GESTÃO DE CONFLITOS E COMBATE ÀS MANIFESTAÇÕES DE VIOLÊNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE BARCARENA – PARÁ – BRASIL.
Resumo
Partindo da constatação que a violência é um problema global de saúde e que sua prevenção deve envolver estratégias de intervenção em vários níveis, o presente estudo realizado em três escolas da rede pública do Município de Barcarena objetivou investigar como as referidas escolas se articulam internamente na gestão de conflitos e no combate às manifestações de violência em contexto escolar, a partir da compreensão de seis categorias de análise: segurança-insegurança, relações interpessoais entre os atores escolares, gestão de conflitos e violência em meio escolar, fatores propiciadores de uma boa convivência escolar, gestão da sala de aula e relação entre poder central e escola na gestão de conflitos e combate à violência. O método de análise utilizado foi o dialético, através dos seus princípios básicos: totalidade, historicidade, complexidade, dialeticidade, praxidade e cientificidade. O estudo caraterizou-se como uma abordagem mista, fazendo-se uso do questionário a 612 alunos, da entrevista estruturada aplicada a 63 professores e 15 componentes das equipes gestoras. Os resultados indicaram que para a maioria dos professores, gestores e alunos os espaços da escola são vistos como seguros, ao contrário do seu entorno, onde prevalece um clima acentuado de insegurança, principalmente devido ao tráfico de drogas e suas consequências. Constatou-se que paira ainda nas escolas uma visão significativa do conflito negativo e uma relação direta entre conflito e violência, sendo muito comum os pais serem culpabilizados pelas suas manifestações. Acreditam a maioria dos atores que devem ser cultivadas relações de convivência justas, mediadas pelo diálogo, com professores e equipes gestoras competentes e afinadas com alunos e comunidade e que as intervenções partilhadas devem ultrapassar o espaço da sala de aula envolvendo a participação efetiva da comunidade, cujo objetivo maior diz respeito ao pleno desenvolvimento do aluno. Os dados também apontam para a existência de uma guerra declarada entre o poder central e os atores escolares, fato que tem incompatibilizado a relação estrutura e ação e as suas múltiplas imbricações e interdependências. Diante das constatações os pesquisadores propõem algumas recomendações que podem somar-se às linhas condutoras de atuação de políticas públicas: As intervenções devem estar respaldadas numa abordagem global de combate à violência que pressupõe a participação ativa dos membros da escola, da comunidade e das mais diversas organizações locais; torna-se necessário dar visibilidade aos diversos projetos desenvolvidos pelas escolas, através da construção de redes ligadas a outras escolas do município, fortalecendo os laços de solidariedade e aliança; as redes entre escolas devem estar integradas noutras redes de maior abrangência, como a Rede Integral de Proteção de Crianças e Adolescentes; torna-se necessária a formação de uma relação orgânica entre universidades e escolas que englobe o conhecimento produzido na academia e o conhecimento produzido pelos atores escolares. Finalmente, que as escolas sejam autônomas para combater o desequilíbrio e a insegurança, sendo as principais protagonistas de suas ações diante dos problemas de saúde em contexto escolar.
Palavras-chave: Atores escolares. Gestão de conflito. Violência. Intervenção. Saúde.