Efeito de porta-enxertos na facilidade de colheita de laranjas ‘Valência’
Resumo
A colheita é um dos maiores custos na produção de laranjas, que é feita de forma manual. Estima-se que frutas no topo de árvores altas, colhidas com auxílio de escadas, tem o dobro de custo de colheita das demais. Então, reduzir o tamanho das plantas pode diminuir o custo e o risco de acidentes na colheita. O uso de porta-enxertos de menor vigor é a técnica mais adequada para obtenção de plantas menores. O citrumeleiro ‘Swingle’ é o porta-enxerto mais utilizado na produção de mudas em Santa Catarina, e forma plantas de tamanho médio a grande. Assim, o objetivo deste trabalho foi quantificar e comparar a facilidade da colheita em laranjeiras ‘Valência’ enxertadas em dezesseis porta-enxertos, utilizando como indicador a porcentagem de frutos altos (PFA), aqueles restantes após a colheita pedestre manual sem equipamentos auxiliares. Para isso, tomaram-se dados de produção de um experimento realizado em Águas de Chapecó – SC, por 10 anos, em que os frutos colhidos manualmente por colhedores de altura mediana (aproximadamente 1,8m), sem uso de escadas, foram pesados separadamente dos restantes no ápice da copa das plantas para cálculo posterior da PFA. O ensaio tinha quatro blocos com três plantas por parcela. A partir do 5º ano foi necessário o uso de escadas em parte dos tratamentos, enquanto em outros nunca foi. A análise de variância da PFA acumulados nas sete safras apontou efeito significativo dos porta-enxertos, que foram agrupados pelo teste de Scott-Knott: o grupo 1, com maior PFA (entre 8,9 e 18,6%) ‘Changsha’ x ‘English’, ‘Carrizo’, ‘Sun Chu Sha Kat’, ‘Swingle’ e ‘BRS CNPMF Tropical’; o grupo 2, de PFA intermediária (entre 2,6 a 7,2%), conteve ‘Cravo’ x ‘Sunki EEI’, ‘San Diego’, ‘HFD 11 EEI’, ‘‘Sunki’ x ‘Benecke’ e ‘Fepagro C 13’; enquanto ‘C35’, ‘Fepagro C37 Dorneles’, ‘Rubidoux’, SCS 453 Nasato’, ‘HFD 25 EEI’ e ‘Flying Dragon’ (grupo 3) apresentaram PFA abaixo de 2,5%. A correlação entre a PFA e a altura das plantas (resíduos da Anava) foi de 0,51 (p<0,01). Dessa forma, conclui-se que os porta-enxertos do grupo 2 e 3 são potenciais facilitadores de colheita para os pomares catarinenses, a depender do seu desempenho em outras variáveis não analisadas neste trabalho.