ESTUDO DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO SISTEMA PRISIONAL DE CHAPECÓ – SC

  • Marcos Vinicius Perez Lovatto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Samuel Jose Volpatto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Tamíres Hillesheim Mittelmann Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Maíra Rossetto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Joanna d'Arc Lyra Batista Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Resumo

O sistema prisional brasileiro apresenta significativas taxas de superpopulação, o que afeta de forma direta a ocorrência de agravos em saúde, como as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): sífilis, hepatites, HIV; e outros tipos de infecções como a tuberculose. As possibilidades de transmissão são potencializadas devido à presença de fatores predisponentes nesses ambientes, como: inadequada ou incompleta assistência em saúde, espaço físico reduzido, heterogeneidade dos indivíduos, fatores comportamentais, entre outros. Nesse sentido, desenvolvemos uma pesquisa que tem por objetivo investigar a ocorrência e fatores associados às doenças transmissíveis, especialmente hepatites virais e sífilis, no Complexo Penitenciário de Chapecó-SC. Ademais, outros objetivos são: descrever as características demográficas, sociais e relacionadas à saúde dos detentos em cada unidade do sistema prisional (presídio, penitenciária agrícola e penitenciária industrial) do município de Chapecó; observar como se dá a dinâmica de transmissão dessas infecções dentre os sujeitos de pesquisa e identificar a necessidade de realização de outros projetos de pesquisas e extensão na área da saúde. Em relação à metodologia, inicialmente será feito um estudo de prevalência para hepatites B e C, sífilis, HIV e tuberculose com dados do Infopen da penitenciária agrícola, da penitenciária industrial e do presídio regional de Chapecó. Posteriormente será feita uma coorte para acompanhamento de alguns desses indivíduos. Serão avaliados os aspectos de saúde relativos às infecções transmissíveis, com foco na sífilis e nas hepatites B e C, a avaliação de fatores de risco associados e o acompanhamento dos detentos para verificar a incidência de novas infecções. O local de estudo é o município de Chapecó e a população de estudo será composta pelos detentos que estiverem cumprindo pena nas penitenciárias do sistema prisional de Chapecó ou que estiverem encarcerados no presídio aguardando julgamento. Na coorte os casos serão indivíduos infectados por vírus e bactérias transmissíveis (sífilis, HIV, tuberculose e hepatites B e C) comprovados por exames sorológicos ou bacteriológicos. Parte dos dados será obtida através de entrevistas num estudo qualitativo aninhado à coorte e essa análise qualitativa dos dados dar-se-á pela análise temática. As variáveis independentes serão coletadas a partir de prontuários e através de entrevista, informações sociodemográficas, medidas antropométricas e dados clínicos como hipertensão e outras comorbidades para avaliar a associação das mesmas com os desfechos estudados (infecções transmissíveis). Em relação aos resultados esperados, a pesquisa poderá oportunizar a construção do conhecimento sobre doenças transmissíveis no sistema prisional, possibilitando a adoção de melhorias nos cuidados prestados aos apenados, adequações nas estruturas físicas da unidade e nas práticas dos profissionais que trabalham na instituição. O Complexo Prisional de Chapecó receberá relatórios finais de cada etapa da pesquisa com os resultados para auxiliar em políticas de saúde dentro da unidade de saúde. Conclui-se reiterando que pesquisas em populações prisionais não são frequentes devido aos entraves éticos e legais, reforçando a relevância desse tipo de estudo para a melhoria da situação de saúde dos apenados. Também, constitui-se um importante espaço formativo dos estudantes do curso de Medicina, contribuindo para a ampliação do olhar sobre a saúde e seus determinantes individuais e sociais.
Publicado
16-02-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde