referências

COUSENS, R. An empirical model relating crop yield to weed and crop density and a statistical comparison with other models. Journal of Agricultural Science, v.105, n.3, p.513-521, 1985.

GALON L. et a. Interferência e nível de dano econômico de picão-preto sobre cultivares de feijão. Planta Daninha, v. 34, n. 3, p.411-32, 2016.

LINDQUIST, J.L.; KROPFF, M.J. Application of an ecophysiological model for irrigated rice (Oryza sativa) - Echinochloa competition. Weed Science, v.44, n.1, p.52-56, 1996.

PESTER, T. A. et al. Secale cereal interference and economic thresholds in winter Triticum aestivum. Weed Science, v. 48, n.6, p. 720 -727, 2000.

Palavras-chave Hordeum vulgare, Raphanus raphanistrum, interferência de plantas.

Financiamento

UFFS, Edital n. 1010/GR/UFFS/2018 - Fomento à Pós-Graduação Stricto Sensu da UFFS.

 

 

 

 

Published
15-10-2019