GESTOR EM SAÚDE NA SES TOCANTINS: CONHECIMENTOS,COMPETÊNCIAS E DESAFIOS

Autores/as

  • César Martins Barbosa SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO TOCANTINS

Resumen

A profissionalização da gestão tem sido apontada como necessidade urgente para a qualificação dos processos de trabalho e bom desempenho do SUS no Brasil. No Tocantins houve um investimento importante com a criação do cargo de Gestor em Saúde no Plano de Carreira do Estado. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil deste profissional na SES/TO, identificando as principais atividades desempenhadas, bem como o conhecimento e os desafios enfrentados. Dentre as principais atividades desempenhadas estão: planejamento, monitoramento e avaliação das ações, elaboração de relatórios, participação em reuniões, e assessoria / cooperação técnica aos municípios. Os resultados apontam grandes problemas em relação ao conhecimento / uso dos principais instrumentos de Gestão do SUS, entre os problemas apontados estão: Nº elevado de profissionais que não conhece a LDO (40,0%) e a LOA (60%), que são Leis de responsabilidades do Poder Executivo, que fixam as receitas e as despesas do governo, respectivamente. Verificou-se que 93% dos entrevistados conhecem as Leis de licitação a as utilizam no seu dia-a-dia de trabalho. A maioria dos gestores conhecem o arcabouço legal do SUS perfazendo 73,3% da amostra. Em relação à LRF: os dados demonstram que 80% dos profissionais têm conhecimento deste instrumento. Em relação à LOA, apenas 40% dos afirma conhecer este instrumento básico da gestão orçamentária.  De todos os instrumentos abordados na pesquisa, a LOA foi o que apresentou o resultado mais preocupante, apontando grande deficiência na formação destes profissionais.  A lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO - é conhecida por 60% dos profissionais. Quando os sujeitos foram indagados sobre o seu conhecimento em relação ao Plano Plurianual - PPA – apenas 60% responderam positivamente. O SIOPS é conhecido por apenas 40% do grupo, comprovando mais uma vez despreparo da maior parte dos profissionais em relação aos instrumentos básicos de gestão orçamentária utilizados no SUS.  86,7% afirmam conhecer o RAG. Já a PPI – Programação Pactuada Integrada - se faz conhecida por 66,7% dos entrevistados. Quanto ao Plano de Saúde 66,7% afirmam conhecê-lo.  O Planejamento Estratégico em Saúde é conhecido por 86,7% dos entrevistados. Nas conclusões são apontados os principais desafios identificados a partir das evidências produzidas, quais sejam: os profissionais apontam para a necessidade de melhoria das ferramentas tecnológicas / Sistemas de Informação que auxiliam na geração de informações estratégicas e estruturação de setores administrativos. Os resultados da pesquisa apontam que ainda que os profissionais precisam se empoderar das atribuições inerentes ao cargo que ocupa. Chama atenção a não participação do “gestor em saúde” no processo de planejamento estratégico, tão pouco na tomada de decisão. O estudo permitiu também identificar as competências, hoje necessárias para o gestor desempenhar seu papel, dentre estas, liderança, responsabilidade ética e social, saber negociar, fazer a gestão do tempo e das mudanças, trabalhar com planos, ações e resultados. Estes itens precisam ser trabalhados por na SES/TO. A qualificação dessa força de trabalho também configurará em mais um elemento a favor do sucesso da gestão, traduzida em ações mais efetivas e eficientes, proporcionadas pelo conhecimento e uso dos mecanismos de apoio à gestão, inclusos no arcabouço legal do SUS. No esforço para efetivar estas medidas, a gestão de pessoas precisa integrar a agenda das decisões políticas da SES/ TO.

 

Palavras Chave: Gestão em Saúde, Gestor em Saúde, Perfil do Gestor em Saúde.

 

 

Biografía del autor/a

  • César Martins Barbosa, SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO TOCANTINS

    Gestor Público em Saúde

    Secretaria de Estado da Saúde

    Superintendente de Vigilância, Promoção e Proteção à Saúde– SVPPS

     

Referencias

BALSANELLI, A, P; JERICÓ, M, C.Os reflexos da gestão pela qualidade total em instituições

hospitalares brasileiras. Acta paul. Enferm, v.18 n.4 São Paulo oct./dec. 2005.

BERG, E. A. Administração de Conflitos: abordagens práticas para o dia a dia. Curitiba: editora

Juruá, 2011

BRITO, L. M. P.; BRAGA, J. L. Perfil ideal de competência profissional de gestores da área de

saúde. Revista de Administração Hospitalar e Inovação em Saúde, v. 5, n. 5, p. 26-39, 2010

CAMPOS, G. W. S. Um método para analise e co-gestão de coletivos. São Paulo: HUCITEC,

236 p.

CASTRO, J. L.; CASTRO, J. L.; VILAR, R. L. A. Quem são os gestores municipais

no Rio Grande do Norte? um estudo sobre o perfil. Natal: UFRN. Núcleo de Estudos em Saúde

Coletiva, 2006. 21 p. Disponível em:. Acesso em: 13 fev.

DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa

moderna. São Paulo: Atlas, 2004.

FAYOL, H. Administração industrial e geral. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1990. 149p.

FERNANDES LCL, MACHADO RZ, ANSCHAU GO. Gerência de serviços de saúde:

competências desenvolvidas e dificuldades encontradas na atenção básica. Ciência e Saúde

Coletiva. [Internet]. 2009;14:1541-52.

FLEURY, S.; CARVALHO, A. I.; MANOTAS, N.; BLOCH, R.; NEVARES, S. Municipalização

da saúde e poder local no Brasil. Revista de Administração

Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 5, p. 1–15, 1997.

FLEURY, A.C.C, Fleury MTL. Competência e aprendizagem organizacional e estratégias,

aprendizagem e competências empresariais In: Ruas R. Estratégias empresariais e formação de

competências. São Paulo: Atlas; 2001. p. 18-60.

FRAGELLI, TBO. Análise das Competências Profissionais no Núcleo de Apoio à Saúde da

Família.. Tese (Doutorado) Faculdade de Ciências da Saúde, UNB – DF. 2013. 176 p.

HORTA NC, SENA, R, SILVA M.E.O, OLIVEIRAS.R.R. , REZENDE, V.A. A prática das

equipes de saúde da família: desafios para a promoção de saúde. RevBras enferm.2009;62(4):524-

LIMA, V.V. Competência: distintas abordagens e implicações na formação dosprofissionais

de saúde. Interface - Comunic.,Saúde, Educ., v.9, n.17, p.369-79, 2005

LUNA, S.M.M. Perfil dos Gestores Municipais de Saúde do Estado de Mato Grosso. Cáceres

[MT]: Editora Unemat, 2008. 134p.

MARINHO, A.; FAÇANHA, L. O. Hospitais universitários: avaliação comparativa da eficiência

técnica. Rio de Janeiro IPEA, 2001.

MATUS, Carlos. Adeus, senhor Presidente. Governantes governados.São Paulo: Edições

Fundap, 1996a.

MATUS, Carlos. Estratégias políticas:Chimpanzé, Maquiavel e Gandhi. São Paulo: Edições

Fundap, 1996b.

MATUS, C. Política, planificação e governo. Brasília: Ipea, 1996c.

MARX, K. O capital. Vol 1 Coleção os Economistas. São Paulo: Abril Cultural, 1997 (primeira

edição em alemão 1868).

MEHRY, E.E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo, Hucitec, 2002.

MENDES. G. RB. Tecnologias e organização social das práticas de saúde: características

tecnológicas de processo de trabalho na rede estadual de centros de saúde de São Paulo. São

Paulo: Hucitec; 1994.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 3. ed. São Paulo:

HUCITEC; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1994.

MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: Estrutura em cinco configurações. São Paulo:

Atlas, 1995. 304p.

MOTTA, P. R. Administração da decisão: razão e intuição. In: .Gestão contemporânea: a ciência e

a arte de ser dirigente. São Paulo: FGV, 1997.

PAIM, J. S.; TEIXEIRA, C. F.Política, Planejamento & Gestão em Saúde; balanço doestado da

arte.Revista de Saúde Pública, número especial, São Paulo, SP, 2007. p. 73-78.

PASSOS, J.P. A utilização de indicadores na prática gerencial do enfermeiro em unidades básicas

de saúde. 2004. 175f. Tese (Doutorado). Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2004.

RIVERA, F.J.U. Por um modelo de formulação de políticas baseado no enfoque estratégico da

olanificação. In: Planejamento em Programação em saúde – um enfoque estratégico. São Paulo:

Cortez, 1989: 135-76.

ROCHA,A.A.R.M. O planejamento no cotidiano de uma instituição hipercomplexa:O caso da

SES/Sergipe.[Tese de doutorado].Salvador (BA): ISC/UFBA, 2008.

SILVA F. Competência Gerenciais: um estudo de caso em uma empresa do segmento óptico

mineiro. [Dissertação]. Belo Horizonte: Administração da Faculdade Novos Horizontes; 2009.

SOUZA, L.E.P.F, VIANA, A.L.D. Gestão do SUS: descentralização, regionalização e

participação social. in Sáude Coletiva: Teoria e Prática. Rio de Janeiro, Medbook, 2014.

SOUZA, L.E.P.F. O SUS necessário e o SUS possível: estratégias de gestão. Uma reflexão a

partir de uma experiência concreta. Ciência e saúde Coletiva 2009; 14(3) Rio de Janeiro, May/jun

SOUZA, A. C. et al. A educação em saúde com grupos na comunidade: umaestratégia facilitadora

da promoção da saúde. Revista Gaúcha de Enfermagem,Porto Alegre, v. 26, n. 02. p.147-153, ago.

TEIXEIRA, C.F.; MOLESINI, J. A. gestão municipal do SUS: atribuições e responsabilidade do

gestor do sistema e dos gerentes de unidades de saúde. Revista

Baiana de Saúde Pública. Salvador, v. 26, n. 1/2 , p. 29–40, jan./dez. 2002.

TEIXEIRA, C.F, VILASBÔAS, A.L Desafios da formação técnica ética dos profissionais das

equipes de saúde da família. In TRAD. L.A. (org). Família contemporânea e saúde: significados,

práticas e saúde pública. Rio de Janeiro. Editora Fiocruz, 2010: 133-156.

TESTA, M. Pensar em saúde.Porto Alegre, Artes Médicas / Abrasco,1992

VILAR, R. L. A. O estudo sobre o perfil dos gestores municipais de saúde do Rio Grande do

Norte. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Observatório de recursos humanos no Brasil: estudos e

análises. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 317-327

WITT, R. R. Competências da enfermeira na atenção básica: contribuindo à construção das

FunçõesEssenciais de Saúde Pública. 2005. 336 p. (Tese deDoutorado em Enfermagem em Saúde

Pública) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão

Preto, 2005.

Publicado

19-08-2025