CARACTERIZAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DE PSICOTRÓPICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: DIFERENCIAIS RURAIS E URBANOS

  • Venir Guilherme Baldissera Acadêmico de Medicina, bolsista PIBITI-UFFS 2017/2018. Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Laura Lange Biesek Acadêmica de Medicina, bolsista PIBIC-UFFS 2016/2017. Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Graciela Soares Fonsêca Profª Dra. do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, Rodovia SC 484 Km 02, Bairro Fronteira Sul, Chapecó-SC, Brasil. CEP 89801-001
  • Paulo Roberto Barbato Profº Dr. do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, Rodovia SC 484 Km 02, Bairro Fronteira Sul, Chapecó-SC, Brasil. CEP 89801-001
  • Jane Kelly Oliveira Friestino Profª Dra. do curso de Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, Rodovia SC 484 Km 02, Bairro Fronteira Sul, Chapecó-SC, Brasil. CEP 89801-001

Resumo

Ao longo das últimas décadas observou-se em diversos países um aumento significativo na prescrição de psicofármacos – especialmente antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, inclusive na Atenção Primária. As razões para essa tendência, entretanto, ainda não estão completamente esclarecidas, mas em alguns casos a dificuldade de acesso a terapias não-farmacológicas pode contribuir para a instituição da prescrição de medicamentos como o recurso terapêutico mais utilizado na abordagem do sofrimento mental. Sendo assim, nosso objetivo foi identificar especificidades presentes em prescrições de psicotrópicos realizadas por médicos em Centros de Saúde da Família na zona urbana e na zona rural do município de Chapecó - SC. Trata-se de um estudo transversal realizado com prontuários dos indivíduos que fazem uso de medicação psicotrópica atendidos por Centros de Saúde da Família situados nas zonas rural e urbana de Chapecó - SC, no período de março a junho de 2016. O critério de seleção teve por base a dispensação dos psicotrópicos no município, sendo eleitas as unidades com maior e menor dispensação, proporcional ao tamanho da população adscrita. As variáveis estudadas foram classificadas em: sociodemográficas (sexo, idade e estado civil) e relacionadas ao tipo de prescrição (nome do fármaco e quantidade de prescrições). Foram consideradas somente as informações completas contidas no prontuário do paciente. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o parecer 1.667.924/2016. Foram analisados dados de  80 indivíduos residentes na zona rural e 331 na urbana, onde encontrou-se a seguinte distribuição: quanto ao sexo, maioria feminino (75,5% na zona urbana e 71,1% na rural); quanto a faixa etária, a maior frequência das prescrições entre 50 e 59 anos (28,4% na zona urbana e 26,5% na rural); quanto ao estado civil, maioria de casados (86,1% na zona urbana e 77,6% na rural); maior ocorrência de indivíduos com ensino fundamental incompleto (41,2% na zona urbana e 40% na rural) e com diferenciação na taxa de analfabetismo (6% na zona urbana e 18% na rural) e na ocupação, onde a maior parte (45,2%) dos usuários da zona urbana encontra-se trabalhando, enquanto na rural predominam aposentados/pensionistas (44,4%). Dentre os psicofármacos mais prescritos encontram-se os antidepressivos (50,8% na zona urbana e 44,7% na rural), seguidos por benzodiazepínicos (20,5% na zona urbana e 26% na rural). Concluímos que as prescrições de psicotrópicos apresentam um padrão similar nas áreas urbana e rural no que se refere ao sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade e medicamento prescrito. No entanto, com relação à ocupação e ao analfabetismo, o perfil de usuários de psicotrópicos difere nos dois cenários.
Publicado
03-03-2018
Seção
Saberes e Práticas de Atenção à Saúde