MICRORGANISMOS RESISTENTES À COLISTINA E CARBAPENÊMICOS NA UTI DO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE (HRO) DE CHAPECÓ, SANTA CATARINA, BRASIL
Resumo
Logo após a descoberta da penicilina, na década de 40, pelo ganhador do Nobel, Alexander Fleming, surgiram as primeiras cepas bacterianas resistentes. De forma visionária, ele mencionou que a ampla disponibilidade e o uso indiscriminado dos antibióticos acabaria por selecionar estas cepas, tornando este fato um problema de saúde pública e foi justamente o que ocorreu. Logo em seguida, isolaram-se outras cepas, como a MRSA (methicillin-resistant Staphylococcus aureus) nos anos 1960 e a ERV (Enterococcus vancomicina resistentes) na década de 1980. Surge também a resistência aos antibióticos betalactâmicos (incluindo penicilinas, cefalosporinas, aztreonam e carbapenemas) mais frequentes em enterobactérias predominantes dos gêneros Klebsiella, Serratia, Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Salmonella, Proteus, Morganella, Acinetobacter e Pseudomonas. Soma-se a isso o fato de que esses plasmídeos, que contêm o gene blaKpc, frequentemente transportam genes que também codificam resistência aos aminoglicosídeos, sulfas e fluorquinolonas. Para minimizar este problema, os antibióticos da classe das polimixinas, como a colistina voltaram a ser utilizados. Estes foram introduzidos na terapêutica ainda na década de 40, mas por sua toxicidade foram inutilizados. Várias bactérias possuem mecanismos de resistência intrínseca, ou cromossomal às polimixinas, e de forma preocupante, agora vemos a crescente disseminação da resistência mediada por plasmídeos, associados ao gene mcr-1. O próximo cenário é que bactérias mais prevalentes produtoras de carbapenemases como a Klebsiella pneumoniae também possam adquirir esses genes de resistência à polimixina. Uma vez que o tratamento ainda segue a associação de ambas classes medicamentosas, teremos infecções de difícil manejo. O objetivo deste projeto é realizar um levantamento epidemiológico em relação às infecções hospitalares que apresentam multirresistência aos carbapenêmicos e à colistina no setor da UTI do Hospital Regional do Oeste (HRO) de Chapecó - SC (no período de 2015 a 2017, onde há um melhor registro; idade; patologia; microrganismo isolado; uso de dispositivos invasivos; uso de antibióticos; internações anteriores; tempo de internação e genes de resistência), por ser um setor de maior controle e de notificação obrigatória à Anvisa. Os discentes têm acompanhado as rotinas de trabalho dentro do SCIRAS (Serviço de controle de infecções relacionadas à assistência à saúde) do HRO, realizando os levantamentos por meio de prontuários e programas de notificação à Anvisa, além de consultas aos registros de exames laboratoriais e rotinas empregadas para a identificação da resistência à polimixina, o que não é algo fácil de ser realizado. Para a classificação de infecções tem-se utilizado os Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde da Anvisa de 2017. Para o período de 2015, das 199 infecções analisadas, encontrou-se até o momento uma prevalência de 52,2% de infecções causadas por K. pneumoniae em diversos sítios, seguida por Pseudomonas aeruginosa (13,5%) e Acinetobacter baumannii (8,5%), sendo altamente resistentes aos medicamentos disponíveis, entre eles cefalosporinas, carbapenêmicos e colistina. Conclui-se que a infecção hospitalar é um problema que deve ter uma maior consideração. Os estudos epidemiológicos são importantes, pois auxiliam a criação ou o reforço de maneiras mais efetivas de prevenção a esse importante problema da assistência à saúde.