Ser docente: da reprodução à reflexão
Resumo
Trata-se de um relato de experiência sobre a prática pedagógica das autoras com o objetivo de realizar uma reflexão sobre suas primeiras vivências enquanto docentes e o contato com a disciplina Formação e Ensino em Saúde. O início de nossa carreira docente se deu logo após a graduação. Atuando no ensino técnico e no ensino superior, tínhamos a vontade de mediar o processo de ensino aprendizagem a partir da autonomia e reflexão crítica do estudante. Mesmo que não fizessem parte ainda do nosso vocabulário, esses termos perpassavam nossa intenção, diferentemente do que vivenciamos ao longo da maior parte do nosso percurso formativo, pautado essencialmente na pedagogia tradicional. Em nossa formação, tivemos acesso a poucos conhecimentos relacionados à elaboração do plano de ensino, incluindo seu alinhamento com o projeto pedagógico do curso, estratégias metodológicas de ensino e outros elementos presentes na atividade docente e, assim, acabávamos por reproduzir os modelos docentes presentes na nossa graduação e especialização. No entanto, esses exemplos, traduzidos em nossas práticas, não contemplavam as necessidades da complexidade das relações entre docentes, discentes, instituição de ensino e os cenários de prática. A disciplina Formação e Ensino em Saúde, ofertada no Curso de Mestrado, propiciou a reflexão sobre postura e prática de ser docente, por meio do contato com conteúdos como: currículo, plano de ensino, plano de aula, estratégias de ensino-aprendizagem, entre outros. Além de discutir esses temas, as aulas promoveram a aproximação com conteúdos relacionados à saúde, como se antes daqueles momentos ouvíssemos falar de referenciais e suas contribuições para a educação sem conseguir reconhecer como poderíamos aplicá-los em sala de aula. Essa experiência favoreceu para aproximar teoria e prática, contribuindo efetivamente para nos tornarmos mediadoras do processo ensino-aprendizagem e possibilitarmos espaços de ação-reflexão, crítica e analítica, iniciando por nós discentes/docentes. Ao final da disciplina, fomos desafiados a utilizar metodologias ativas de ensino-aprendizagem em uma prática docente realizada no ensino superior. Além de promover a reflexão, a imersão em conteúdos disciplinares e o exercício de síntese, essa atividade também oportunizou a socialização entre colegas, nos fazendo conhecer estratégias semelhantes sob novas perspectivas, possibilidades e desafios da prática docente. O que conhecemos ainda não é suficiente para corresponder às necessidades de ensino em saúde, dada sua complexidade. No entanto, o contato com estes conteúdos pedagógicos nos aproxima da consciência de que o ensino exige o conhecimento de métodos, disposição para o diálogo, autoridade e não o autoritarismo, assim como requer criticidade, ética e percepção do inacabamento, seja enquanto discentes ou docentes. Salientamos, portanto, a necessidade e a importância de disciplinas que discutem conteúdos didático-pedagógicos nos cursos da área da saúde, promovendo aproximações com o concreto, diminuindo distâncias entre teoria e prática. Além de qualificar e modificar a visão e a prática docente em saúde, isso irá refletir na formação de estudantes (futuros profissionais de saúde) mais preparados para planejar, organizar e implementar práticas de ensino e de saúde, mais coerentes com o Sistema Único de Saúde.
Palavras-chave: Ensino, saúde, docência.