TRANSTORNOS E SOFRIMENTO MENTAL: A IMPORTÂNCIA DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
Resumo
A Saúde Mental constitui um dos eixos prioritários na Política Nacional de Atenção Básica. Dentro desse contexto, procurou-se formular uma pesquisa que abordasse o tema dentro do contexto do uso de psicotrópicos, medicamentos que caracterizam grande recurso terapêutico dentro do contexto do empoderamento decorrente da reforma psiquiátrica; entretanto, observa-se uma tendência mundial, inclusive brasileira, de hipermedicalização a partir desses fármacos. Objetiva-se realizar um relato de experiência da etapa de coleta de dados em prontuários de usuários da Atenção Primária à Saúde que obtiveram prescrição de psicotrópicos por médicos dos Centros de Saúde da Família (CSF) de Chapecó. Trata-se de um relato de experiência a respeito da etapa de coleta de dados em prontuários da pesquisa: “Sofrimento Mental na Atenção Básica: profissionais, diagnóstico e tratamento em um município da região Oeste de Santa Catarina”. A coleta ocorreu no período de março a maio de 2017, por meio do Prontuário Eletrônico do Paciente na Rede de Atenção à Saúde municipal. Participaram da coleta: quatro acadêmicos de medicina e 04 professores, todos membros da equipe do referido projeto. A pesquisa teve aprovação do CEP/UFFS, sob o parecer 1.647.056 de 2016, incluindo o termo de dispensa de TCLE. A metodologia foi desenvolvida a partir da pesquisa em prontuários de pacientes do Sistema Único de Saúde atendidos nos CSFS, não atendidos pela atenção especializada a saúde mental. Entretanto, no processo de colhimento dos dados, encontrou-se como imenso impasse na realização da pesquisa a leitura do prontuário eletrônico. Nesse contexto, o prontuário é um conjunto padronizado de documentos vindo de múltiplas fontes, no qual se registram cuidados prestados aos pacientes. Nele são inseridos dados socioeconômicos, medicamentos prescritos, exames solicitados, entre outros; além de um espaço para a descrição detalhada da anamnese, e cada paciente possui um prontuário individual; entretanto, o registro dos serviços prestados permanece nas mãos dos profissionais de saúde. Omissões de registros, erros gramaticais e ortográficos e falta de clareza textual são situações comuns encontradas no preenchimento desses documentos, dificultando o acompanhamento do cuidado por outros profissionais. O prontuário fornece respaldo legal tanto ao profissional quanto ao paciente em relação aos cuidados fornecidos, e um documento bem preenchido reflete um alto nível de cuidado prestado. Os prontuários possuíam dados faltantes, o preenchimento era em geral inadequado e pouco claro e dificultou o andamento da pesquisa, tendo sido necessário excluir algumas das variáveis previamente selecionadas devido a dificuldade de padronizar o sistema de coleta dos dados pela falta de padronização do preenchimento do documento em si. Conclui-se que necessita-se de uma atenção maior na formação de profissionais no que tange a importância do prontuário, destacando a necessidade de uma descrição detalhada do atendimento ao paciente, permitindo melhor continuidade horizontal do cuidado e facilitando o uso destes na formulação de pesquisas e outras fontes de conhecimento, inclusive protegendo o profissional judicialmente. Além disso, poderiam ser pensadas modificações no processo de trabalho dos profissionais que preenchem o prontuário, pois sabe-se que isso demanda tempo e dedicação.