OFICINA DE SAÚDE INDÍGENA, PLANTAS MEDICINAIS E PREPARO DE FITOTERÁPICOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Leonardo Christian da Silva Maia Universidade Federal de Pelotas
  • Míriam Cristiane Alves Universidade Federal de Pelotas
  • Marlon Deleon Dias de Oliveira Universidade Federal de Pelotas
  • Ingrid Miriam de Oliveira Universidade Federal de Pelotas

Resumo

O presente estudo tem como objetivo relatar o processo de realização de uma oficina sobre saúde indígena, plantas medicinais e preparo de fitoterápicos para professores de educação básica e estudantes universitários. Trata-se de um relato de experiência resultante de uma atividade acadêmica desenvolvida no contexto da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), durante um evento "Questões étnico-raciais e ações afirmativas na sala de aula - diálogos e perspectivas", promovido pelo projeto "Cotas: um diálogo afirmativo entre a universidade e a escola" do curso de História da UFPEL, financiado pelo PROEXT\MEC. A oficina teve como cenário o auditório da escola Técnica Estadual João XXIII, localizada no município de Pelotas/RS. Ela foi composta por trinta ouvintes, tendo quatro facilitadores, todos estudantes do curso de medicina da UFPEL, sendo dois destes indígenas, e realizada em parceria com o NETA (Núcleo de Etnologia Ameríndia) e a LASPOVUS (Liga Acadêmica de Saúde das Populações em Vulnerabilidade Social), ambos da UFPEL. Contou com uma carga horária total de 4 horas, sendo 3 horas de atividades teóricas dedicadas ao ensino de história, políticas públicas e estrutura da saúde indígena no Brasil, perspectivas da saúde e do cuidado na visão ameríndia, cosmologia e mito, processo saúde-adoecimento das comunidades indígenas, conceitos gerais de plantas medicinais, exposição de algumas plantas medicinais importantes (identificação, propriedades, indicação e uso); e, 1 hora de atividades práticas no ensino de preparo de fitoterápicos – chá, xarope, decocção, infusão, sumo, tintura e pomada. O referencial teórico-epistemológico para construção e facilitação da oficina foi o pensamento dialético de Paulo Freire. As relações foram estabelecidas por meio do diálogo na relação educador e educando (locutor – ouvinte), constituindo um espaço de compartilhamento de conhecimentos e afetos, de reflexão e vivências. A participação de acadêmicos indígenas na oficina, relatando suas vivências e conhecimentos tradicionais, foi fundamental para a quebra de estereótipos e preconceitos sobre a população indígena no Brasil. A proposta da oficina atende a Portaria nº 254/2002 do Ministério da Saúde que preconiza o ensino de saúde indígena e a formação de recurso humano nessa temática; e a Lei 11.645/2008 que trata da obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira e indígena na educação básica. Não obstante, faz-se necessária a ampliação e o caráter continuado e institucional da oficina no contexto da UFPEL, com o propósito de qualificar a formação profissional nas áreas da saúde, haja vista que as matrizes curriculares dos cursos, em sua maioria, não contemplam as temáticas em torno da saúde indígena e suas terapêuticas tradicionais. Bem como, oportunizar a extensão universitária para profissionais das redes públicas de ensino e de saúde do município de Pelotas/RS.

Biografia do Autor

  • Leonardo Christian da Silva Maia, Universidade Federal de Pelotas
    Graduando em medicina pela Universidade Federal de Pelotas. Membro da Liga Acadêmica de Saúde das Populações em Vulnerabilidade Social - LASPOVUS; Membro do diretório acadêmico Naum Kaiserman; Liderança jovem da comunidade indígena Tuxá Setsor Bragagá.

Referências

STAVENHAGEM, Rodolfo. Conflictos étnicos y estado nacional. Consejo Nacional Para La Cultura Y Las Artes y El Fondo de Cultura Económica. México, 2000.

OLIVEIRA, Paulo Edson de; NASCIMENTO, Luis Felipe da Silva. Etnodesenvolvimento: Bases iniciais da Economia solidária brasileira. COPPE UFRJ: FACQ/RS: CONAQ/RS, 2010.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 19ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.

Portaria nº 254/2002 do Ministério da Saúde. Disponível em http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/Pm_254_2002.pdf. Acesso em 20/10/2017

Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Acessado em 20 de jul. 2016. Online. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm>.

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Publicado

19-08-2025