Ser docente: da reprodução à reflexão

  • Maria Eduarda Rodrigues Universidade Comunitária da Região de Chapecó
  • Raquel Antunes Mello UNOCHAPECÓ
  • Luciana Tavares Ferreira UNOCHAPECÓ
  • Carla Rosane Paz Arruda Teo UNOCHAPECÓ
  • Fátima Ferretti UNOCHAPECÓ
  • Maria Elisabeth Kleba UNOCHAPECÓ

Resumo

Trata-se de um relato de experiência sobre a prática pedagógica das autoras com o objetivo de realizar uma reflexão sobre suas primeiras vivências enquanto docentes e o contato com a disciplina Formação e Ensino em Saúde. O início de nossa carreira docente se deu logo após a graduação. Atuando no ensino técnico e no ensino superior, tínhamos a vontade de mediar o processo de ensino aprendizagem a partir da autonomia e reflexão crítica do estudante. Mesmo que não fizessem parte ainda do nosso vocabulário, esses termos perpassavam nossa intenção, diferentemente do que vivenciamos ao longo da maior parte do nosso percurso formativo, pautado essencialmente na pedagogia tradicional. Em nossa formação, tivemos acesso a poucos conhecimentos relacionados à elaboração do plano de ensino, incluindo seu alinhamento com o projeto pedagógico do curso, estratégias metodológicas de ensino e outros elementos presentes na atividade docente e, assim, acabávamos por reproduzir os modelos docentes presentes na nossa graduação e especialização. No entanto, esses exemplos, traduzidos em nossas práticas, não contemplavam as necessidades da complexidade das relações entre docentes, discentes, instituição de ensino e os cenários de prática. A disciplina Formação e Ensino em Saúde, ofertada no Curso de Mestrado, propiciou a reflexão sobre postura e prática de ser docente, por meio do contato com conteúdos como: currículo, plano de ensino, plano de aula, estratégias de ensino-aprendizagem, entre outros. Além de discutir esses temas, as aulas promoveram a aproximação com conteúdos relacionados à saúde, como se antes daqueles momentos ouvíssemos falar de referenciais e suas contribuições para a educação sem conseguir reconhecer como poderíamos aplicá-los em sala de aula. Essa experiência favoreceu para aproximar teoria e prática, contribuindo efetivamente para nos tornarmos mediadoras do processo ensino-aprendizagem e possibilitarmos espaços de ação-reflexão, crítica e analítica, iniciando por nós discentes/docentes. Ao final da disciplina, fomos desafiados a utilizar metodologias ativas de ensino-aprendizagem em uma prática docente realizada no ensino superior. Além de promover a reflexão, a imersão em conteúdos disciplinares e o exercício de síntese, essa atividade também oportunizou a socialização entre colegas, nos fazendo conhecer estratégias semelhantes sob novas perspectivas, possibilidades e desafios da prática docente. O que conhecemos ainda não é suficiente para corresponder às necessidades de ensino em saúde, dada sua complexidade. No entanto, o contato com estes conteúdos pedagógicos nos aproxima da consciência de que o ensino exige o conhecimento de métodos, disposição para o diálogo, autoridade e não o autoritarismo, assim como requer criticidade, ética e percepção do inacabamento, seja enquanto discentes ou docentes. Salientamos, portanto, a necessidade e a importância de disciplinas que discutem conteúdos didático-pedagógicos nos cursos da área da saúde, promovendo aproximações com o concreto, diminuindo distâncias entre teoria e prática. Além de qualificar e modificar a visão e a prática docente em saúde, isso irá refletir na formação de estudantes (futuros profissionais de saúde) mais preparados para planejar, organizar e implementar práticas de ensino e de saúde, mais coerentes com o Sistema Único de Saúde.

Palavras-chave: Ensino, saúde, docência.

 

Biografia do Autor

Maria Eduarda Rodrigues, Universidade Comunitária da Região de Chapecó
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE - Cascavel, PR, bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica com os trabalhos de 2011 à 2013. Especialização lato-sensu em Docência na Educação Superior pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ - Chapecó, SC, pós-graduanda EAD em Enfermagem em UTI, pela Faculdade UNYLEYA, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde como bolsista institucional ma Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Atualmente atua como docente do curso técnico em enfermagem do Centro de Educação Profissional de Chapecó - Chapecó - SC.
Raquel Antunes Mello, UNOCHAPECÓ
Psicóloga,Docente, Instrutora de capacitações, cursos de formação em desenvolvimento comportamental humano utilizando metodologia andragógica, Coach,Consultora na área de gestão de pessoas, Psicóloga Clínica e Docente das disciplinas Gestão de Pessoas II e Psicologia organizacional na Universidade do Contestado-UNC. Graduada em Psicologia- UNOCHAPECO, MBA Gestão de Pessoas-FGV, Especialista em Dinâmica de Grupos-SBDG e Formação em Self & Professional Coaching-IBC. Atualmente cursando Mestrado Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde-UNOCHAPECÓ.
Luciana Tavares Ferreira, UNOCHAPECÓ
Fisioterapeuta pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) em 2006 e Pós-Graduação em Fisioterapia em Geriatria pela CESUMAR em 2008. Foi docente do Curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera do Rio Grande (2008 a 2012), atuou como Fisioterapeuta na Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (FEAES) de Curitiba, no Serviço de Atenção Domiciliar (2012 a 2013) e na Prefeitura Municipal de São José do Norte (2014 a 2015). Atualmente é estudante do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Unochapecó.
Carla Rosane Paz Arruda Teo, UNOCHAPECÓ
Doutora (2007) e Mestre (2002) em Ciência de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Nutricionista pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel/1988), com Especialização em Educação Básica (1998), Docência na Educação Superior (2009) e Produção e Revisão de Textos (2009). Compõe o Banco Nacional de elaboradores de Itens (BNI) do ENADE/INEP. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó). Tem experiência docente na graduação e pós-graduação na área da saúde, atuando em pesquisa e extensão, com ênfase nos seguintes temas: políticas e programas de alimentação e nutrição; formação e trabalho em saúde.
Fátima Ferretti, UNOCHAPECÓ

Graduação em Fisioterapia, mestrado em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em saúde coletiva pela UNIFESP (2011). Atualmente é professora titular da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, em Santa Catarina. É líder do grupo de pesquisa de Envelhecimento Humano e Saúde. Compõe o Banco Nacional de Avaliadores Institucionais e de Curso (MEC). Membro do International Collaboration for Participatory Health Research (ICPHR). Professora do Programa Stricto Sensu em Ciências da Saúde. Editora Chefe da Revista FisiSenectus. Foi tutora do Pet-Saúde da Família e Pet-Redes. Tem experiência docente na área da saúde, atuando principalmente na graduação e pós-graduação, com a pesquisa e extensão nos seguintes temas: envelhecimento humano, e formação profissional.

Maria Elisabeth Kleba, UNOCHAPECÓ
Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (1981), mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (1992), doutorado em Filosofia - Universitat Bremen (2000), convalidado pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da UFSC, especialização em Ativação de Mudanças na Formação Profissional em Saúde pela ENSP/Fiocruz (2006) e pós doutorado em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (2012). Atualmente é professor da Area de Ciências da Saúde e dos Programas de Pós-Graduação em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais (Mestrado Profissional) e em Ciências da Saúde (Mestrado e Doutorado) da Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó. Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Gestão de Políticas Públicas, bem como na área da Educação, com ênfase no Ensino em Saúde e em Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento e gestão em saúde; participação comunitária e controle social; educação e ensino na saúde; metodologias participativas na produção do conhecimento. Foi Coordenadora dos projetos aprovados pela Unochapecó nos editais do Ministério da Saúde: Pró-Saúde e Pró-PET-Saúde, de 2006 a 2015. Coordena o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Participação Social e é membro da International Collaboration on Participatory Health Research (ICPHR), desde 2012. Participa ainda como membro da Rede-Roda de Conversas: Diálogos sobre metodologias de pesquisa-ação participativa, que tem reunido pesquisadores para compartilhar e construir conhecimentos e experiências, fortalecendo essa abordagem de pesquisa no Brasil.
Publicado
06-04-2018
Seção
Educação e Formação em Saúde