ITINERÁRIO FORMATIVO EM PESQUISA NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA: POTENCIALIDADES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Resumo
OBJETIVO Expor o itinerário formativo em pesquisa, bem como seus desafios e potencialidades, no componente curricular de Saúde Coletiva do curso de medicina, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó. METODOLOGIA As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação em medicina preconizam que as escolas médicas promovam a oportunidade de vivência em pesquisa e extensão aos alunos, com vistas à ampliar as oportunidades de aprendizado e auxiliar no desenvolvimento de autonomia e responsabilização no processo de construção de conhecimentos e competências. No curso de medicina da UFFS, campus Chapecó, todos os acadêmicos desenvolvem atividades de pesquisa e/ou extensão como parte da carga-horária de ensino do componente curricular de Saúde Coletiva (I a VIII). Na perspectiva desse trabalho, a experiência foi desenvolvida em um projeto de pesquisa que visava compreender a abordagem do sofrimento mental pelos profissionais da Atenção Básica do município de Chapecó, especificamente, em um recorte qualitativo focado na produção do cuidado. No início do projeto (2016), foi feito um levantamento na Secretaria de Saúde de Chapecó relacionado às prescrições de medicamentos psicotrópicos. A partir disso, foram conhecidos dois Centros de Saúde da Família que mais prescrevem e que menos prescrevem esse tipo de fármaco, definidos como cenários de estudo. Na sequência, foi iniciada a coleta de dados por meio de entrevistas com os médicos e grupos focais com as equipes dos CSF selecionados, e posterior análise dos dados pelo método de Bardin. RESULTADOS O itinerário formativo em pesquisa na graduação em medicina, sob o olhar de uma acadêmica da terceira fase, revela os desafios e as potencialidades da inclusão de estratégias como essa, baseadas na formação com pesquisa, ainda durante a graduação. Como potencialidades da prática da pesquisa na graduação, salienta-se: o protagonismo na aprendizagem; a ampliação das fontes de conhecimentos e a autonomia na construção do saber; o incentivo à interação com colegas de medicina e outros cursos; o estreitamento do vínculo professor-aluno; o desenvolvimento do profissionalismo e objetividade; a aproximação entre o academicismo e a realidade populacional; a descoberta de áreas de interesse; a participação em congressos e eventos diversos; o aperfeiçoamento da oralidade e da escrita; maior inserção nos cenários de saúde, como os CSF; melhora da capacidade investigativa e crítica. Das dificuldades, nota-se: a sobrecarga do aluno, que além de estudar a matéria de aula, precisa realizar as tarefas da pesquisa; pouca maturidade; e risco de aprofundar aspectos mais ligados às especialidades na graduação. CONCLUSÃO Conclui-se que o ensino com pesquisa desde o início do curso traz uma série de questões, positivas e negativas, que precisam ser acompanhadas de perto pelo orientador do aluno. Deste modo, as dificuldades podem ser administradas e superadas, bem como as potencialidades otimizadas. O aluno, a medida do tempo, torna-se cada vez mais protagonista de sua formação, que contribuirá para que ele se torne, no futuro, um profissional mais seguro e completo.
Palavras-chave: Educação em saúde; Medicina; Saúde Coletiva.