ESPAÇO GEOGRÁFICO, FLUXO E MIGRAÇÕES
contribuições para o debate a partir do transporte rodoviário de passageiros
Resumo
Entre os processos de (re)apropriação do espaço geográfico, muitas redes de sociabilidade são construídas, entre as quais estão as dinâmicas espaço-temporais relacionadas às migrações (de qualquer qualidade). Estas redes geram fluxos consideráveis de informações, mercadorias, valores e, sobretudo, pessoas. As ondas migratórias analisadas aqui, são as conhecidas a partir do segundo quartel do século XX, momento em que milhares de sujeitos se deslocaram de antigas áreas de colonização com ascendência europeia, no Rio Grande do Sul, e dirigiram-se a Santa Catarina, especialmente na parte mais ocidental deste estado. Esta intensa movimentação seguiu até a década de 1970, com uma gradual redução nas décadas seguintes – embora sempre presente – quando outras dinâmicas se configuraram. Entre elas está a migração rumo ao oeste do Paraná, que iniciou já a partir do final dos anos 1940, e posteriormente estendendo-se ao atual Mato Grosso do Sul, ao Mato Grosso, a Goiás, ao Tocantins, ao Pará e áreas do Nordeste, como o oeste baiano e sudoeste do Maranhão. Neste bojo de relações, foram constituídas diversas empresas de transporte de passageiros, algumas existentes até hoje e outras diversas já extintas. Desta maneira, trabalhamos com a hipótese de que este meio de transporte produz redes entre cidades e lugares, pontos outrora sem relações diretas, mas que hoje se conectam pelo transporte rodoviário de passageiros.