IMIGRANTES HAITIANOS EM CHAPECÓ (SC): ACESSO E ATENÇÃO À SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
Resumo
Objetivo: analisar o acesso e o cuidado em saúde aos imigrantes haitianos na atenção básica em Chapecó, SC. Método: a cartografia, realizada a partir da visão dos trabalhadores da saúde, foi utilizada para mapear a atenção em saúde dos haitianos residentes na cidade. O cenário de pesquisa foram seis Unidades Básicas de Saúde (UBS), localizadas nos bairros que concentram o maior número de moradores haitianos. Nas UBS, a produção de dados consistiu em 3 etapas. Primeiramente foram realizadas 6 entrevistas semiestruturadas com as coordenadoras das UBS. No segundo momento, realizamos 6 rodas de conversa com os trabalhadores de cada uma das UBS participantes da pesquisa. E por último, 5 oficinas de grupo com os trabalhadores de cada uma das UBS participantes da pesquisa. Cada um destes momentos foi guiado por um roteiro semiestruturado. No total, a pesquisa contou com a participação de 172 trabalhadores atenção básica do SUS, incluindo agentes comunitários de saúdes, auxiliares administrativos, auxiliares de enfermagem, auxiliares de saúde bocal dentistas educadores físicos, enfermeiras, farmacêuticos, médicos, nutricionistas, psicóloga e técnicos de enfermagem. Além destas estratégias, realizamos observações no cotidiano (registradas em diários de campo) e uma pesquisa documental (realizada no portal eletrônico da Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó). Resultados: Os dados da pesquisa foram organizados em formato de rizoma, entendido como um conjunto de linhas ou lineamentos, que não tem início ou fim, é aberto, é conectável em todas as suas dimensões. Na realidade observada, os haitianos têm garantia legal de acesso e atenção aos serviços do SUS. No entanto, a partir das percepções e práticas dos trabalhadores da saúde percebemos que não estão sendo consideradas as necessidades e especificidades desta população imigrante. Tais desconsiderações interferem negativamente na criação e estabelecimento de vínculo entre haitianos e trabalhadores. Conclusão: para superar os desafios trazidos pela população haitiana aos serviços de saúde é imprescindível a criação de estratégias conectadas, de esforços coletivos e ações planejadas que busque atender de maneira integral os imigrantes haitianos. Cuidar e pensar um acompanhamento integral implica em abandonar o atendimento fragmentado, isolado, voltado apenas para as demandas pontuais – a necessidade de realização de vacina, acompanhamento de pré-natal ou tratamento de alguma dor. Entendemos que para atender de maneira integral estes novos usuários é necessário que os trabalhadores tenham uma postura livre de juízos de valor e uma compreensão macro dos imigrantes.
Referências
Não se aplica.