Mente Ativa - Oficina de Saúde Mental de Paraíso/SC

  • Solange Kappes Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECO

Resumo

Este resumo sintetiza o desenvolvimento da Oficina de Saúde Mental, intitulada Mente Ativa, do Município de Paraíso/SC. Quando se trata de saúde mental, é sabido que, historicamente, as pessoas com essas demandas eram atendidas em hospitais psiquiátricos/manicômios e asilos, por intermédio de técnicas e instrumentos terapêuticos invasivos. Com a desinstitucionalização, luta da Reforma Psiquiátrica, objetivou-se principalmente preservar a subjetividade e a individualidade dos sujeitos, reconhecendo e respeitando suas histórias de vida, cultura e relações interpessoais, possibilitando acesso a serviços mais criativos e maleáveis às necessidades de cada um. O projeto da Oficina Mente Ativa, trata da estruturação de um trabalho de grupo, com o objetivo de atender a população que necessita de cuidados em saúde mental, oferecendo uma escuta ativa e qualificada e atividades para o desenvolvimento de suas potencialidades. A metodologia de desenvolvimento da oficina inclui: visitas domiciliares, rodas de conversa com a Psicóloga e a Assistente Social, práticas corporais com a Fisioterapeuta, além de atividades manuais de artesanato e jogos para grupos. A oficina Mente Ativa, existe desde 2011, na ocasião com 8 participantes assíduos. Atualmente, permanece com os mesmos participantes que iniciaram em 2011 e outros que se inseriram com o passar dos anos. Como resultados alcançados, compartilhamos a experiência de dois participantes, que tiveram seus nomes modificados considerando os preceitos éticos. Tomemos por exemplo o caso de Diana, uma jovem de 32 anos, que desenvolveu uma gravidez psicológica. A paciente chegou na UBS com sintomas de trabalho de parto. Durante os meses que antecederam ao episódio realizou dois exames laboratoriais com resultados negativos. O ultrassom comprovou a inexistência de feto. Antes da “gestação”, Diana apresentava alucinações e dizia ver e ouvir pessoas rodeando sua casa. Foi para tratamento Psiquiátrico em 2011. Outro paciente, Ari, 48 anos, irriquieto, ansioso, sem fazer a higiene, automutilação provocando coceiras e tirando a pele, pouco dormia, não se alimentava. A família não suportava mais, pois Ari tinha medo de ficar sozinho e até no banho queria ser acompanhado. Ficou hospitalizado em ala Psiquiátrica, porém, ao retornar ao lar, nem a família nem ele, levaram a sério o uso correto da medicação, sendo que a situação voltou agravada. Com a participação na oficina, semanalmente recebendo orientações sobre a importância da medicação, o apoio fundamental dos familiares que participaram das reuniões, atividades lúdicas, acolhimento e escuta qualificada e a própria coletividade favoreceu o (re)conhecimento de suas doenças, aos poucos, a confiança e o vínculo com a equipe foi estabelecida. Assim, em curto prazo de atividades semanais ininterruptas, a paciente Diana compreendeu a esquizofrenia, sentindo-se segura em verbalizar sobre a necessidade da medicação, além da continuidade de um cotidiano com alegria e convivência familiar e social. Ari, que antes não conseguia ficar em casa sozinho, quiçá sair de casa, hoje participa ativamente alegre, percebendo seu valor. Desde o início da oficina até os dias de hoje, apenas dois paciente voltaram à internação, porém, além do transtorno mental estava associado o uso de álcool.

Publicado
23-02-2018
Seção
Saberes e Práticas de Atenção à Saúde