MODELOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE: O SUS É ADEQUADO AO BRASIL?

  • ANA PAULA OLIVEIRA UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC.

Resumo

Estudo que objetivou verificar as diferenças entre os sistemas de saúde público, privado e público/privado e analisar se o SUS é adequado aos fatores sociais, econômicos e políticos brasileiros. Trata-se de uma revisão de literatura realizada na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Biblioteca Virtual Public/Publisher Medline (Pubmed). A busca de artigos ocorreu em abril e maio de 2017 com os descritores: Health Systems. Foram analisados 5 artigos que trouxeram a identificação dos três principais modelos assistenciais existentes no mundo. O Sistema de Saúde com financiamento oriundo de taxações e impostos com cobertura generalista, igualitário e universal.  O sistema de saúde inglês conhecido como National Health Service (NHS), e o SUS são exemplos dessa modalidade1. O segundo modelo é baseado na contratação de seguradoras públicas assegurando nível de cobertura específico e tendo como pilares a existência mútua do setor público e privado. Países como França, Alemanha e Estados Unidos possuem esse sistema. A terceira modalidade pode ser vista no Canadá, onde o governo é responsável pela captação dos recursos destinados à saúde. O sistema de assistência médica é financiado pelo sistema público e realizado pela esfera privada. Observamos, desde o início das políticas públicas de saúde, a existência mútua de um sistema público e privado na cobertura da saúde brasileira. O sistema anterior à reforma sanitária brasileira era fragmentado e desigual. A partir da década de 70, foram disponibilizados recursos para construção de hospitais privados e, ao se estabelecer a consolidação do SUS a estrutura do sistema de saúde era predominantemente voltada à oferta privada de assistência médica2. Isso consolidou um sistema privado sólido e de grande cobertura pelas seguradoras privadas de saúde3. A saúde suplementar no Brasil é discriminatória e através de desonerações fiscais de empresas privadas de saúde e renúncia fiscal de contribuintes com deduções no imposto de renda, acarreta perda de recursos impactando diretamente os gastos na atenção à saúde pública4. Os agentes privados de saúde se responsabilizam pela prestação de serviços mais lucrativos, deixando para o governo os cuidados que dispendem maiores recursos5. Assim avaliar a melhor forma de custeio desses gastos é saber avaliar demandas e expectativas dos usuários. Um setor público, já sobrecarregado e subfinanciado, não atende as demandas de saúde da população. A regulamentação imposta pela burocracia emperra a livre iniciativa para melhor solução de problemas. O SUS é um sistema definido como universal e integral, no entanto, esta não é a realidade atual. Gastos mal geridos assumem o protagonismo da administração, associados à alta tributação é o terreno fértil para que se avolumem reclamações dos usuários do SUS. Enquanto persistir a figura do estado brasileiro burocrático, a saúde em nosso país ficará relegada a segundo plano e ficaremos a mercê de medidas populistas que angariam votos, mas não resolvem a falta de financiamento da saúde no Brasil. Ao mudarmos essa realidade poderemos constituir um sistema público de saúde atuante que fará diferença na vida de cada cidadão brasileiro.

Biografia do Autor

ANA PAULA OLIVEIRA, UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC.
Possui graduação em Psicologia com ênfase em Saúde pela Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC. Cursa Especialização em Avaliação Psicológica e Mestrado em Biociências e Saúde desenvolvendo pesquisas na área de Promoção e Gestão em Saúde.

Referências

GENTRY, S.; BADRINATH, P. Defining Health in the Era of Value-based Care: Lessons from England of Relevance to Other Health Systems. Cureus, 6 mar. 2017.

PAIM, J. et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. The Lancet, v. 377, n. 9779, p. 1778–1797, maio 2011.

PORTO, S.M.; SANTOS, I. S.; UGÁ, M. A. D.; O mix público-privado no Sistema de Saúde Brasileiro: financiamento, oferta e utilização de serviços de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, n. 5, p. 1431–1440, 2008ª.

OCKÉ-REIS, C. O.; SOPHIA, D. C. Uma crítica à privatização do sistema de saúde brasileiro: pela constituição de um modelo de proteção social público de atenção à saúde. Saúde em Debate, v. 33, n. 81, p. 72–79, 2009.

CARLSON, V. et al. Defining the functions of public health governance. American Journal of Public Health, v. 105 Suppl 2, p. 159-166, abr. 2015.

Publicado
16-02-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde