MELHORIA DA QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE CAUSAS DE MORTE NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ/SC NO PROJETO GARBAGE

  • Isabel Cristina dos Santos Oliveira Secretaria Municipal de Saúde de São José/SC Centro Universitário Estácio de Santa Catarina - Campus São José/SC
  • Thayse de Paula Pinheiro Secretaria Municipal de Saúde de São José/SC
  • Daniela Eda Silva Secretaria Municipal de Saúde de São José/SC

Resumo

Resumo Objetivo: Essa pesquisa tem como objetivo avaliar e qualificar as causas pouco úteis dos óbitos. O município de São José/SC aderiu ao Projeto Garbage, após convite da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde – DIVE/SES. Este projeto é uma ação conjunta do Ministério da Saúde, Universidade Federal de Minas Gerais, Organização Panamericana de Saúde, Fundação Bloomberg e Universidade de Melbourne/Austrália, e caracteriza-se por classificar as causas pouco úteis, chamadas códigos Garbage, onde é utilizada uma Lista de códigos criada pelo Dr. Mohsen Naguavi, intitulada Lista Naguavi 2015, que vão além do Capítulo XVIII comumente utilizado como causas mal definidas de óbito. Método: Como primeira ação verificou-se o total de óbitos com códigos Garbage dos meses de Janeiro a Julho de 2017, totalizando 45 óbitos. Como critério de amostra definiu-se investigar óbitos hospitalares/estabelecimentos de saúde de ocorrentes e residentes no município de São José. A seguir, analisou-se todas as Declarações de Óbito/DO com erro de digitação e/ou codificação, separando todas as DOs que realmente necessitariam investigação anexando a nova Ficha de Investigação de Óbito (Códigos Garbage) – Hospitalar. Como segunda estratégia, priorizou-se o contato com os Grupos técnicos de Mortalidade das instituições onde haviam óbitos com códigos Garbage: Instituto de Psiquiatria/IPQ, Hospital Unimed, Hospital Regional de São José DR. Homero de Miranda Gomes e Instituto de Cardiologia de Santa Catarina/ICSC. Desta forma, seria possível apresentar o Projeto Garbage, conhecer como se dá o processo de trabalho desses núcleos e solicitar a parceria no processo de investigação apresentado, além de divulgar e incentivar o uso do aplicativo AtestaDO. Todas as investigações foram analisadas e validadas por um médico da diretoria de Vigilância Epidemiológica da SES. Para que as investigações sejam um processo contínuo criou-se uma Comissão de Análise de Óbitos com profissionais da Atenção Básica: Saúde da Mulher, Saúde da Criança, Ginecologista, Pediatra e profissionais da Vigilância Epidemiológica (Portaria Municipal em fase de homologação), onde, pela primeira vez, o município contará com um espaço intersetorial de qualificação de óbitos. Resultados: Dos 45 óbitos Garbage 100% foram investigados. Desses, 09 DOs (20%) foram recodificadas e/ou redigitadas. Pós investigação 17 óbitos continuaram Garbage (37,77%) e 28 óbitos com causa bem definida (62,23%). Houve maior frequência de óbitos com causas básicas do Capítulo IX: Doenças do Aparelho Circulatório (CID 10) com 20 óbitos não Garbage pós investigação (44,44%). Conclusão: Percebe-se a necessidade de qualificar todo o processo dos dados em mortalidade. Alguns fatores são imprescindíveis como: Preenchimento adequado das Declarações de Óbito com capacitação permanente dos profissionais médicos, análise dessas DOs pelos grupos técnicos de Óbito, e o olhar atento dos profissionais que codificam, digitam e analisam o banco de dados. Acredita-se que a criação da Comissão de Análise de Óbitos também contribuirá para essa melhoria. Toda essa trajetória se faz necessária para que se tenham dados reais, tão necessários para o investimento correto dos recursos em Políticas Públicas eficientes e efetivas no Brasil.



Biografia do Autor

Isabel Cristina dos Santos Oliveira, Secretaria Municipal de Saúde de São José/SC Centro Universitário Estácio de Santa Catarina - Campus São José/SC
Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (2000), graduação em Licenciatura Em Enfermagem pela mesma universidade, com Especialização em Gestão dos Serviços de Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002) e em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ/Ministério da Saúde (2003), Especialização em Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008) e Mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Tem experiência na área de Saúde Coletiva, com ênfase em Programa de Saúde da Família, atuando principalmente nos seguintes temas/áreas: cuidado em saúde; promoção e educação em saúde; formação profissional e planejamento, controle, avaliação e regulação e humanização, epidemiologia, além de ter sido formadora do primeiro curso de formação de apoiadores institucionais para a humanização da atenção e gestão do SUS em Santa Catarina e tutora da especialização em Saúde da Família - Educação a distância - UNASUS - Universidade Federal de São Paulo - Unifesp nas três primeiras edições do curso: 2011, 2012 e 2013 e orientadora do mesmo curso no Programa Mais Médicos no ano de 2015. Atuou de fevereiro de 2008 até outubro de 2014 no Setor de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde de São José/SC e no Setor de Sistemas da Vigilância Epidemiológica deste município como enfermeira efetiva coordenadora desde novembro de 2014, e é professora adjunta de Enfermagem do Centro Universitário Estácio Santa Catarina - campus São José/SC com inicio das atividades em 2011.
Publicado
16-02-2018
Seção
Planejamento e Gestão dos Sistemas de Saúde