A INTRODUÇÃO DO MODELO PLANIFICAÇÃO EM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SUL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • Catheline Rubim Brandolt Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Ana Caroline Secco Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Dorian Mônica Arpini Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Roberta Fin Motta Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Resumo

A Planificação da Atenção Primária a Saúde (APS) pode ser entendida “enquanto processo de planejamento de atenção à saúde que leva em consideração todas as suas etapas”, objetivando tornar similares os atendimentos oferecidos por profissionais da saúde, nas diferentes equipes de saúde, enfocando principalmente as Estratégias de Saúde da Família (ESF). Isso se dá em função do papel primordial ocupado pela APS, a qual deve ser ordenadora da rede de assistência em saúde (RAS). O presente trabalho busca apresentar um relato de experiência  de uma psicóloga vivenciando o processo de Planificação durante a residência multiprofissional ocorrida em Município do Rio Grande do Sul. A Planificação propõe apoio às equipes para implementação de estratégias de mudanças nos processos de trabalho, por meio da realização de oficinas, em uma construção coletiva de saberes e fazeres. Logo, permite a instrumentalização dos profissionais, para que estes posam atuar de maneira mais propositiva, buscando mudanças das realidades de saúde da sua região. Os residentes multiprofissionais foram convocados a participar desta ação, dada a sua postura e posicionamento crítico reflexivo nos serviços. Com isso, sendo incluídos nessa proposta ora como apoio, ora como atores ativos junto aos facilitadores e às equipes para implementação dessa proposta governamental. Ao longo desta experiência, foram realizadas seis oficinas (divididas entre encontros apenas com grupo dos facilitadores e encontros com as equipes de saúde), que ocorreram de novembro de 2015 à junho de 2016. As oficinas trabalharam questões referentes ao entendimento sobre as condições crônicas e agudas e quais cuidados, procedimentos e os fluxos as equipes podem realizar com os usuários portadores dessas patologias. Utilizou-se um instrumento digital para estratificar hipertensos, diabéticos, saúde mental, acamados, domiciliados, dpoc, entre outras condições crônicas, possibilitando assim um melhor planejamento para o acompanhamento dessas situações. Além disso, pode-se destacar o reconhecimento da importância da territorialização, do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e do trabalho multidisciplinar, o qual possibilitou a integração de diversas competências e categorias profissionais, estando a prática do cuidar articulada com o vínculo, corresponsabilidade e horizontalidade no cuidado da saúde da população assistida. Assim, essa abordagem, propôs uma nova forma de inserção de especialistas junto a APS, os quais colaboraram com o planejamento das ações e acompanhamento de alguns casos que devido a influência de diversos fatores, entre eles sociodemográficos e econômicos, foram considerados complexos. Essa atividade, que contou com uma pluralidade de olhares e fazeres profissionais, ao desacomodar, instigar e agir para e com as equipes, proporcionou momentos de tensão, reflexão e mudanças das formas e práticas instituídas de cuidado. A presença dos residentes multiprofissionais fortaleceu a discussão acerca do processo de trabalho nas equipes de saúde, enfatizando o trabalho em equipe como uma potência dentro dos serviços. Além disso essa experiência possibilitou também maior aproximação com o SUS, seus princípios e diretrizes bem como o desenvolvimento de perfis profissionais mais e ativos e implicados com a transformação da realidade social.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Saúde da Família; Planificação.

Publicado
21-03-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde