UMA ABORDAGEM GEOGRÁFICA PARA O AEDES AEGYPTI: ANÁLISE DA ESPACIALIZAÇÃO DE FOCOS EM CHAPECÓ, SC, BRASIL

  • Lidiane Lidiane Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ederson Nascimento Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

Resumo: Conhecido no Brasil como mosquito da Dengue, o Aedes aegypti é responsável pela transmissão de quatro principais arboviroses – febre amarela, dengue, febre Chikungunya e Zika Vírus – está última tendo sido recentemente relacionada com a elevada ocorrência de microcefalia no país. Os aspectos espaciais de reprodução e dispersão representam um tema importante para a Geografia da Saúde, especialmente no espaço urbano. O estado de Santa Catarina obteve destaque devido à baixa incidência do vetor até o ano de 2010, quando o mosquito começou a apresentar resistência às barreiras naturais como o clima, e se alastrou por todo o seu território em cerca de cinco anos. O município de Chapecó, no oeste do estado, tem enfrentado sérios problemas com o vetor desde que foi declarada infestação por este hospedeiro, que pode transmitir doenças que causam epidemias, sendo a Dengue de risco mais eminente. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo analisar a espacialização dos focos do Aedes aegypti no espaço urbano de Chapecó e suas principais causas, com destaque para as relacionadas à organização espacial. O encaminhamento metodológico contou com estudo de bibliografia especializada, tabulação e análise de dados dos programas Siscel, Vigilantos e Sinam, nos anos entre 2010 a 2015, além de trabalhos de campo realizados no ano de 2016 com o intuito de obter informações qualitativas acerca de aspectos da organização espacial urbana. Pode-se constatar que a proliferação do Aedes aegypti verificada em Chapecó resulta de uma série de fatores, dentre os quais se destacam a localização geográfica do município                                                            1 Licenciada em Geografia, Analista em Promoção e Gestão da Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, liczac@saude.sc.gov.br. 2 Geógrafo, Doutor em Geografia, Professor Adjunto no curso de Geografia da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus de Chapecó, SC, Brasil, ederson.nascimento@uffs.edu.br.    entre os estados do Paraná e Rio Grande do Sul (que possuem presença do vetor há mais tempo), características da dinâmica econômica local, que, pautada no agronegócio e com ampla produção industrial de alimentos, acaba por ter um grande volume de cargas nacionais e internacionais; e, condições climáticas favoráveis à reprodução, como quantidade de chuva e temperaturas elevadas em parte do ano. A estes, acrescentam-se diferenciais de organização espacial interna da cidade, tais como problemas com o lixo urbano, lotes desocupados e vazios urbanos que acabam acumulando resíduos sólidos, que, aliados à falta de uma educação coletiva em relação aos cuidados necessários com o ambiente, criam condições favoráveis à reprodução do referido mosquito. Cabe destacar ainda que há grandes diferenças nas condições ambientais nas áreas centrais e na periferia, mas para que as medidas de controle do mosquito sejam realmente efetivas e eficazes é necessário que os espaços sejam tratados com a mesma relevância diante dos programas de combate ao vetor e também das políticas públicas de crescimento e desenvolvimento. Essa diferenciação de espaços faz com que todos os bairros da cidade apresentem focos do mosquito, mesmo os que apresentam condições socioambientais melhores, pois este vetor é altamente adaptável no espaço urbano e acaba por encontrar meios de reprodução, e sua dispersão extrapola os limites impostos pela divisão de bairros.   Palavras-chave: Aedes aegypti. Espaço Geográfico. Arboviroses. Epidemiologia.

Publicado
21-03-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde