O SILENCIAR DAS VOZES INDÍGENAS NA I CONFERÊNCIA DE SAÚDE DA MULHER EM SANTA CATARINA
Resumo
Resumo:
Objetivo: descrever a experiência como delegada na I Conferência de Saúde da Mulher no Estado de Santa Catarina (CESMU/SC), com o foco nas mulheres indígenas Metodologia: Estudo do tipo relato de experiência, ocorrido durante a I CESMU/SC, nos dias 13 e 14 de junho de 2017. Participaram 1100 delegadas eleitas nas etapas Municipais, Regional ou Macrorregional, escolhidos de forma paritária, conforme a Resolução 453/2012. Para compor a análise das propostas que englobavam as mulheres indígenas, foram analisado o Relatório Final da CESMU/SC e da I Conferência Municipal de Saúde das Mulheres (CMSM) de Chapecó. O município de Chapecó foi o único a elencar propostas que abordavam a temática das mulheres indígenas. Discussões: Destaco duas questões com enfoque nas mulheres indígenas sobre a CESMU/SC, a primeira refere-se à ausência de delegadas indígenas e a segunda as escassas propostas que englobavam as mulheres indígenas. (I) a ausência da participação das mulheres indígenas, como delegadas na conferência, retrata o valor social dos indígenas em nossa sociedade. Este segmento social foi inviabilizado na CESMU/SC, questiono-me, se as indígenas, comunidades e os movimentos indigenistas, foram convidados a participar do diálogo nas instâncias Municipais, Regional ou Macrorregional, sobre esses eixos temáticos das Conferências. O segmento das mulheres indígenas, que vivem uma dinâmica sociocultural diferenciada, foi inviabilizada neste processo de participação social na construção das políticas públicas para as mulheres. (II) escassas propostas que englobavam as mulheres indígenas, que se apresentou na plenária da (CESMU/SC). Destaco Chapecó que foi o único município, a apresentar proposta que englobavam as mulheres indígenas. Diante disso, descrevo como se deu a “inclusão” das indígenas. Após a divulgação das pré-conferências municipais, uma pesquisadora percebeu que a população indígena, não havia sido considerada neste processo dialógico. A partir disso, entrou-se em contato com o polo-base Chapecó e organizadores da CMSM de Chapecó, para reivindicar a inserção deste segmento social a dialogarem nas pré-conferências. A inserção ocorreu, vinculada as pré-conferências que ocorreram Núcleo de Assistência a Saúde da Família (NASF) Sul e Leste, locais próximos, mas fora das duas Terras Indígenas, existentes no município. Destaco que este município, não realizou as pré-conferência nas Terras Indígenas. A sensibilização para a participação das indígenas ocorreu por intermédio da pesquisadora e do Polo-base de Chapecó, que se descolaram, até as comunidades indígenas, dialogar com as mulheres, para inserir de suas reivindicações nas discussões nas pré-conferências e após para a CMSM de Chapecó. A participação das mulheres indígenas não se efetivou. As propostas discutidas na CMSM, não tiveram a presença de nenhuma indígena. As propostas foram apresentadas pela pesquisadora, a partir dos diálogos com as mulheres nas comunidades indígenas. Na plenária final, seis propostas que inseriam as mulheres indígenas, foram encaminhadas para a etapa estadual (CESMU/SC). Conclusões: As indígenas no Estado de Santa Catarina foram inviabilizadas, desempoderadas de seus direitos legais, na construção das políticas públicas voltadas as mulheres. O estigma social que estas mulheres, estão vivenciando em nossa sociedade atual, impactam no aumento da desigualdade social, vulnerabilidades socioeconômica e cultural em nosso país.
Publicado
21-03-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde