INSTRUMENTOS DINÂMICOS DE INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE COLETIVA: DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO E VALIDAÇÃO DE TERAPÊUTICA MEDIADA PELA ATIVIDADE CRIADORA
Resumo
Este trabalho apresenta resultados parciais de pesquisa-intervenção, ainda em curso, que objetiva desenvolver e validar instrumentos dinâmicos de intervenção interdisciplinar no contexto da saúde mental, junto a adultos integrados à Rede de Atenção Psicossocial - RAPS. A pesquisa está ancorada em projeto interdisciplinar dos cursos de Psicologia, Enfermagem e Serviço Social da Unochapecó. Sua metodologia é qualitativa cartográfica. Nesta proposta, não se dissociam pesquisar e interver e o pesquisar é pautado pela interação dialógica entre pesquisadores e participantes, voltada a constituição de um plano comum que permite a emergência de modos de subjetivação inéditos. Teoricamente é amparado pela perspectiva esquizoanalítica considerando as demandas da RAPS, investe na atividade criadora, engendrando dispositivo de intervenção grupal voltado às experiências terapêuticas emancipatórias, dedicadas a produção de encontros com potência para promover rupturas frente as identidades consensuais que atravessam a vida do usuário intensivo do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II. Na prática, a intervenção lança mão da fotografia como suporte estético, mobiliza os participantes à construção de máquinas fotográficas pinhole e à produção de imagens. A fotografia, enquanto agregado sensível da a perceber elementos heterogêneos conjugados sobre o recorte proposto pela imagem. Assim torna visíveis tempos e espaços distintos aos que consifguram as referências identitárias imobilizadas. A vivência da pesquisa tem contribuindo com o processo terapêutico por mobilizar práticas coletivas, discursos, afecções e pensamentos emergentes no movimento do próprio grupo. Investir na produção de ficções, visíveis enquanto sensível que não toma o sensível consensual por referência única, permite a desmontagem das hierarquias e a criação de litígios frente às supostas incapacidades do sujeito. A arte, portanto, é dispositivo terapêutico múltiplo que impulsiona reinvenção da vida, mobiliza negociações da experiência singular e coletiva em direção a gênese de novos sentidos, valorizando a capacidade inventiva inerente a qualquer um, mas sentida como ausente no devir do sujeito institucionalizado.