INTERVENÇÃO EM PROL DA SAÚDE OCULAR DE ESCOLARES: VIVÊNCIAS NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA
Resumo
O aparelho de visão é o maior responsável pelas percepções do ser humano e informações que ele absorve. Assim, o órgão é essencial para o aprendizado e de extrema importância para as crianças, as quais, em fase escolar, desenvolvem atividades intelectuais e sociais. Porém, aproximadamente 20% delas apresentam algum tipo de distúrbio ocular, relacionados a fatores biológicos, sociais e ambientais. O trabalho objetiva relatar a experiência de seis estudantes em uma proposta de avaliação oftalmológica, em uma escola básica, para identificar distúrbios de visão e, se necessário, encaminhar para consulta médica individual. Durante as atividades de vivência do Componente Curricular de Saúde Coletiva I, do curso de Medicina, realizou-se uma intervenção, no mês de outubro de 2017, em alunos do 5º ano de uma Escola Básica Municipal, pertencente ao território do Centro de Saúde da Família (CSF) em que os estudantes realizam as vivências, no município de Chapecó. A intervenção iniciou-se com o planejamento das atividades, em uma discussão que reuniu, na unidade de saúde: 06 acadêmicos de medicina, professora orientadora, enfermeira, médico, auxiliar de enfermagem e uma Agente Comunitária de Saúde, correspondentes à Equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Como alvo da ação, elencou-se uma escola em que não tinham sido realizadas atividades do Programa Saúde na Escola. Nesse momento, foi elaborado um ofício convidando a escola para realizar a avaliação oftalmológica. Em dois dias, a equipe recebeu o aceite por parte da gestão escolar e passou-se à etapa de reconhecimento das instalações da escola, situação em que os alunos foram até ela para conhecer as salas e equipamentos. Foram realizadas leituras do referencial teórico sobre avaliação oftalmológica em escolares com base no Projeto Olhar Brasil do Ministério da Saúde, e a acuidade visual foi verificada por meio da Tabela de Snellen. A intervenção foi realizada no período da manhã, utilizando as dependências da escola. Foram avaliadas 20 crianças do 5 º ano, com idade entre 8 e 10 anos, que trouxeram autorização dos pais e/ou responsáveis. Considerou-se para encaminhamentos crianças com acuidade visual inferior a 0,7, diferença de duas linhas ou mais entre a acuidade visual dos olhos, estrabismo ou outros sintomas oculares, como lacrimejamento ocasional e prurido. Durante a avaliação foi feita uma breve anamnese e aproveitou-se para verificar a situacional vacinal. As crianças que foram identificadas com dificuldades durante o teste foram encaminhadas para consulta com médico do CSF. Dentre as 20 crianças avaliadas, 11 (55%) necessitaram encaminhamento, o que corresponde a 66,7% das crianças com 08 ou 09 anos e 20% das crianças com 10 anos, sendo a maioria do sexo feminino (54,5%). A presença dos acadêmicos no serviço impulsionou a equipe da ESF a realizar atividades de atendimento coletivo, sendo estas pouco contempladas pelos profissionais, contribuindo assim positivamente com a educação permanente dos trabalhadores, incentivando-os a continuar com a proposta realizada. Além disso, foi identificado um elevado número de crianças que apresentaram sinais de distúrbios de visão e, assim, ressaltou-se a importância de atividades de avaliação em escolares, como a realizada.