BIOATIVIDADE DE PÓS DE EUCALYPTUS DUNNII NO CONTROLE DE SITOPHILUS ZEAMAIS MOTS (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM GRÃOS DE MILHO ARMAZENADO

  • José Edeval Avila Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Aline Pomari Fernandes
  • Suelhen Thais Marchioro
  • Marcos Fernandes Sebben
  • Augusto Cesar Prado Pomari Fernandes

Resumen

 

BIOATIVIDADE DE PÓS DE Eucalyptus dunnii NO CONTROLE DE Sitophilus zeamais MOTS (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM GRÃOS DE MILHO ARMAZENADO

 

JOSÉ EDEVAL AVILA1, SUELHEN THAIS MARCHIORO2, MARCOS FERNANDES SEBBEN3, AUGUSTO CESAR PRADO POMARI FERNANDES4, ALINE POMARI FERNANDES5

 

INTRODUÇÃO

            Os danos causados por pragas de grãos em armazenamento provocam perdas quantitativas e qualitativas como redução do peso dos grãos, redução de vigor de sementes, inviabilidade para consumo e exportação além do aumento de contaminação fúngica. Geralmente, o controle é realizado de forma química, não oferecendo alternativas aos agricultores agroecológicos. Por este motivo, torna-se importante buscar formas eficientes de controle, principalmente utilizando produtos de fácil obtenção e que possam ser utilizados pela agricultura familiar de base ecológica.

OBJETIVOS

            Testar a bioatividade de Terra de Diatomáceas e cinza de Eucalyptus dunnii sobre Sitophilus zeamais em sementes de milho armazenado.

MATERIAL E MÉTODOS

            O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de Entomologia da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, Campus Laranjeiras do Sul/PR. Os ensaios foram acondicionados em sala climatizada com temperatura de 23±2ºC e umidade relativa de 40±10%. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com dois tratamentos e oito repetições. Foram utilizadas sementes de milho convencional, variedade SCS 155 Catarina, submetidas aos seguintes tratamentos: testemunha (sem tratamento), Terra de Diatomáceas a 0,1% da massa de sementes (Celite 545 P.A. SiO2 P.M. 60, 084), utilizada como testemunha positiva, e cinza de madeira de Eucalyptus dunnii a 2%, para avaliação de repelência e sobrevivência de adultos de S. zeamais. Os insetos utilizados nos ensaios foram provenientes de criação mantida em laboratório.

Para o teste de repelência foi utilizada uma arena composta por três recipientes plásticos circulares (placas de Petri em acrílico de 10cm x 2cm), com o recipiente central interligado simetricamente aos outros dois por tubos plásticos transparentes (10 cm) dispostos de forma longitudinal. Em cada recipiente da extremidade da arena foram colocados 20 g de sementes, sendo em uma extremidade a testemunha e na outra o tratamento. No recipiente central foram liberados 30 insetos adultos de S. zeamais e, após 24 horas, foi contado o número de insetos em cada recipiente.

Foi determinado o Índice de Repelência (IR) pela fórmula IR=2G/(G + P), onde G = % de insetos no tratamento e P = % de insetos na testemunha. Os valores do IR variam entre 0 - 2, indicando: IR = 1, planta neutra; IR > 1, planta atraente e IR < 1, planta repelente (LIN; KOGAN; FISCHER, 1990).

            Para avaliação do efeito da Terra de Diatomáceas e da cinza sobre a sobrevivência de S. zeamais, foram utilizadas placas de Petri em acrílico (10cm x 2cm) contendo cada uma delas 20g do substrato alimentar misturado aos tratamentos nas suas devidas concentrações. Em cada recipiente, foram dispostos 20 insetos adultos. A sobrevivência dos adultos foi avaliada no quinto, décimo e décimo quinto dia, após a instalação do ensaio, retirando-se e contabilizando os indivíduos mortos.

            Com o intuito de quantificar o teor de silício dos produtos utilizados como tratamentos nos ensaios, uma vez que é um dos componentes responsáveis pelo controle de insetos, realizou-se análise de silício solúvel em água (adaptado do Método Espectrofotométrico do Molibdato de Amônio - MAPA, e Análise de Silício Total no Fertilizante – Universidade Federal de Uberlândia). Os resultados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

            A Terra de Diatomáceas e a cinza de Eucalyptus dunnii foram repelentes ao gorgulho, apresentando índice de repelência de 0,878 e 0,582, respectivamente (Tabela 1).

Figura 1. Mortalidade acumulada (5º, 10º e 15º dia após instalação do ensaio) de adultos de Sitophilus zeamais em sementes de milho tratados com Terra de Diatomáceas e cinza de Eucalyptus dunnii.

No ensaio de sobrevivência, a Terra de Diatomáceas eliminou 47,5% dos insetos e a cinza eliminou 65,6% ao quinto dia após o tratamento das sementes (Figura 1), diferindo de trabalho realizado por Ribeiro, et al. (2008) os quais obtiveram mortalidade de 5,09% com cinza de Eucalyptus sp. a 0,2% e 96,64% com Terra de Diatomácea a 0,15%. No mesmo trabalho a cinza de eucalipto apenas causou mortalidade próxima ao valor encontrado no presente trabalho com 21 dias após o tratamento (61,81%) com concentração de 0,4%. Todos os insetos foram eliminados ao décimo quinto dia no tratamento com cinza e 85% no tratamento com Terra de Diatomáceas o qual não se diferiu significativamente da testemunha sem tratamento que apresentou 71,85% de mortalidade, isso pode ter relação com a composição da semente da variedade em questão, uma vez que trabalho realizado por Marsaro Júnior et al. (2005) relacionou o conteúdo elevado de lipídios e a presença de inibidores de amilase com a resistência de híbridos de milho ao ataque de S. zeamais. A cinza de Eucalyptus dunnii foi o tratamento mais eficiente para o controle do gorgulho além de ser o material de ação mais rápida. A Terra de Diatomáceas mostrou desempenho inferior ao encontrado pelos mesmos autores supracitados, onde ao nono dia todos os insetos já estavam mortos. Tal diferença de resultados pode estar relacionada à concentração, bem como à fonte do material utilizado.

 

O bom desempenho da cinza de madeira de E. dunnii possivelmente está relacionado ao teor de silício presente no material, pois o mesmo apresentou de forma significativa teor mais elevado de silício solúvel quando comparado a Terra de Diatomáceas utilizada neste trabalho (Tabela 2).

 

 

 

CONCLUSÃO

A Terra de Diatomáceas e a cinza de madeira de Eucalyptus dunnii apresentaram repelência ao Sitophilus zeamais. A cinza de E. dunnii se mostrou o tratamento mais eficiente para o controle do gorgulho e foi o material de ação mais rápida, além de possuir o teor mais elevado de silício.

PALAVRAS CHAVE

Silício; gorgulho do milho; cinza; armazenamento; mortalidade.

FINANCIAMENTO

UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul

REFERÊNCIAS

LIN, H. KOGAN, M.; FISCHER, D. Induced resistance in soybean to the Mexican bean beetle (Coleoptera: Coccinellidae): comparisons of inducing factors. Environmental Entomology. v. 19, p. 1852-1857, 1990.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Manual de Métodos Analíticos Oficiais Para Fertilizantes e Corretivos. Brasília, DF, 2017. p. 104-107.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. Instituto de Ciências Agrárias. Análise de Silício: Solo, Planta e Fertilizante. Boletim Técnico no 2, 2a ed. Uberlândia, MG, 2004. p. 21-24. 

RIBEIRO, L. P., et al. Avaliação da eficácia de pós inertes minerais no controle de Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae). Revista da FZVA, v.15, n.2, p.19-27, Uruguaiana, 2008.

MARSARO JÚNIOR, A. L., et al. Inibidores de amilase em híbridos de milho como fator de resistência a Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae). Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Neotropical Entomology, (2005).

Publicado
03-09-2019