PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE SUICÍDIOS DE IDOSOS NA REGIÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS MUNICIPIOS DO OESTE DE SANTA CATARINA - AMOSC - 2005 a 2015

  • Marcela MARTINS FURLAN DE LÉO UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - CAMPUS DE CHAPECÓ
  • LEONI TEREZINHA ZENEVICZ UFFS CHAPECÓ
  • VALÉRIA Silvana Faganello Madureira UFFS CHAPECÓ
  • JULIA VALÉRIA Bittencourt UFFS CHAPECÓ
  • Patrícia Dill UFFS CHAPECÓ
  • Silvia Silvia de Souza UFFS CHAPECÓ

Resumo

O Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil (2017) alerta para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos, que chega a 8,9 mortes por 100 mil habitantes, acima da média nacional, de 5,5, exigindo estudos que elucidem e problematizem a temática. O presente estudo identificou o perfil epidemiológico, socioeconômico e o método utilizado por idosos que cometeram suicídio na região da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina – AMOSC, entre 2005 e 2015. Estudo quantitativo, epidemiológico, retrospectivo, exploratório. A amostra foi composta por 56 declarações completas de óbitos por suicídio em pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, cujo suicídio foi registrado na região da AMOSC, com 307.939 habitantes, no período de 2005 a 2015, notificadas pelo SIM. A coleta dos dados foi desenvolvida em planilha contendo as variáveis sexo, idade, estado civil, município de residência, etnia\cor, ocupação profissional, escolaridade, mecanismo de autoagressão, local de ocorrência. Pesquisa aprovada pelo CEP da Universidade Federal da Fronteira Sul. Para a análise utilizou-se o software SPSS 17.0. Para critérios de decisão foi adotado o nível de significância () de 5%. Foram aplicados os testes de Kolmogorov-Smirnov, Qui-quadrado de Pearson, que estabeleceu a comparação entre as frequências observadas (reais) e a esperada, e teste exato de Fisher (p<0,005). Os suicídios ocorreram predominantemente na faixa entre 60 a 69 anos (55,4%) e entre 70 e 79 anos (30,4%), com média de idade de 69,5 anos (+- 7,3) (mín de 60 e máx de 92 anos). Predominou o sexo masculino 82,1% (n=46), diferença proporcionalmente mais expressiva que a literatura, que aponta três vezes mais suicídios masculinos em relação aos femininos. A maioria de pessoas brancas 96,4% (n=54) é provavelmente relacionada às características étnicas regionais, pois 96,4% dos casos são naturais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A maioria residia em zona urbana 64,3% (n=36), com nível escolar fundamental incompleto 64,3%. O método mais utilizado foi enforcamento (76,8%), possivelmente relacionado a praticidade/ fácil acesso e preocupação com o impacto estético sobre aqueles que se depararão com a cena. Predominaram suicídios em domicilio (72,3%) e no período diurno (69,6%), sobretudo no vespertino (37,5%), corroborando a literatura mundial. O estudo evidenciou predominância em casados 64,3% (n=36), constituindo uma peculiaridade regional que merece ser explorada. Envelhecer tende a vulnerabilizar a pessoa, exigindo esforços de adaptação física, emocional e social, impactando sobre a qualidade de vida. Considerando-se a situação epidemiológica do suicídio em idosos e a transição demográfica mundial, é premente unir esforços intersetoriais e instrumentalizar a atenção primária para detecção de casos de vulnerabilidade social e emocional e tratamento de agravos psiquiátricos nesse público. Ressalta-se a necessidade de intervenções psicossociais na atenção primária e expansão da rede de apoios a idosos para inserção social e incremento da qualidade de vida, cruciais no processo de ressignificação de seus projetos de vida nesta fase do desenvolvimento.

Publicado
16-03-2018
Seção
Saberes e Práticas de Atenção à Saúde