UMA EXPERIÊNCIA EM PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE VERMINOSES EM ACAMPAMENTOS INDÍGENAS KAINGÁNG DO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

  • Carmelinda Caetano Chaves Ribeiro Serviço de Escritório Local do Rio do Grande do Sul\ Secretaria Especial de Saúde Indígena - SEL-RS\DSEI ISul \ SESAI\MS

Resumo

O trabalho a seguir apresenta uma experiência de formação em saúde com o objetivo de reduzir a carga parasitária de geo-helmintos por meio de tratamento coletivo junto ao povo indígena Kaingáng do Estado do Rio Grande do Sul nos acampamentos indígenas localizados nos municípios de Passo Fundo, Mato Castelhano, Gentil e Água Santa. As geo-helmintíases constituem um grupo de doenças parasitárias intestinais que acometem o homem e são causadas principalmente pelo Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiuria e pelos ancilostomídeos: Ancylostoma duodenale e Necator americanus. Esses helmintos estão entre os organismos mais prevalentes do planeta, infectando aproximadamente 1/6 da população mundial. O impacto negativo da infecção por geo-helmintos produz, além da redução no desenvolvimento físico e mental, uma diversidade de quadros mórbidos que incluem diarreia, dores abdominais, inapetência, perda de peso e até complicações como a formação de granulomas e processos obstrutivos que exigem intervenção cirúrgica, podendo inclusive levar o paciente ao óbito. No período de 2005 a 2014 foram registrados no Sistema de Informação de Mortalidade – SIM/MS uma média de 330 óbitos pelos principais helmintos, sendo a ascaridíase responsável por 57,4% desses. Para o tratamento terapêutico, dois medicamentos são os mais usuais no combate às verminoses: mebendazol e albendazol. O tratamento dos portadores também é uma forma efetiva de controle, uma vez que reduz a circulação dos vermes no ambiente. A campanha foi realizada nos acampamentos indígenas Aeroporto (Passo Fundo), Tijuco Preto, Jonas e Mano (Mato Castelhano), Campo do Meio (Gentil) e Faxinal (Água Santa), sendo constituída de duas etapas, sendo a primeira de palestras sobre o tema e administração supervisionada do anti-helmíntico. As palestras foram realizadas nas escolas e centro comunitários com autorização dos caciques e participação da comunidade. O total de doses distribuídas foram de 458 entre as comunidades e para a população menor de 05 anos e maiores de 02 anos, foram distribuídos 184 frascos de suspensão, considerando o tratamento de Trichuris trichiuria. A campanha apresentou impacto positivo, principalmente para a população indígena dentro da campanha alicerçada no Programa Nacional de Prevenção de Verminose.

 

Publicado
23-02-2018
Seção
Educação e Formação em Saúde