A ABORDAGEM DA IDENTIDADE DE GÊNERO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO PERMANENTE
Resumo
A abordagem da identidade de gênero nos serviços de saúde, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS), tem demonstrado relevância, inclusive epidemiológica, pelo fato que permite identificar as necessidades de saúde da população a partir do levantamento de dados de grupos específicos. Este trabalho tem o objetivo de relatar a experiência em um Centro de Saúde da Família (CSF) em Chapecó, reunindo acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul, durante o segundo semestre de 2016 e primeiro semestre do ano de 2017. As habilidades desenvolvidas durante a graduação permitem que o acadêmico atue no território de abrangência, bem como nas atividades desenvolvidas dentro do serviço de saúde, junto da equipe multidisciplinar, de forma crítica e reflexiva acerca das situações vivenciadas rotineiramente. Nesse contexto, realizaram-se atividades com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), no sentido de orientar quanto a importância do preenchimento do item identidade de gênero, presente no cadastro do sistema e-SUS, além de oferecer aos ACS uma experiência de educação permanente sobre os conceitos e reflexões sobre identidade e gênero. Dessa forma, destacou-se, entre as atividades realizadas, uma roda de conversa sobre gênero e sexualidade, focalizando o preenchimento deste campo específico no e-SUS, ao mesmo tempo em que era proporcionado um espaço de reflexão sobre conceituação e compreensão dos termos supracitados. A atividade contou com a presença de onze ACS. O primeiro momento deu-se com a apresentação de uma entrevista, por meio de um vídeo com grandes especialistas do assunto, mas que divergiam em alguns pontos do tema gênero e sexualidade e sua abordagem nas escolas e na sociedade. Após quinze minutos de apresentação fez-se uma pausa do vídeo e abriu-se para discussão e socialização de opiniões e ideias entre todos os presentes. Após foi dada continuidade à transmissão do vídeo e no final retornou-se ao debate na roda. Acredita-se que a experiência foi bastante proveitosa, uma vez que houve a participação ativa das agentes, contribuindo com relatos de suas vivências, assim como questionando e expondo suas dúvidas e principalmente relatando constrangimento ao abordar este assunto com os usuários. As discussões foram riquíssimas, pois demonstrou o quanto precisa ser investido, planejado e implementado momentos de educação permanente em saúde que potencializem os profissionais a abordarem com a comunidade temas complexos, de forma a refletirem na qualidade do atendimento na APS.