CONHECIMENTO DE CUIDADORES DE UM ABRIGO MUNICIPAL SOBRE PRÁTICAS ALIMENTARES NA INFÂNCIA E SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO DE HÁBITOS ALIMENTARES

  • Bruna Ravanello Estudante do curso de Nutrição, Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó
  • Ediane Pagani Estudante do curso de Nutrição, Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó
  • Roberta Lamonatto Taglietti Mestra e Doutoranda em Ciências da Saúde, Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó
  • Carla Rosane Paz Arruda Teo Doutora em Ciências dos Alimentos e docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Comunitária da Região de Chapecó-Unochapecó

Resumo

Objetivo: Identificar o conhecimento de profissionais cuidadores de um abrigo municipal sobre cuidados alimentares na infância. Método: Trata-se de um estudo do tipo exploratório descritivo, realizado com cuidadores de um abrigo municipal do Oeste de Santa Catarina, caracterizado por ser um ambiente de acolhimento a crianças e adolescentes em estado de vulnerabilidade social. Como instrumento para coleta de informações foi utilizado um questionário com perguntas abertas e fechadas acerca de cuidados relacionados ao cuidado alimentar de crianças menores de dois anos. Os resultados foram analisadas como base nas recomendações do Ministério da Saúde para uma alimentação saudável na infância. O projeto que deu origem a este trabalho foi aprovado por Comitê de Ética envolvendo seres humanos sob o parecer nº 1.997.781/2017. Resultados: Os cuidadores são responsáveis pela oferta e supervisão de refeições às crianças. Quanto ao conhecimento sobre cuidados alimentares nesta fase da vida, os cuidadores demostraram compreender a importância da oferta dos alimentos de forma individualizada durante a refeição, ou seja, não misturá-los e transformá-los em uma única preparação, favorecendo o reconhecimento de diferentes sabores e texturas –, do aleitamento materno e de sua exclusividade até o sexto mês de vida e, ainda, sobre a importância da promoção da autonomia da criança durante as refeições. Como estratégia utilizada pelos cuidadores, para oferta de alimentos recusados pela criança, destaca-se que não são utilizadas medidas como chantagem ou coerção, aspecto positivo, uma vez que este tipo de prática pode promover maiores recusas alimentares. Entretanto, foram identificadas práticas inadequadas no cuidado com a alimentação da criança, como a oferta de bebida láctea após as refeições principais, conduta que pode refletir na biodisponibilidade de nutrientes importantes na infância, especialmente ferro.  Além disso, destaca-se que os cuidadores indicam a consistência pastosa como adequada para crianças menores de dois anos, o que precisa ser avaliado com prudência como prática, pois as recomendações são para que a consistência dos alimentos tenha uma evolução progressiva até aproximar-se da consistência de uma dieta livre ou normal. Outra observação importante a fazer, é que os cuidadores referem que a adição de sal moderada é necessária para melhorar o sabor das refeições, mas é preciso ressaltar que esta oferta só é recomendada a partir dos oito meses e com cuidado, na lógica da aproximação progressiva da alimentação da família. Conclusão: O cuidado alimentar na infância, especialmente aos menores de dois anos, deve ser avaliado com muita prudência, considerando que hábitos e comportamentos alimentares adquiridos na infância podem se perpetuar nos demais ciclos da vida. Neste estudo foi possível identificar que os cuidadores, apesar de atualmente já executarem muitas práticas favoráveis à formação de hábitos e comportamentos alimentares, ainda precisam de processos de formação para este cuidado, dada a complexidade que envolve o ato alimentar.

Palavras-chave: Comportamento Alimentar; Infância; Saúde

Publicado
03-03-2018
Seção
Saberes e Práticas de Atenção à Saúde