TRANSTORNOS E SOFRIMENTO MENTAL: A IMPORTÂNCIA DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE

  • Laura Lange Biesek Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Jane Kelly Oliveira Friestino Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Resumo

A Saúde Mental constitui um dos eixos prioritários na Política Nacional de Atenção Básica. Dentro desse contexto, procurou-se formular uma pesquisa que abordasse o tema dentro do contexto do uso de psicotrópicos, medicamentos que caracterizam grande recurso terapêutico dentro do contexto do empoderamento decorrente da reforma psiquiátrica; entretanto, observa-se uma tendência mundial, inclusive brasileira, de hipermedicalização a partir desses fármacos. Objetiva-se realizar um relato de experiência da etapa de coleta de dados em prontuários de usuários da Atenção Primária à Saúde que obtiveram prescrição de psicotrópicos por médicos dos Centros de Saúde da Família (CSF) de Chapecó.  Trata-se de um relato de experiência a respeito da etapa de coleta de dados em prontuários da pesquisa: “Sofrimento Mental na Atenção Básica: profissionais, diagnóstico e tratamento em um município da região Oeste de Santa Catarina”. A coleta ocorreu no período de março a maio de 2017, por meio do Prontuário Eletrônico do Paciente na Rede de Atenção à Saúde municipal. Participaram da coleta: quatro acadêmicos de medicina e 04 professores, todos membros da equipe do referido projeto. A pesquisa teve aprovação do CEP/UFFS, sob o parecer 1.647.056 de 2016, incluindo o termo de dispensa de TCLE. A metodologia foi desenvolvida a partir da pesquisa em prontuários de pacientes do Sistema Único de Saúde atendidos nos CSFS, não atendidos pela atenção especializada a saúde mental. Entretanto, no processo de colhimento dos dados, encontrou-se como imenso impasse na realização da pesquisa a leitura do prontuário eletrônico. Nesse contexto, o prontuário é um conjunto padronizado de documentos vindo de múltiplas fontes, no qual se registram cuidados prestados aos pacientes. Nele são inseridos dados socioeconômicos, medicamentos prescritos, exames solicitados, entre outros; além de um espaço para a descrição detalhada da anamnese, e cada paciente possui um prontuário individual; entretanto, o registro dos serviços prestados permanece nas mãos dos profissionais de saúde. Omissões de registros, erros gramaticais e ortográficos e falta de clareza textual são situações comuns encontradas no preenchimento desses documentos, dificultando o acompanhamento do cuidado por outros profissionais. O prontuário fornece respaldo legal tanto ao profissional quanto ao paciente em relação aos cuidados fornecidos, e um documento bem preenchido reflete um alto nível de cuidado prestado. Os prontuários possuíam dados faltantes, o preenchimento era em geral inadequado e pouco claro e dificultou o andamento da pesquisa, tendo sido necessário excluir algumas das variáveis previamente selecionadas devido a dificuldade de padronizar o sistema de coleta dos dados pela falta de padronização do preenchimento do documento em si. Conclui-se que necessita-se de uma atenção maior na formação de profissionais no que tange a importância do prontuário, destacando a necessidade de uma descrição detalhada do atendimento ao paciente, permitindo melhor continuidade horizontal do cuidado e facilitando o uso destes na formulação de pesquisas e outras fontes de conhecimento, inclusive protegendo o profissional judicialmente. Além disso, poderiam ser pensadas modificações no processo de trabalho dos profissionais que preenchem o prontuário, pois sabe-se que isso demanda tempo e dedicação.

Biografia do Autor

Laura Lange Biesek, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Acadêmica de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, Bolsista PIBIC-UFFS 2016/2017
Jane Kelly Oliveira Friestino, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Doutora em Saúde Coletiva. Professroa do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó
Publicado
03-03-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde