O ENSINO A DISTÂNCIA NA FORMAÇÃO EM SAÚDE

  • Carla Rosane Paz Arruda Teo Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)
  • Vivian Breglia Rosa Vieira União das Faculdades dos Grandes Lagos (UNILAGO)

Resumo

Pesquisas acerca da formação profissional na área da saúde apontam a necessidade de mudanças substanciais, sobretudo no que se refere ao modelo pedagógico adotado. Reconhece-se a importância da adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, em que o professor assuma papel de mediador e o estudante se coloque como protagonista do processo. Destaca-se a pertinência de que os processos de formação estejam ancorados em abordagens construtivistas, que favoreçam ao estudante o desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender. A Educação a Distância (EaD) tem sido apresentada como uma alternativa para este fim. A expansão da EaD no Brasil é notável, alcançando 25% das matrículas no ensino superior, com projeção de chegar a 50% em cinco anos. Os cursos superiores em EaD com maior demanda, atualmente, são das Ciências Humanas e das Sociais Aplicadas, e a projeção de expansão mencionada é atribuída ao aumento do portfólio de cursos, incluindo os da Saúde. Contudo, o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Profissionais têm se posicionado contrários à oferta de cursos totalmente nesta modalidade, considerando danosa qualquer formação em EaD que ultrapasse os 20% da carga horária total já previstos na legislação. Diante desta problemática, este estudo teve o objetivo de analisar como a literatura tem abordado a EaD na formação profissional em saúde. Trata-se de revisão bibliográfica, desenvolvida por busca avançada na biblioteca Scielo, cruzando-se os termos “educação a distância”, “formação em saúde” e “profissionais de saúde”, mediados pelo operador AND, em agosto de 2016. Ao total de estudos localizados (35) foram aplicados critérios de inclusão (artigos científicos originais, publicados em 2007-2016, em inglês, português ou espanhol, disponíveis on-line em acesso completo gratuito, com adesão ao objetivo desta revisão), excluindo-se os duplicados. Dos estudos selecionados (nove), constatou-se que poucos têm se dedicado ao tema da EaD na formação em saúde, sugerindo incipiente emprego da metodologia nesta área ou pouco interesse em publicizar tais experiências. As situações de ensino-aprendizagem em saúde mediadas por EaD identificadas nesta revisão mostraram-se exitosas, segundo seus autores. Os principais desafios indicados pelos estudos analisados estão relacionados ao acesso às tecnologias, os quais, superados, permitiriam aumentar a demanda pela metodologia de EaD. No entanto, observou-se um desafio não ressaltado pelos autores, que se refere à garantia de seguimento do estudante, visto que muitos desistem. Outra questão que emergiu dos estudos, mas não foi explorada pelos autores, é que as experiências mais exitosas aconteceram nos campos da educação permanente ou continuada, e as menos exitosas envolveram o ensino de graduação. Esses achados podem estar relacionados com a maturidade dos estudantes e/ou com o fato de que um mínimo de formação prévia seja necessário para que eles possam usufruir autonomamente de oportunidades em EaD. Diante dos poucos estudos, ainda iniciais, conclui-se pela premência de que sejam promovidos debates e reflexões acerca da EaD na formação em saúde, especialmente considerando-se os interesses econômicos implicados neste contexto, que podem repercutir em prejuízo da formação qualificada de profissionais, assim como da integração ensino-serviço-comunidade, afetando, por consequência, a atenção à saúde para a população.

Biografia do Autor

Carla Rosane Paz Arruda Teo, Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó)
Área de Ciências da Saúde
Vivian Breglia Rosa Vieira, União das Faculdades dos Grandes Lagos (UNILAGO)

Mestre em Ciências da Saúde

Curso de Nutrição

União das Faculdades dos Grandes Lagos (UNILAGO)

Publicado
23-02-2018
Seção
Educação e Formação em Saúde